Capítulo Vinte e Seis

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            O homem de ombros largos, sobe o Paço com uma flor branca, enquanto a jovem sai da igreja, o encara ele a olha atentamente os seus olhos cor de mel derretem-se de encontro dos seus da cor de chocolate. Caminha elegantemente até ao portão ferrugento, devido às intempéries:

— Vasco. — O chama com a sua voz doce.

Desce devagar as escadas de pedra, sentindo uma enorme necessidade de fugir daquele lugar, talvez procure a paz interior que há muito perdeu.

Inês já não sabe em quem confiar se dá uma oportunidade ao Vasco e ao seu amor, embora; não lhe pareça sincero, ou se vai acreditar em seu irmão, que sempre a protegeu pois não se quer desiludir consigo mesma e em algum futuro imprevisível buscar uma coragem que sabe que não a tem e abandonar a sua aldeia que tanto gosta. Por isso, tem conhecimento de que a sua situação é bastante complicada.

Ele, por sua vez, sobe as escadas, sai do cemitério, fecha o portão atrás de si, caminha elegantemente até ela.

— Diz? — Inquire sorrindo, — o que me queres?

A moça pensa que toda a sua coragem que tinha em antes se evapora, sem coragem para continuar, pois; teme que ele se ria dela por ser demasiado infantil. Contudo, precisa de ter a certeza se pode confiar nele, sendo fundamental para si. Para o efeito, nada melhor do que tirar as suas dúvidas de uma vez por todas.

— O quê exatamente sentes por mim? — Inquire o surpreendendo — preciso mesmo de saber — pausa — pode parecer estranho — engole em seco, – Ok! —Ele matuta em silêncio, cruza os braços — confesso, mas é muito importante... — pausa —sabes, que eu sou inexperiente — sopra o ar — mas preciso de saber se isto...

Vasco necessitava de a calar de alguma forma, sabe que no fundo ela tem razão, mas havia vários problemas a resolver, aproxima-se dela sorrateiramente, a abraça e a envolve nos seus braços, a beija delicadamente. Ela, por sua vez, corresponde ao beijo, ou pelo menos tenta.

— O quê foi isto? — inquire assustada.

Ele prende a sua cabeça entre as mãos, a faz encara-lo. Matuta em silêncio, entristece pelo motivo, de Inês ter tantas dúvidas, mas sabe que é prudente as ter, pois ele próprio também as tinha, por isso é legítimo, aceita pacificamente as suas dúvidas. O próprio não tinha a resposta para as suas perguntas, sabia que um calor lhe nascia dentro de si mesmo, mas não tinha nome.

— Não sei — pausa. — Não sei o que sinto por ti...— Suspira pesadamente —estou bastante confuso — é o mais fácil dizer-se. — Às vezes penso em ti — apesar de tudo sorri — algo de novo nasce em mim.

Talvez não devesse dizer aquilo, daquela forma, talvez fosse brusco, mau, pois teria quase a certeza daquilo que Inês sentia por ele.

— Eu não sei explicar — pausa — és uma excelente pessoa não te quero enganar.

Era difícil para si acreditar que ouvia aquelas palavras da sua boca, de uma coisa tem a certeza, está apaixonada cada dia mais, precisa dele para viver como do ar que respira.

— És fantástica.

Tenta recompor-se após tantos elogios, é preciso ser-se de ferro. Não sabe o que responder, encara o chão com a vergonha.

*

Fernando anda de um lado para o outro no seu quarto pensante, arruma os seus fatos no porta-fatos, os seus livros numa mochila, os códigos em Tróleis e o resto nas malas, tem de se despachar, se quer sair dali o mais rápido possível. Os soluços audíveis que vêm da sala são cada vez mais altos e mais audíveis, o incomodando nunca chegara a pensar que sua noiva o magoasse tanto, partia-lhe a alma, feria o seu orgulho de homem. Agora; estava a armar-se em vítima:

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora