Capítulo Trinta e Um

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            A noite de estio, o calor acima dos trinta graus os empregados de S. Clara permanecem sentados à porta de suas casas, enquanto Fernando continua a sua prolação com a sua voz grutesca:

— Joana — suspira — gosto muito de te ter cá em casa — engole em seco — porém, já chega. Quero que te vás embora, agora.

O juiz sai em sua defesa. Sabe que Fernando não anda bem, desde que chegou, não é normal que ele passe tanto tempo em casa. Ele que gosta tanto daquela aldeia, de se sentir livre, andar a cavalo, era raro para Fernando parar em casa.

— Joana, a tua prima, está aqui para fazer companhia à tua mãe que anda muito só. — Explica o doutor com a voz carregada de sarcasmo, devido à falsa modéstia e compaixão com Júlia. — Coitada!

Júlia engole em seco, e encara o chão pois sabia há imenso tempo o papel de sua sobrinha, em sua casa.

— Está-se a tornar numa rotina, pai — suspira — ou ela, ou eu— bate irritado na mesa — agora escolha... — encara o chão pensante, por um longo período de reflexão — para que o pai não pense que sou mau de todo, vou-lhe atribuir quarenta e oito horas para pensar.

*

Vasco caminha depressa, sobe as escadas em pedra entra na varanda, ainda que fosse um erro estar ali. Entra na cozinha em pedra, caminha através do enorme corredor até ao salão, sobe sem fazer barulho. Em seguida, entra em um grande vestíbulo, a senhora de camisa de seda o espera sentada à borda do leito.

— Ah, estava a ver que não vinhas?

O jovem sorri de lado, aproxima-se dela:

— Não era capaz de faltar a uma promessa...

Ela agora de pé, perto da cama, tomada pelos braços fortes, quando se lembra de um detalhe importante.

— Vasco! Espere... eu já não sou virgem, — informa-o, ele sorri — aliás, tenho uma filha.

Ele a beija no pescoço, Úrsula tomba a cabeça para lhe dar mais acesso à sua tarefa. Vasco murmura algo:

— Eu não ando atrás de uma virgindade — pausa, pensa em Inês, sacode a cabeça para que se impeça de pensar nela, pelo menos ali.

Não é correto, nem ético pensar-se noutra mulher, quando se está prestes a ter um momento íntimo com alguém, aliás Úrsula não tem de saber sobre as suas intenções, puxa pelo cinto do seu roupão e beija-la no colo.

— Hum — geme. — Oh meu Deus.

Enquanto desaperta lentamente o botão das suas calças e as desce, sorri com os seus olhos aguados, brilhantes vendo o seu mastro ali solto e pulsante, cai de joelhos diante daquele monumento duro e firme, torneado de carne e o massaja, abre a sua boca delicada, audaz e precisa engole a trave, ou tenta uma vez que a sua boca é pequena demais, ele fecha os olhos entregue ao prazer, solta um gemido grutesca vindo do fundo da sua garganta, os seus olhos estavam mais cinzentos que nunca.

O galo Cacarejo canta, indica que é meia noite. A jovem dorme no silêncio de seu quarto, como nunca passeia pelos seus sonhos infantis. O campo, a rapariguinha corre de braços abertos entre o milho pela mão de uma senhora que traja um vestido azul.

«Matilde, olha para mim» pede com insistência aquela senhora jovial quase a obriga. «Só temos cinco minutos.»

A pastora estremece roda na cama, suada. A jovem estava com o vislumbre de sua mãe, morta já mal sonhava com ela. Abre os seus olhos, e encara o quarto escuro ainda, ao longe ouve o Cacarejo na capoeira de Capitolina.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora