Capítulo Trinta e Quatro

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A jovem estava trancada no quarto desde que chegou a chorar incontroladamente, 'como se não houvesse amanhã', por ter acreditado nele pois sabia que se tratava de Vasco e as coisas com ele nunca correm bem, já que não era de confiança. Ora, tal estado preocupa muito dona Constança, sua mãe, que bate à sua porta:

— Inês — entra no comodo vendo a sua filha a desabar — que se passou?

A rapariga soluça estranhamente rouca limpa as lágrimas e declara:

— O mesmo do costume — fala num fio de voz falha.

A mulher senta-se a seu lado, faz-lhe uma festa na cabeça e em seguida, inquire como se não soubesse de toda a verdade:

— Vasco? — Pausa — ele não vale a pena.

Inês perscruta em silêncio, de facto assustada a encara nos olhos sabia que ele não a merece mesmo assim, não consegue parar de se sentir atraída por ele, parece que ele tem algum poder sobre si. Aquela posição incomoda um pouco a jovem doce, a sensação de que sua mãe sabe, deixa-a muito agitada por desconfiar que seu irmão já deve de saber. Engole em seco:

— Mas... Mas..., mas como — a senhora sorri — a mãe sabe? — pausa — então Santiago também sabe?

— Não! Ele não sabe — assegura-lhe Constança — sei por que uma mãe conhece o seu filho, sabe sempre o que sentem. — Tenta acalma-la — sei que andas distraída demais para o meu gosto — pausa — e essa distração tem nome e sobrenome: Vasco Ataíde.

Inês pensa numa estratégia para que a sua mãe perceba o seu ponto de vista:

— Mãe, eu estou muito confusa...— pausa — afinal, trata-se de Vasco...

Dona Constança sorri, coça o seu pescoço enquanto pensa que a sua menina cresceu e a prova do seu crescimento são as suas dúvidas em relação a Vasco, pois enquanto crianças os problemas são sempre mais fáceis.

— És prudente — afirma a senhora.

Inês não aparenta ser uma moça leviana nem tresloucada como sua mãe o fora, pois tem conhecimento que Vasco não tem muita boa fama, logo; não será um Santo de todo:

— Mãe! — Começa por dizer — não sei se posso crer nele, nas suas boas intenções — pausa — não sei se o que me diz é o que se passa realmente.

*

O homem musculado chega a casa, a luz do luar branco ilumina-lhe os pés, ultimamente anda na linha, com o seu objetivo claro. Bruno está a fazer os seus trabalhos de casa, à mesa da cozinha.

— Ei! — cumprimenta-o.

— Boa noite — pausa — está tudo bem?

No entanto, Vasco sabe que tem de conquistar o seu filho de forma a ganhar a confiança de Inês, deve melhorar a sua relação com o rapaz.

— Estou um pouco cansado, — pausa — mas, estou bem. Como correu as aulas?

Bruno nunca falou tanto com seu pai, o que era uma pena pois, gostava imenso dele, apesar de Vasco parecer que não gostava de seu único filho. Camila regressa à cozinha com Justo, ambos ficam admirados ao verem Bruno e Vasco a rirem e a conversarem.

— Bom, — pausa — alguém sabe de Inês? — Inquire Justo que já sentia falta da alegria da jovem.

— Não, avô— responde Bruno tristemente.

Vasco prefere não responder, sob o olhar atento de Camila que lhe sorri, apenas passa a mão na cabeça de Bruno enquanto reflete que não seria de bom tom dar a notícia que estava a gostar de Inês e que era por isso que ela não ia tomar conta de Bruno, se nem ele sabe o quê se passa consigo.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora