Capítulo quarenta e um

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A sala do hospital da Guia está cheia de pacientes, quando o jovem doutor decide fazer uma pausa, sai do seu consultório com os papeis na mão, desliza até à receção, vai à casa de banho, em seguida tira um café na máquina e volta, fecha a porta atrás de si, estuda o prontuário do próximo paciente, passa a mão na cara, suspira e bebe o seu café.

Álgebra permanece sentada, engole em seco encara o chão nitidamente preocupada com o seu estado, pensa em contar os seus estranhos sonhos a alguém sem ser à enfermeira Carla que já tem problemas que sobrem, ao passo que a enfermeira está sentada a seu lado, levanta-se para ver o monitor que está sobre a porta, ora vê o seu pulso inquieto.

O Doutor Tiago pega na mão cheia de folhas, e caminha até à sala, a chama, Álgebra ergue-se imediatamente e caminha acompanhada pela enfermeira, entram e sentam-se, esperam que o jovem doutor esteja atento. Quando ele levanta os seus olhos da tela do computador.

— Como se sente, hoje? — Pergunta diretamente.

A mulher encara o tampo da mesa castanho, e engole em seco, fecha os olhos e responde:

— Estou bem, pensando melhor... é, sim bem.

Em seguida, à enfermeira Carla:

— Tem feito a medicação?

— Tem sim, senhor Doutor.

A paciente intervém, de um modo ríspido:

— Senhor Doutor... ahm... hum, eu sinto que não pertenço a lugar nenhum.

— Bom, vamos fazer uma tomografia, e um EEG.

*

O homem tacanho permanece sentado no seu grande cadeirão, ouve Mozart com os seus pés no banco de descanso, uma vez que estes mal chegam ao chão, ainda incrédulo com a ousadia de seu filho Fernando em o desafiar, tem inúmeros problemas aquele final de manhã, pensa afetado com a possibilidade de seu amigo Malco voltar, e encontrar a 'aldeia' em profunda desordem, dá um saltinho pondo-se em pé, rodando a cadeira para ir à porta que dá acesso à varanda que se mantem entreaberta vendo os girassóis de Santa Clara.

'— ah! —' suspira. Por pensar na pastora, que tanto mal lhe tem feito, e mesmo assim, parece ser a única que tem a seu lado. Volta abre a sua gaveta retira um documento. '— é a única capaz de ser sincera comigo, —' pausa '— Matilde, tão linda como a sua mãe.'

Analisa o documento, da hipoteca da casa da pastora, feito entre o Capitão, seu pai, e Ana Maria, mãe de Matilde. Em dezanove anos, Dona Patrocina perdeu a casa, tinham sido dezanove anos de luta, em tribunais.

*

Apesar da jovem aldeã não parecer muito afetada com a promessa de Fernando em a visitar naquele dia, anseia por sua chegada, pois quer saber mais acerca dele, que lhe parece ser um ótimo rapaz, se bem que tem um defeito, suspira.

'— Ahm, ninguém é perfeito' sorri na expectativa. Sai à varanda, ainda com sol, encara o caminho, e entristece-se por o não ver chegar. '— será que desistiu? —' pondera, abana a cabeça relutante para afastar o mau agoiro.

Pega na chave do correio e desce as escadas rapidamente para ver o caminho, não saberia de que lado ele viria, sai o portão, abre a caixa com a correspondência da eletricidade, olha mais uma vez longamente para a rua, desta vez do lado oposto. Quando, sente um calefrio a percorrer-lhe a espinha, mas não liga, dá aos ombros está ansiosa pela visita de Fernando.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2024 ⏰

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Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora