Capítulo Oito

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O sol sobe ao horizonte, ainda em cor de laranja, o jovem de cabelos loiros pelos ombros acorda, num leito de casal, quando o galo canta, no seu poleiro, vê uma mulher nua a dormir de barriga para baixo. Os ombros largos, o corpo cheio de músculos, os cabelos loiros estendidos, não era o seu quarto. Senta-se nu no leito, esfrega a cara, o quarto sem claridade, pelas portadas da janela ainda fechadas. Já estava a amanhecer, tinha bebido demais a pensar em Laura, deveria ter sido mais complacente com ela, andava ocupado com o trabalho, levanta-se:

- Porra! – Vocifera irritado com a brutal dor de cabeça o que denunciava a ressaca, nem sequer se lembrava de como fora ali parar. A mulher geme, e muda de posição sem acordar. 

Veste a camisa, abotoa os punhos, em seguida enfia os pés nas botas e as aperta, e por fim a camurcina de cabedal castanho, deixa cem Euros sobre o criado mudo e sai devagar, desce as escadas em caracol, atravessa a sala cor de vinho, com o palco preto ao meio, e o bar ao fundo, alcança a porta atravessa-a.

A brisa fresca da manhã bate-lhe na barba, apesar de se sentir mais só do que nunca, sabia que satisfez as suas necessidades de homem, e isso o deixava radiante, quando entra em casa, a sua irmã Camila o esperava de braços cruzados ao pé da porta.

- Isto é que são horas? – Pergunta-lhe desiludida, via realmente que aquele não tinha emenda.

Ele assusta-se, a encara com fraca cara, vendo o seu pai também sentado na cozinha com o olhar interrogativo esperava uma explicação, para o facto do jeito que dava à sua vida.

- Ah! – Leva a mão à cabeça – que dor de cabeça – queixa-se por fim – primeiro bom dia.

O homem que permanecia sentado o olha de cima abaixo com reprovação para o seu comportamento, não esperava uma explicação, apenas que o seu filho tivesse mais juízo.

- Não tens vergonha? – Pergunta de semblante duro.

Provavelmente, nunca ganharia juízo, mas o dever de Justo é o de meter algum na sua cabeça oca.

- Pai... - engole em seco – o pai... - é interrompido.

Ambos sabiam a velha lenga – lenga que ele sempre usava para se justificar, apesar de ser um pouco machista seu pai, perceberia o seu problema, contudo; não quer que passe uma má imagem para o seu filho.

- Já não és uma criança, Vasco. – Pausa – és um homem feito, tens um filho – ralha – que espécie de exemplo lhe dá a seguir.

*

Toca o sino da Aldeia, as pessoas poem-se a pé e preparam-se para a missa do dia. Matilde já tinha acordado há horas, a noite tinha-lhe sido proveitosa: ela tinha descansado muito, após uma semana de árduo trabalho no campo, sentia-se molengas e logo a Pastora que tinha energia para tudo, por isso despacha-se mais cedo, escolhe o seu fato de meia estação, decide levar um conjunto de saia castanha e um casaco da mesma cor, bem como uma blusa branca de mangas curtas que a própria confecionou, umas sandálias.

Vestida sai do seu quarto e dirige-se à cozinha com o objetivo de fazer o pequeno-almoço para os seus avós.

- Filha, não é preciso – salienta Dona Patrocina.

Ao passo que Matilde põe a mesa para o café da manhã, não esquecendo os medicamentos de cada um, entre aqueles que eram administrados em antes da primeira refeição, em jejum e outros eram administrados ao fim da refeição. E, por último trata de si, come o seu pão com manteiga e mel e beberica o seu leite ordenhado do seu rebanho, com café. Tarcísio, ainda em pijama vai-se vestir, a seguir lava a loiça e sua avó a limpa e a arruma de volta no armário.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora