Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também Choram

Capítulo Trinta

A jovem esguia sai de casa, apertando o seu avental e dirige-se ligeiramente pelo caminho até ao seu destino. Entra em casa de Justo, para ajudar Bruno a estudar, encontra Camila na cozinha atarefada correndo de um lado para o outro:

— Ah, Inês — mexia a sua sopa.

Inês engole em seco, pensa em Vasco ainda que não queira, que tenha prometido a si mesma que desta vez vai ser forte.

— Necessitas de ajuda?

— Não — corta uma cebola.

Porém, é melhor assim, no entanto; Inês não deixa de ficar estranha apesar de saber que andam a brincar um com o outro e que não existe nem nunca existiu nada, por serem totalmente incompatíveis.

— Ele está — engole em seco — Vasco está?

Aquela questão apanha Camila totalmente de surpresa, pelo simples facto de que Inês nunca teria sido tão direta, como agora o que a leva a deduzir que algo se passa entre a sua cunhada e seu irmão, mas como ambos são duas cabeças duras que nunca se entendem, quando não suspeitam que querem o mesmo e que não conseguem viver um sem o outro, seja para discutir, para se beijar, ou se matar. Eles não entendem que fazem um casal bonito, só que por uma razão ou por outra, ambos não se encontram.

— Não — roda os olhos — se queres ir ter com ele, está no campo...

Farta das insinuações de sua cunhada, a moça magra responde:

— Não, não estou bem assim...

A rapariga respira de alívio, não o queria encontrar logo de manhã e começar mais uma nova discussão que desta vez não teria mais volta. Ela não irá voltar atrás na sua decisão, nem por Vasco nem por ninguém, embora tenha conhecimento de que ele é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que mais deseja.

*

O vislumbre da mulher magra de camisa de noite preta, acima dos joelhos levanta-se descalça e caminha elegantemente pelo apartamento escuro entra na sua casa de banho, a luz feria-a, há três dias que está muito nervosa, sem paciência para nada pensa na última conversa que teve com seu noivo.

"– Fui a casa de VANDA – afirma — sabes onde fica, certo?"

Chora, ele não podia ter estado naquela casa, senta-se no chão pensante, descobriu toda a verdade, até se admirou pela forma como é inteligente não ter descoberto há mais tempo, mas agora já é tarde. Todavia; não quer acreditar, pois sabe que se de facto Fernando soubesse de toda a verdade, essa o chocaria.

— Não, não, não pode ser.

Esther não quer acreditar que foi abandonada a escassas semanas de realizar um sonho, e ser uma senhora de bem, tornando-se na mulher mais amada do mundo. Não podia deixar que Fernando acabasse tudo com ela, sem lhe dar uma explicação plausível, não seria por um facto sem importância em relação à sua vida que iriam romper. Tem de ir atrás dele, a casa de João, deve ser onde ele está hospedado, à espera que ela se acalme para voltar para casa. Ah! Ela conhecia-o bem demais, para o deixar ir tão facilmente.

*

O jovem senhor de ombros largos entroncado caminha a par com sua irmã pelos campos, ambos permanecem calados. O individuo de olhos claros pensantes que observam atentamente as suas botas, não está a ser uma boa companhia para ninguém permanece sério, depois da desilusão que o deixou um pouco depressivo.