Capítulo Quinze

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A mesa com tampo de madeira, as pernas em ferro, as duas cadeiras de madeira, o chão com um padrão de xadrez, as sandálias pisam-no uma serviçal desliza com a bandeja na mão, serve o café, os indivíduos esperam até terem segurança para falarem. Os olhos azuis encaram outros olhos azuis que estavam mais escuros. O homem continua a tamborilar no tampo de madeira.

- Então? – Intervém o tom jovial do doutor enquanto agarra no pacote do açúcar e o rasga.

Sem pressas o homem extremamente pálido de cabelos negros e olhos azuis-claros o observa aquele cuidado, todo do seu ex-aluno e em breve o seu ex-amigo quando ele descobrisse o que tem para lhe dizer.

- Tens irmãs? – Perscruta com ar de sério. Fernando levanta os seus olhos, poisa a colher.

- Sim, tenho duas – responde estranho em relação ao tema e ao rumo da conversa – porquê?

Beberica um pouco do seu liquido escuro. O seu amigo prevê alguma insegurança e até desconforto.

*

Depois do que ouvira, a jovem entra em casa com cautela para não ser vista, caminha devagar até ao seu quarto, abre a porta e entra a fechando com o máximo de cautela por causa do barulho e alerta os demais que tinha chegado, não quer preocupar ninguém da sua casa só necessita de um tempo, só precisava se concentrar e voltar para si, uma vez que não tinha a noção do que quer, sabe só que tem de chegar à meta, tem de fazer o que o seu coração quer, e nem sempre é o mesmo que a cabeça ordena.

ia acabar por descobrir, fará troça de si. Inês ia acabar por perder tudo: perder a sua confiança; o amor que dava ao menino Bruno que não tem culpa da morte de Laura. Escorrega pela parede, abraça os seus joelhos encaixa a sua barbela ali é o seu único lugar que se sentia protegida, o seu porto seguro, a jovem sabe que não existe medo, que é ela mesmo. Começa a chorar, o pior é Bruno, o rapazito moreno de cabelos arrepiados que tinha conquistado o seu coração, agora que se chateia com seu pai provavelmente como ele é vingativo não a deixara acompanhar o seu filhinho, isso é algo que a própria não poderia admitir, os deixara sem se despedir, não estava zangada com o menor, mas com o seu progenitor a coisa já é diferente, quem é que ele julga que é para fazer pouco dela assim, soluça sem ter para onde fugir.

Sem haver uma saída se ao menos ela fosse forte o suficiente para não pensar em, naquilo que o Vasco lhe queria fazer, sentira a sua fraqueza, é mesmo verdade o que padre Américo lhe disse, que eles não são casados, levanta a cabeça pensando "também quem podia acreditar em Vasco e o levar a sério?"

*

A rapariga de cabelos compridos esfolheia o seu livro enquanto espera por seu noivo, faz vários apontamentos. O mecanismo negro vibra sobre a mesa reza em silêncio para que não seja "VANDA" novamente, ela sabe que não se pode negar, dizer que não. Mas; estava a tomar proporções demasiado elevadas, o seu preço é demasiado alto e se perdesse. Não podia simplesmente deixar de tentar. Gostava de se divertir de vez em quando, mas agora está a tomar proporções demasiado altas, lê no aparelho, fica muito aflita pondera não atender, olha a toda a volta ainda está só engole em seco, treme lança mão do telemóvel.

- Eu já pedi para não me ligares – Pausa – está tudo acabado. – Pensa – não. Não é um arrufo, Fábio! – Respira fundo – sinceramente, não sei como pude perder o meu tempo contigo. – Desliga imediatamente o telefone.

*

A conversa tinha acabado de ficar séria, o jovem encara o outro duramente, primeiro tocar-lhe no seu calcanhar de Aquiles, nas suas irmãs que eram sagradas, pelo menos para si; a seguir ele não tinha nada a ver com o assunto.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora