Introdução

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Caro Leitor,

Se me é permitido ajuizar acerca do que é um prólogo?

Muitos dos escritores iniciantes, ou profissionais escrevem uma história mal contada sobre o que é a sua narração. Subjetivamente, penso que não seria suprível esta parte, aliás em nada deve ser suprível. O prólogo a meu ver é uma narrativa prévia ao conto, deverá ser explicado neste espaço um pouco do clímax. Por outras palavras, deverá se apresentar um pouco dos conflitos.

Prólogo

A jovem bem trajada com a sua saia comprida de godê lilas e a camisola de malha branca com alças por onde passavam os dois braços nus, calçando uma sandália de balé com salto alto que a deixava maior, os seus longos cabelos estendidos ao vento que a embelezavam. Caminha pelas pedras na chã ouvindo o sino da igreja matriz, sobre o olhar atento do homem gordo e baixo, que a fita com um estranho sentimento de raiva, ódio pelas parecenças da moça.

A mulher idosa segreda-lhe ao ouvido:

- Calma, respira. – Declara na tentativa que aquela rapariga a oiça. Mas, era-lhe tão difícil atender ao seu pedido. Cada vez mais.

Fecha os olhos, concentra-se na marcha sentindo-se ofegante como se tivesse acabado de correr uma maratona, sente os batimentos cardíacos a aumentar, completamente descontrolada. Capaz de bater àquele hipócrita pelas desavenças familiares que tinha por sua causa, e por tudo que a sua maldita família já lhe havia feito. Passa junto à família daquele, que está na berma da estrada, rezando para que aquele homem não lhe dirija a palavra nem se quer lhe faça nenhuma ameaça. Só se encaram com ódio, revolta e nojo, sentindo as suas narinas a dilatarem.

Porém, ele faz-se de ofendido, sorri cinicamente para a esposa ao seu lado, que por sua vez encara o chão. A jovem consegue-se mover, por entre a multidão a que tanto agrada.

O sino faz-se suar mais uma vez.

As pessoas começam-se a aproximar, da igreja matriz o adro enche-se de pessoas vestidas a rigor, todas ordenadas primeiro seguia a banda atrás do pálio constituído pelo Padre Américo que seguia abaixo do pálio tinha uma missão importante transporta a custódia em ouro com Deus, abençoando todos os visitantes e logo a seguir os andores com os Santos.

Foi, então, que o viu.

Ele tinha voltado, às suas origens, os olhares demoraram-se um no outro, relembravam os bons velhos tempos, certamente. Só que ele iria-se casar da próxima vez que voltara à aldeia.

Fernando disfarça de olhar nitidamente iluminado tenta encarar o chão, quando é puxado pelo braço por uma mulher alta e loura que sorri a seu lado, com quem está comprometido.

- Que foi? – Inquire ele, ainda com os olhos fixos na outra que agora engole em seco.

Perdido na beleza da moça que caminhava de braço dado com as pessoas, no meio da multidão, sorrindo para o chão como que enganava a tristeza ou se fazendo de forte para enfrentar aqueles que lhe queriam mal.

- Pareces-me tão distante. – Comenta a mulher. Ela segue o olhar do seu companheiro e o seu sorriso esvanece-se, ao perceber que fora um erro ao voltarem tão cedo da Cidade dos Estudantes.

O louro sorri perante o semblante, a postura daquela jovem que vira crescer, mas por uma razão ou por outra nunca, jamais em tempo algum lhe revelara as suas intenções os seus mais íntimos pensamentos e desejos.

- Não... - nega – deve ser só impressão tua.

A jovem desfila por entre a multidão, a quem todos invejava, pela sua doçura e beleza de uma moça trigueira de pele morena e com um feitio complicado, o olhar atento nos seus olhos iluminados sobre o solo de repente sobe as escadas para o adro.

Posiciona-se a lado da sua amiga:

- Estava a ver que nunca mais chegavas, Matilde. – Comenta baixo a rapariga localizada ao pé das grades do cemitério.

- Demorei, mas cheguei, Inês – assegura ela, feliz por ver aquela terra que a viu nascer com tantos visitantes.

Em simultâneo, os foguetes começam a ser lançados, os sinos começam a tocar de rebate. As crianças da catequese desfilam atrás dos andores, posteriormente os bombeiros que marcham com inúmeras salvas militares, e em seguida os camponeses. Bem como a restante população.

            Um homem alto, de cabelos louros e longos desce as escadas até ao cemitério move-se por entre as campas e lápides em homenagem a quem já partiu

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Um homem alto, de cabelos louros e longos desce as escadas até ao cemitério move-se por entre as campas e lápides em homenagem a quem já partiu. Estaca de frente a um jazigo branco, demora-se na contemplação à fotografia "já não se lembrava de como a sua falecida era bonita". Por fim, ajoelha-se sobre a tijoleira cinzenta.

- Laura – declama baixo – hoje é a festa de S. Pedro, - começa por dizer – lembras-te de que tu gostavas? – Pausa – sei que deves estar triste, zangada comigo, por ter dito aquelas coisas ao Bruno, mas não consigo deixar de pensar que por sua razão tu partiste. – Uma água salgada escorre-lhe pela cara.

Estava cansado de chorar, durante três longos anos chorava, desistiu de tudo até da vida, já não se continha em pé, sentia que já não era o mesmo, parecia na mais profunda depressão. Era como um morto em vida, algo lhe pesava na sua consciência, ainda que não tivesse culpa de nada.

A não ser, que como qualquer homem, ficou feliz ao saber que ia ser pai, a gravidez correu normalmente, até ao nascimento de seu filho. Em que, Laura não aguentou e explodiu o seu coração.

As terríveis imagens pairam-lhe sobre a memória, as lembranças de quando a sua esposa partira, agora ele limpa as lágrimas que teimavam em lhe escorrer pelas faces, ainda na esperança de que o que lhe acontecera não passara de um sonho, que considerava um pesadelo.

"- Ela? – Inquire descobrindo na cara das mulheres que abandonavam a alcova a tristeza.

As cinco saem de olhos fixos no soalho de uma casa, sem dizer uma única palavra. Por fim, uma jovem rapariga traz-lhe o seu filho.

Ele estranha, ninguém lhe dizer nada. A moça jovial entrega o bebe a seu pai, o ambiente era abafado, frio.

A mulher de idade abeira-se do jovem que agora carrega o seu filho, a rapariga que estava perto dele o tenta abraçar, e o reconfortar na sua alegria, para lhe dar a má nova.

- Sinto muito, Vasco! – Começa por dizer a parteira, ele ergue os olhos sem entender - mas Laura, amava-te muito, espero que saibas disso.

- O que quer dizer, Constança? – Pergunta aturdido, de algum modo sabia o que aquelas palavras simbolizavam.

- Ela,- engole em seco - já não está entre nós."

Ainda naquele dia de festa sofria com a perda. Queria acabar com o seu sofrimento e o seu luto permanente. Sendo observado do adro, as duas amigas conversavam entre si, no mesmo local.

- Ele não está melhor? – Inquire a jovem.

Ao passo que Inês visualiza a sua dor, esta sendo cada vez mais percetível, a seus olhos.

- Não. – Soletra – não está, e eu não sei o que mais fazer, para o ajudar.

                                                                                                    Fim!

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora