À tardinha, quase a escurecer já se vê a réstia de Sol sobre um horizonte de fogo, a jovem põe um xaile pelas costas e sai de casa, caminha pensativamente de braços cruzados na proposta de Santiago em lhe arranjar um marido. No entanto, a moça não quer um qualquer que não seja Vasco, as sandálias guiam os seus pés com os olhos afetados. Não sabe o que ocorre a Santiago para ter essas ideias, mas; há que as tirar, quando se souber da noite que passou com aquele haveria de concordar com o seu matrimonio com Vasco. No entanto; também sabe que seu irmão é cabeça dura, e que depende do seu feitio.
— Temos de falar, Vasco. — declara à entrada no armazém.
O homem de ombros largos, e cabelos cumpridos a encara temendo que aquela rapariga lhe traga problemas, pois necessita da sua ajuda para que tome conta de seu filho. Porém, ainda existe aquele problema comum que não deseja cumprir. Embora, saiba que será sua obrigação, porque se ela disser a seu irmão, vai-lhe dar imenso trabalho. O empregado roda sobre os calcanhares, antevê que é uma conversa particular.
— Diz-me! — Baixa os olhos.
— Santiago quer que eu me case.
O homem com os olhos cor de mel reflete algo, porém, abana a cabeça para afastar o mau agoiro:
'— Não...' — pausa — 'não pode ser... ela gostou, eu sei, não pode ter dito nada'— morde o interior da sua bochecha. Cruza os braços sobre o seu peito.
A moça engole em seco, como se estivesse a ganhar coragem para prosseguir, ou simplesmente, para apelar ao seu coração.
— Santiago, o meu irmão, quer que me case com quem ele arranjar — informa tremula.
Vasco descruza os braços achava que ela lhe iria impor algo que seja contra a sua vontade, recupera do seu susto, alegre-se ao ouvir tais palavras proferidas pela moça.
— Ah! — sorri —isso... — franze o cenho — seria o melhor para ti. — Pausa— eu sei, vi-o há bocado...
— Então disseste-lhe?
— Não...
— Alguém tem de lhe dizer, oras... — pausa — ele tem de se inteirar...porquê não lhe disseste?
Vasco alisa as sobrancelhas pensantes que não queria de forma nenhuma se casar com ela, ainda que lhe devesse, mas; não podia, porque era como uma irmã para si, '— foda-se, andei com ela ao colo':
— Ah! Ele proibiu-me de me aproximar de ti. — diz pensativo que se iria enterrar — e Santiago não é a pessoa mais calma do mundo, vamos que a uma altura tem um ataque... e nos pegamos à tareira.
Torna a ficar em silêncio, como quem pensa nalgum problema, era um bom refúgio perante Malco. Inês fica muito aflita e o abraça não prevê perder nenhum dos dois:
— Meu Deus Santíssimo — benze-se, em seguida bate na madeira para afastar o mau agoiro.
Vasco desenvencilha-se dos seus braços e continua a falar, para a manter calada, que ela não se chateie com ele, por causa de seu filho:
— Vá que não vá... e matamo-nos. — O moço orgulha-se do seu cérebro, dos pensamentos maquiavélicos para dissuadir aquela jovem de se casar com ele. — Por isso, acho melhor aproveitares, e te casares com o primeiro que aparecer.
Inês fica boquiaberta nunca tinha ouvido tanto disparate junto, não se podia casar, ninguém a queria, por ser uma qualquer, pior do que as moças da 'foz do Artelho' a jovem temia em dizer o nome, pois tinha imenso medo a cair no bordel. A jovem sôfrega tinha-se perdido.
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Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também Choram
Chick-LitSinopse: O Doutor Fernando regressa enfim de Coimbra, o seu coração destroçado e pronto para se isolar numa aldeia remota. Só um verdadeiro amor é capaz de o fazer voltar a viver. Embrutecido, não acredita na felicidade p...