Capítulo Trinta e Nove

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            Vasco move-se até ao seu trabalho, deixa Santiago pensativo em como ele aceitou bem a decisão deste.

'—Será que se vê tão em baixo e, por isso, não tem com o quê se defender?'— pensa Santiago, sente imensa pena de Bruno que não tem culpa do pai que tem, pois; como todos não o escolheu.

Move-se pela vereda até ao alforje, o seu local de trabalho, pensativamente entra no seu escritório, onde trata da construção de alfaias agrícolas e ferraduras para cavalo, tira a camisa e coloca o seu avental, em seguida acende a fornalha, e começa a picar uma ferradura.

Deixa Vasco aliviado, em simultâneo triste por pensar mais uma vez que Inês não o ama, nunca o amou, nem era competente de amar ninguém. Entra no seu escritório, senta-se na cadeira de pau, põe os pés sobre a mesa.

Bernabé, por sua vez, entra com umas caixas vendo-o assim, sorri de alegria, pelo menos está calmo, pensa o rapaz, tomando uma anotação mental, para informar a Leopoldo.

— Precisas de alguma coisa? — Inquire Vasco.

— E-e-eu não senhor.

*

O jovem advogado almoça com a sua irmã, tem muitas preocupações em sua mente, estava apreensivo com o facto de ninguém saber de Dona Júlia, sua mãe, parece que o seu sequestro não tinha interesse suficiente.

— Como está Helena? — Pergunta.

Enquanto pensa 'será capaz de meu pai, esconder a minha mamã?', averigua várias hipóteses, provavelmente não, por que é um juiz, não está previsto que os 'juízes possam cometer crimes'.

— Oh! Helena anda sempre metida no seu quarto...—explica a moça a seu lado — não se interessa minimamente por nada.

Na cabeça de Fernando só existia a sua grande inquietação, não acreditava minimamente no assalto à mansão de seu pai, a seguir qual seria o interesse se não roubaram nada. O moço tem conhecimento de que o seu pai tem o seu tesouro, outro ponto de vista é que na aldeia não há gangues, nem ladrões como nas cidades e 'Alto dos Vendavais' orgulha-se de ser pacato.

— De facto, sei que Helena não sai muito — pausa — talvez por não ter confiança com o resto de seus irmãos, — olha-a de soslaio — ou por minha causa — diz desanimado. — No entanto, o seu estado deixou-me preocupado, — reflete e prossegue — sei que uma pessoa de cabeça perdida é capaz de fazer as coisas menos prováveis.

A rapariga poisa a cabeça na mão, e põe uma mexa de cabelo atrás da orelha:

— Pois, acho que tens razão — pausa — mas, não penso que ela fará as coisas sem pensar.

Era tudo tão pouco previsível, que deixam a história pouco credível, um pouco dúbia. Fernando levanta-se e faz o seu café:

— Também queres café, Rita? — O advogado continua a falar — Por isso, quero que me faças um favor, que te aproximes dela, sei que Lena não gosta da nossa companhia, mas, é necessário para que ao menos se sinta amada.

— Pode ser.

A moça engole em seco, não sabia ao que Fernando se referia, uma vez que ela e Helena não se dão bem, ambas têm as suas coisas, porém; não lhe queria nenhum mal.

No entanto, o advogado decide que tem de ir a casa de seu pai, com o pretexto de comprar Crina Branca, de modo a ver Helena, sua irmã já que teme que ela faça algum disparate e investigar o assalto, que traz muitas incertezas, tem conhecimento de que para se fazer um ataque deve deixar o seu rasto, e uma vez que foi na mansão do doutor juiz Leopoldo, a casa mais bem guardada da aldeia, tem-se de arquitetar bem um plano de fuga.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora