Os alunos de Direito que estavam no meio das cadeiras em pé, aproximam-se das escadas de ferro que davam acesso ao palanque, tentando permanecer em silêncio. Os directores do curso entram pela lateral. Em cima de um estrado encostados à parede, estavam sentados o grupo da reitoria. De uma forma ordenada os alunos do curso esperavam pela sua vez, muitos deles chorosos pois sabiam que iam deixar a vida maravilhosa de estudantes e a partir de então ser homens e mulheres de coragem que enfrentariam todos os problemas nas suas mãos, ganharia os casos mais mediáticos que existissem para isso é que estudaram, se prepararam e se esforçaram ao longo da faculdade, souberam de cor as suas lições, para hoje serem merecedores de qualquer confiança.
A universidade mais do que uma faculdade de elites, atualmente é vista como uma escola de vida, e para os estudantes aprovados deve ser honrada para que outros revoltados não lhe manchem o nome. A verdadeira Escola da vida formou várias gerações e ainda hoje se mantem aberta para um dia nós nos orgulharmos dos nossos filhos e netos que por aí passaram aprendendo as mesmas coisas que nos foram ensinadas.
O homem de fato preto e camisa branca de cabelos grisalhos aproxima-se do micro e faz soar a sua voz, chamando, mais uma aluna que acabou o seu curso com mérito e honra, um após outro que sobem o palco para queimar as suas fitas e voltam a descer imitando os seus colegas.
- Ester do Vale!
A aluna calça os sapatos em seguida beija o seu namorado e sobe as escadas, cumprimentando o diretor do curso, vai ter com um rapaz que está encostado à parede ele dá-lhe uma fita da cor azul, aproxima-se do caldeirão preto ferrugento estica o braço para as fotos, os colegas e familiares gritam entusiasmados pela luta que acabou este ano, em seguida põe a fita na caldeira e desce, espera o seu futuro marido, ao pé dos professores de lágrimas nos olhos, talvez emocionada por finalmente ver toda a sua luta terminar.
*
O moreno abre o portão da residência paroquial sobe as escadas em pedra, quase curvado com as mãos nos bolsos, de olhos fixos no chão, dava um pontapé em cada um dos degraus. Chateado consigo mesmo.
Um homem alto com uma batina negra abre a porta.
- Ah, finalmente, - exclama para o rapaz – que vens aí. – Pausa – achei que te tivesse acontecido alguma coisa.
Muito preocupado com aquele rapaz, o Sr. Padre que era tutor legal de Francisco sabia que o jovem não andava bem. O rapaz descalça-se em seguida, entra na humilde residência paroquial. Demasiadamente, triste não sabendo o que fazer para ser notado aos olhos de sua amada, por quem o seu coração batia mais forte, apenas murmura, algo sem importância à entrada.
O pároco da aldeia vai atrás do moço.
- Queres falar, comigo? – Inquire-lhe o homem – sabes que tens sorte por me teres sempre por perto, muitos queriam essa sorte. – Pausa – queres desabafar?
Ao passo que o individuo pensa que será uma boa hipótese se ele conseguir contar ao Sr. Padre Américo tudo aquilo que lhe iria na sua alma, pelo menos no seu amigo que desconfia ser seu pai poderia confiar. Quiçá ele o ajudasse e apoiasse em relação à Pastora, uma vez que ela tinha muitos pretendentes.
- Tá bem – revira os olhos, encara o chão encostado à banca da cozinha. – Senhor padre Américo, eu vou-me abrir com o Senhor porém não quero que se ande a falar sobre o assunto.
O homem senta-se na cadeira de século à frente da mesa com um ar sério, preocupado com o que aquele seu protegido lhe iria contar em seguida. No interior de si mesmo, ajuizava várias hipóteses em relação a ele, não saberia em que confusão se metera.
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Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também Choram
ChickLitSinopse: O Doutor Fernando regressa enfim de Coimbra, o seu coração destroçado e pronto para se isolar numa aldeia remota. Só um verdadeiro amor é capaz de o fazer voltar a viver. Embrutecido, não acredita na felicidade p...