30. Você ainda pode acreditar no amor.

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Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados.
~ A culpa é das estrelas

— Agora senta aqui e me diz, loirinha

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— Agora senta aqui e me diz, loirinha. — Cruzou seus braços ainda com o seu sorriso brincalhão no rosto. Sua expressão era tranquila enquanto meu coração parecia estar sendo bombardeado por cargas de energia. — O que aconteceu para você estar em lágrimas naquele banheiro? Por que estava tão triste na cafeteria? O que se passa nessa cabeça viva?

Eu me movia lentamente pelo quarto, pensando no que diria sobre isso. Acho que de toda a minha vida, Lorenzo é a pessoa que mais demonstrou preocupação por mim. E as vezes por se preocupar tanto, me pergunto se ele não é uma fantasia da minha cabeça, se não é uma ilusão que criei para preencher o vazio do peito, se não passa de um mero sonho, algo criado por mim.

Tomei os papéis falsamente envelhecidos pelas mãos e caminhei em sua direção, os colocando em cima da cama enquanto o via flutuar sobre ela. Nunca ia me acostumar com isso.

Seu corpo ficava sempre um centímetro acima do chão, da janela, da cama... É como se flutuasse sobre as coisas por ser muito leve e sua massa ser inexistente.

— Já que você não quer começar a dizer... deixe-me ver. — Tocou o seu queixo de forma pensativa e eu fui até o canto do quarto para pegar a mesinha de cama, sentindo a ansiedade correr o meu corpo ao lembrar que daqui a minutos eu teria que toca-lo, para que pudesse escrever. — Eu conheci uma garota hoje. — Sua declaração me fez soltar a mesa por alguma razão, causando um estrondo no quarto.

Eu me virei para ele vendo o seu sorriso ainda no rosto. Me perguntava como outra pessoa podia enxerga-lo. Achei que só eu podia vê-lo. Então ele não era mesmo um fruto da minha imaginação? Outra pessoa o via?

— Ayla? Tá tudo bem, minha filha? — Ouvi a voz de minha mãe soar no andar debaixo, sua voz transmitia preocupação, e foi aí que notei a barulheira que fiz ao derrubar a mesinha.

— Por que o susto, loirinha? Achei que gostaria de saber que conheci uma pessoa, ou melhor, uma alma penada assim como eu. — Eu o encarei por alguns segundos antes de abaixar e segurar a mesinha novamente. A apoiei na mesa e cocei a garganta, antes de gritar próxima a porta.

— Estou bem, mãe! Minha mesinha caiu! — Escutei sua voz soar mais uma vez do cômodo inferior dizendo apenas um "ah, sim". Lorenzo observava minhas ações parecendo se divertir muito com as minhas expressões.

Eu apenas achei esquisito ele declarar de repente que conheceu uma garota. E almas penadas podem se comunicar? Então eles são tipo uma sociedade pós vida?

— Fico feliz que esteja aproveitando o resto da vida antes de ir para o inferno. — Seus olhos se arregalaram no mesmo instante que eu declarei aquilo, o deixando surpreso. — Porque se continuar se distraindo com coisas banais, é para lá que você vai. — Cruzei os braços, forçando a minha voz a sair firme e fixando os meus olhos nos seus.

Te Encontrei Para Me AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora