18. O plano é o seguinte.

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O amor é uma música que nunca termina.
~Bambi

Eu escutava o seu choro baixo, o choro que estava encrustado em sua alma

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Eu escutava o seu choro baixo, o choro que estava encrustado em sua alma. Os acontecimentos passados voltaram com tudo, mostrando a ele novamente que seu lado humano estava tão vivo quanto um recém nascido que acaba de nascer e chora para receber o ar em seus pulmões.

Mas suas lágrimas sumiram assim que soltei sua mão, como se todas aquelas lágrimas fossem apenas uma fantasia da minha cabeça. Não havia sinais de que ele em algum momento chorou.

— Mas... O quê? — Toquei levemente o seu rosto, surpresa quando os olhos ficaram avermelhados e as lágrimas voltaram em seus olhos. Ele inclinou a cabeça em minha mão, como se o calor da palma de minha mão fosse suficiente para aquecê-lo naquele dia tão frio. — Por quê...

Seus olhos cruzaram com os meus no exato momento que uma lágrima escorreu em seu rosto. Era interessante como cada detalhe de Lorenzo despertava uma curiosidade em mim. Era como se eu desejasse saber cada vez mais sobre ele, ajudá-lo a sair dessa, fazê-lo confiar em mim quando o mundo o fez perder a confiança até mesmo em Deus.

Uma mecha de seu cabelo caiu no rosto, fazendo com que meu coração batesse mais depressa ao contemplar aquela cena. O menino se aproximou mais de mim, como se quisesse mais calor do meu corpo, como se isso o fizesse se sentir vivo. Ele tocou a minha mão e a passou em volta de seu ombro, deitando a sua cabeça em meu ombro com as lágrimas ainda caindo dos olhos.

— Eu não sei o que você faz ou que poder é esse que Deus te deu. Mas quando estou ao seu lado... me sinto vivo.  — Sussurrou com os olhos fechados e um sorriso triste nos lábios. — Nem... — Tentou dizer, mas sua voz se perdeu. — Eu... nem em vida eu me sentia tão vivo quanto agora. Isso é... é estranho, botão de ouro. — O sorriso se abriu um pouco mais, fazendo um barulhinho com os lábios.

Não sabia muito bem o que dizer. Estava completamente paralisada com aquele momento, o cheiro que exalava dos fios de seu cabelo era um cheiro doce de shampoo, como se tivesse acabado de lavar. O contato que o seu corpo fez com o meu era como se aquilo fosse muito certo, como se os meus átomos já conhecessem os dele.

Afaguei o seu cabelo usando uma das mãos. Um sorriso surgiu em meus lábios ao vê-lo reagir com o carinho.

— Nunca fiz um cafuné em um fantasma. — Vi quando ele abriu um sorriso tão largo e começou a rir descontroladamente.

— Poxa... eu gosto mesmo de você, loirinha. — Lorenzo se afastou do meu corpo e logo senti falta do contato com os seus átomos, mas ele sorriu. E o seu sorriso foi suficiente para fazer com que meu coração batesse de uma forma descontrolada. Um arrepio percorreu o meu corpo quando agarrou minha mão que não estava em seu ombro e brincou com os meus dedos. — Você é uma pessoa pura, não merecia entrar nessa situação. Mas mesmo assim aceitou o pedido dessa pobre alma.

— Me obrigaram. — Revirei os olhos como se tivesse realmente sido obrigada. — O fantasma me disse que se eu não aceitasse, ele correria pelado pela minha casa. — Lorenzo começou a gargalhar ainda mais, parando para me olhar por alguns instantes.

— Quem é você e o que fez com a loirinha? — Ele me olhou indignado, como se não acreditasse que eu realmente fiz essa piada.

— Digamos que um certo fantasminha camarada mudou o meu senso de humor. — Ele riu, voltando a encarar o mar e observando o quão belo se tornou o céu quando o sol começou a desaparecer no horizonte. Tons suaves de laranja e rosa começaram a se desenhar de uma forma magnífica conforme o astro do dia se despedia. — Eu acho que talvez você deva perdoar os seus pais. — Declarei de repente. O olhar de Lorenzo quebrou o contato com o céu e se virou para mim. — Eu sei que... que bom, talvez você ache que não é uma boa ideia e que seus pais não merecem, mas... — Antes que eu pudesse terminar de falar, Lorenzo me interrompeu.

— Você é a dona da razão. Está no controle, estrela cadente. — O menino piscou com um pequeno sorriso surgindo nos lábios. — Mas como pretende fazer isso. Acredito que já tenha pensado, não é? Você tem cara de que planeja antes mesmo que venhamos concordar com o plano.

— E você está certo. O plano é o seguinte. — Me virei para ele, tirando minhas mãos de seu ombro e organizando os pensamentos antes de começar a dizer.

— Se por obséquio você puder colocar sua mão de volta em meu ombro enquanto explica, eu ficaria imensamente grato. — Declarou, interrompendo a minha linha de raciocínio.

— Ah... claro. — Me aproximei do menino, encostando o meu ombro no seu. Se eu ficasse mais um minuto com a mão para cima a fim de tocar o seu ombro, certamente amanheceria com uma dor horrível. Então, seria mais fácil manter contato entre nossos corpos. — Como sabemos que você parece ficar vivo assim que te toco, podemos usar isso para o plano. Eu pensei em escrever uma carta em um papel um pouco gasto e envelhecido, para mostrar que é antigo. Ela teria a sua letra pois você vai escrever assim que eu te tocar. Tendo isso, eu vou entregar no endereço novo de sua mãe e dizer que achei na minha casa. Ela vai deduzir que é uma carta antiga sua e liberar o perdão para você. E assim, talvez, liberaremos sua alma. — Finalizei, vendo que ele me observava com um sorriso nos lábios. Como se não estivesse prestando atenção no que eu dizia. — Você ouviu..? Concorda com o plano.

— Eu já disse que você é a dona da razão, loirinha. E talvez, do meu coração também. — Eu precisei rir quando ele disse aquilo com o seu jeito sedutor novamente.

— Como? Você nem tem um! — Declarei, vendo a careta que se formou em seu rosto.

— Não precisava ser tão insensível assim! — Ri da sua indignação com a minha resposta.

Te Encontrei Para Me AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora