A vida e a morte constituem o limite extremo da existência humana. Os seres humanos nascem para morrer, respiram para deixar de respirar, seus corações batem para deixar de bater e suas vidas surgem para desaparecer.
O ciclo sempre foi assim, se rep...
O que você faz nesse exato momento enquanto eu penso em você? ~ Backstreet Boys
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Narrado por Ayla.
— Ayla? Por que está com essa cara? — Benjamin se aproximou de mim, e se sentou na carteira em frente a minha.
— Que cara? — Ajeitei a minha postura e limpei os olhos rapidamente, fingindo normalidade quando o mundo parecia desmoronar dentro de mim.
Droga de coração.
— A cara de quem chorou a noite inteira e não sabe o que fazer com a vida. — Melina surgiu com a testa franzida em desconfiança, se apoiando em minha mesa para me encarar mais de perto. — O que houve com você? Você está muito pra baixo desde o dia em que saímos para beber.
— Eu tô bem! Eu só... — Abaixei minha cabeça, pensando em que desculpa usaria para sair dessa. Eles provavelmente me achariam maluca se eu dissesse que estou com um interesse fora do normal por uma criatura que deixou de existir há dez anos. Eles certamente me achariam maluca. — Vocês... não acreditariam em mim se eu contasse.
— É o lance do fantasma ou dos demônios de novo? — Benjamin ergueu a sobrancelha e eu o encarei os olhos arregalados.
— O-o que? — Perguntei, perplexa. Como é que eles sabiam disso?
— Você ficou tagarelando sobre isso enquanto virava diversos copos de cerveja. — Melina ria enquanto recebia as recordações em sua mente. — As histórias que você contou foram engraçadas. Tipo, se apaixonar por um fantasma é loucura! Mas que isso daria um baita livro... fora que demônios são seres criados pelos seres humanos e pelas religiões Cristocêntricas. Não acho que exista qualquer possibilidade da existência deles. — Melina levou a mão até o queixo, pensativa. O que me fez ter a certeza que jamais acreditaria em uma palavra que eu dissesse sobre aquilo. — Mas por que estamos falando sobre isso? Temos assuntos mais importantes! Como você precisa se animar, vai em uma festa com a gente hoje! E essa festa promete! — Ela ajeitou os seus cabelos com um espelhinho de bolso e me encarou, esperando uma resposta.
— Eu... não acho que uma festa seja capaz de me animar nesse momento e... — Fui interrompida por Benjamin.
— Nem pense em recusar! Você precisa distrair essa cabeça dos fantasma e demônios. Então, por favor, vá à festa. Se quiser posso te buscar às sete. — Ele deu uma leve picadinha e eu suspirei.
Mas eles tinham razão. Porque estava me remoendo dessa forma se Lorenzo provavelmente estava vivendo o resto que lhe sobra aqui na terra aproveitando ao máximo? Sem nem se importar com os meus sentimentos? Nesse momento, enquanto meu coração sangra de tanto pensar nele, ele provavelmente deve estar tentando ao máximo nem lembrar o meu nome.
Eu precisava esquecer assim como ele me disse para esquecer, precisava apagar qualquer vestígio de sua existência, precisa fazer com que minha mente seguisse em frente. Porque tê-lo de volta eu jamais teria.
