A vida e a morte constituem o limite extremo da existência humana. Os seres humanos nascem para morrer, respiram para deixar de respirar, seus corações batem para deixar de bater e suas vidas surgem para desaparecer.
O ciclo sempre foi assim, se rep...
O amor é como o vento, você não pode ver, mas pode sentir. ~ Nicholas Sparks
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Narrado por Lorenzo
A noite foi mais estranha do que eu imaginava. Pela primeira vez em muito tempo, senti aquela sensação de estar sozinho e perdido novamente. A sensação que me pareceu muito familiar já que há dez anos atrás, era a única que eu conhecia.
É estranho estar no mundo de novo, é estranho depois de dez anos, suas lembranças surgirem novamente, lembrando que você morreu a todo instante. Lembrando que você não foi o suficiente, que não teve uma boa vida, que se arrepende a cada segundo que passou e que nunca terá a oportunidade de mudar o passado.
É triste demais estar morto quando sente que não viveu o suficiente. Mas será que em algum momento eu realmente estive vivo? Será que minha vida como matéria foi muito diferente da minha vida como alma?
Será que... que alguém sente a minha falta?
Passei aquela noite pensando em como eu podia ter feito diferente. E acho que uma das piores sensações é a do arrependimento, pois é a única que não passa.
A tristeza vai embora em um determinado tempo, a ansiedade tem o seu momento de pausa, a felicidade nem sempre é eterna assim como o medo, a coragem, a raiva... Todos esses sentimentos agem em um certo momento. Mas o arrependimento não.
O arrependimento é o único sentimento que ficará gravado para sempre em seus pensamentos.
Não importa quanto tempo passe, você sempre terá em mente a pergunta "por que não fiz isso quando tive a oportunidade?"
E é por isso que não se pode deixar que o orgulho e o medo falem mais alto e te impeçam de fazer algo no qual vc fará essa pergunta frenéticas vezes no futuro.
Lendo as palavras dentro daquele diário que por alguma razão, eu podia tocar, senti toda aquela onda de tristeza se apossar da minha alma. Todos aqueles sentimentos registrados com toda a intensidade do momento, foram suficientes para despertar a angústia que vivi no passado.
Passei a noite sentado em um prédio bem alto, analisando as ruas da cidade e me perguntando o que faria se ainda estivesse vivo.
Se ainda deixaria o meu passado me afetar da forma que me afetava há dez anos atrás. Será que eu seria diferente se ainda estivesse vivo?
Observei aquele papel dado pelo anjo tão simpático e me perguntei se perderia a chance que o tal Deus me deu de ser diferente. Mas como ser diferente se não sei por onde começar?
E passei longas horas analisando o céu estrelado da noite e me recordando de quando meus pais, que ainda me consideravam um filho, me diziam que na morte as pessoas viravam estrelas. Eles ficariam chocados ao saber que não viravam, não.
