50. Bem-vindo ao céu, Lorenzo.

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Você tem todo o tempo do mundo até que não tenha mais. Eu estava apostando no para sempre, mas o para sempre vem e vai.
Nunca pensei que teria que te conhecer como uma lembrança. Agora estou ensaiando todas as coisas que eu diria se você estivesse na minha frente.
~ Jamie Miller

Narrado por Lorenzo

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Narrado por Lorenzo.

Sentir os seus lábios nos meus foi uma sensação ainda melhor do que eu imaginava nesse tempo todo em que apenas pude observar os seus lábios macios de longe, sonhando em como seria encostar a minha boca na sua. E nesse momento em que eu agarrava a sua cintura, com o seu corpo próximo o suficiente para que o calor passasse para o meu, eu não conseguia pensar nas consequências.

Só conseguia pensar em senti-la mais, em beijá-la até perder o fôlego que ela me devolveu, em sentir o seu gosto até me sentir saciado.

Seu gosto não era como o de mel, que eu acreditava firmemente ser, mas era algo melhor do que isso. Seu gosto era tão fascinante que me fazia delirar.

Apertei a sua cintura com uma das mãos e a outra levei até os seus cabelos, aprofundando mais o nosso beijo enquanto sentia suas mãos puxarem os fios do meu cabelo. Ayla parecia tão imersa quanto eu, parecia desejar aquilo na mesma intensidade do que eu.

Foi impossível não sorrir ao sentir quando puxou o meu piercing delicadamente com sua boca, de uma forma que me deixou encantado.

Puxei o seu corpo para cima e a fiz passar suas pernas em volta da minha cintura, em um movimento rápido, sem perder o contato com os seus lábios. Toquei as suas costas na parede e senti que tudo estava perfeito naquele momento.

Deus estava certo, eu realmente deveria ama-la. Ayla realmente foi feita para mim. Tudo nela foi feito para saciar o desejo que ardia em meu peito. Ayla foi desenhada para ser exclusivamente minha.

E aquilo me deixava ainda mais certo do que estava fazendo. Não me importava mais com o que aconteceria depois, o importante é que agora nossa pele estava próxima o bastante, nossas bocas mantendo o contato perfeito e nossa respiração ofegante da forma que deveria estar.

Irônico é ela tirar completamente o meu ar quando é capaz de me devolvê-lo.

E quando já não aguentavamos mais manter o contato de nossas bocas, ela se afastou, com as mãos delicadas em meu rosto e os olhos penetrantes encarando os meus. Eu segurava a sua cintura enquanto suas pernas ainda estavam ao redor de mim, sentia vontade de eternizar aquele momento para sempre.

Eternizar a imagem perfeita que eu podia visualizar. A mecha loira que caía em seu rosto mostrando o quanto baguncei seus cabelos, os olhos brilhantes e mais dourados que o comum, o seu peito que descia e subia tentando puxar o ar de volta para os seus pulmões. Queria eternizar o quanto ela estava linda.

Mas, de repente, os olhos de Ayla não carregavam mais aquele brilho. De repente, estavam repletos de lágrimas enquanto suas sobrancelhas se encontravam levemente franzidas. Ela ainda me encarava, passando seus dedos levemente em minha bochecha.

Eu balancei a cabeça para os lados ao ver que os seus lábios estavam prestes a dizer o que eu tinha tanto medo de escutar. Agarrei os seus braços de maneira firme, pois a partir do momento que aquela frase com três palavras escapasse de seus lábios, tudo mudaria.

Mas da mesma forma como eu tinha medo de escutar, queria imensamente que dissesse aquilo, e que me permitisse dizer quantas vezes eu quisesse.

— Eu te amo, Lorenzo. E é por isso que vou abrir mão de você. — Assim que declarou aquelas palavras, minha vida pareceu passar diante de mim como um filme em câmera lenta. A imagem dos olhos marejados de Ayla de repente ficou turva, dando lugar a momentos de minha vida.

Minha mãe gritando após me ver chegando tarde...

Minha irmã caída no chão do quarto e a carta que me deixou...

Meu pai perguntando o que fez de errado em minha criação...

As risadas altas no salão após Henrique furar Fábio com agulha de tatuagem...

Até o exato momento em que a bala se aproximou do meu rosto e tudo ficou escuro...

— Não! — Gritei, me afastando de Ayla assim que pude ver o brilho que surgiu na minha forma de ar, o mesmo brilho que surgiu ao redor da alma de Íris assim que desapareceu a horas atrás. Um brilho que estava me fazendo desaparecer aos poucos de forma horrorizante. — Não! Não diga isso! Você não pode dizer isso! — Eu dizia desesperadamente para ela, recebendo lágrimas como resposta.

Ayla sabia que era a única que podia me fazer ir aos céus. E não estou falando apenas de receber a salvação eterna.

Tentei me aproximar dela, mas quando dei o primeiro passo para alcançá-la e nunca mais solta-la, desapareci.

Sumi de seu quarto e tudo ficou escuro.

Acordei sentindo minha cabeça doer mais do que o costume, agora realmente parecia que eu tinha um cérebro ao invés de uma quantidade significativa de ar ocupando o lugar onde deveria estar um cérebro. A iluminação do lugar não facilitava e fazia com que minha cabeça doesse ainda mais ao passo que minha visão se embaçava.

Me levantei sentindo algo macio embaixo de mim, como formas de nuvens fofinhas. Uma brisa de ar fresca soprava em meu rosto trazendo com ela uma sensação parecida com paz.

E assim que meus olhos se abriram lentamente, pude enxergar ao meu redor.

Pessoas caminhavam com vestidos braços  e sorrisos enfeitavam seus lábios. Crianças, adolescentes, adultos e idosos; todos, sem exceção caminhavam alegremente pulando sobre as nuvens.

Aquilo só podia ser um sonho. Eu não poderia... eu... eu estou no céu?

E isso ficou ainda mais claro quando olhei na direção para qual as almas caminhavam tranquilamente. Um portão se estendia a uma distância de 30 metros de mim, um portão tão brilhante quanto ouro, guardado por dois seres enormes com asas ainda maiores que as de Myel. Seres que sorriam e cumprimentavam aqueles que passavam pelas portas.

E quando senti uma mão em minhas costas, despertei de meu transe e olhei para trás, assustado.

— Bem-vindo ao céu, Lorenzo. — Um dos seres celestiais, de porte alto, sorriso gentil e roupas branca estendeu a sua mão e pediu para que eu o acompanhasse.

Então... eu estava no céu?
Então... eu perdi minha loirinha?

Te Encontrei Para Me AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora