Capítulo 37, Como?

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Katara

O vento cortante chicoteia meu rosto, frio e implacável, enquanto a águia gigantesca nos leva para longe, suas garras poderosas segurando a mim e a Ty Lee como se fôssemos nada mais que presas. Minha pele arde com o impacto do ar, meus olhos lacrimejam, e é difícil até mesmo respirar com a pressão. O mundo abaixo de nós é um borrão de cores escuras, montanhas, árvores e rios passando como um sonho distorcido.

Minha mente está a mil, tentando encontrar uma solução, as garras da águia são como aço, apertando minhas costelas com força. Tento reunir minha energia, buscando a água no ar ao nosso redor, mas a altitude e o movimento tornam isso quase impossível. Estico o braço, forçando cada pedaço de minha vontade, mas as gotas que consigo reunir se dissipam quase imediatamente, perdidas no caos do vento.

— Katara! — Ty Lee grita acima do ruído ensurdecedor, sua voz carregada de uma estranha mistura de medo e calma. — Você tem que confiar em mim!

— Confiar em você? — Minha voz sai entrecortada, lutando contra o barulho. — Estamos a milhares de metros no ar, Ty Lee! O que você acha que podemos fazer?

Ela não responde de imediato, mas consigo vê-la se movimentar, seus olhos arregalados fixos em algo à frente. Sigo seu olhar e vejo uma enorme árvore, seus galhos se estendendo como braços gigantescos para o céu, ela parece crescer desafiando o terreno ao seu redor, uma torre de esperança no meio da vastidão selvagem.

— Essa é nossa chance! —Ty Lee grita. — Quando estivermos perto, precisamos nos soltar e cair nos galhos!

— Está maluca? — Gritei, não para que ela me escute, mas por confusão. — Vamos morrer antes de chegar no chão!

— Você prefere esperar que essa coisa nos devore? — Ty Lee rebate, seu tom ainda com aquela calma desafiadora. — Confie em mim, Katara… Já fizemos saltos muito piores.

Eu me seguro com mais força nas garras da águia, meus dedos doendo com a pressão. Mas Ty Lee continua me olhando, seus olhos brilhando com determinação. Não sei como, mas há algo nela que me faz acreditar, não na lógica do plano, mas na nossa força.

—Está bem! — Grito de volta, minha voz trêmula. — Mas você vai primeiro!

— Como quiser! — Ty Lee sorriu, como se fosse apenas uma diversão normal de uma quinta-feira.

A árvore está cada vez mais próxima, posso ver seus galhos balançando, sólidos, mas ainda assim perigosos, meu coração martela contra meu peito, e tudo dentro de mim grita para não soltar. Mas então Ty Lee se move, torcendo o corpo de uma forma que só ela conseguiria. Com um movimento ágil, ela se solta das garras da águia, caindo em um salto que parece impossível.

— Agora, Katara! — Ela grita enquanto agarra um galho grosso, balançando como se fosse um trapezista.

Fecho os olhos por um momento, tomando uma respiração profunda, então, com todo o medo e coragem que consigo reunir, faço o mesmo, me solto. O vento ao meu redor parece gritar enquanto despenco em direção à árvore, os galhos se aproximando em um borrão. Estico os braços, procurando algo para agarrar.

Minha mão encontra um galho, mas o impacto é brutal, e meu ombro dói com a força. A gravidade me puxa para baixo novamente, mas meus dedos seguram firmes. O mundo finalmente para de girar, e estou pendurada, ofegante e com o coração disparado.

— Eu disse que conseguiríamos! — Ty Lee já está sentada em um galho próximo, olhando para mim com um sorriso vitorioso.

— Você é louca, gata. — Respondo, tentando recuperar o fôlego, mas, no fundo, estou grata. Ela tinha razão e ainda estamos vivas.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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