Jane
Meu calcâneo doía insistentemente enquanto eu andava pelas ruas quase desertas, próximas à Base. O único momento bom que tive durante o dia foi há meia hora atrás, com o Mike no banheiro, e um hambúrguer de carne não era o bastante para conseguir me fazer recarregar as energias.
Eu havia enviado um grupo para vigília no primeiro quarteirão da Base, com o intuito de fazer alguns soldados menos experientes terem a oportunidade de participar do mundo além das paredes da Base.
Eles eram mais como um grupo de pesquisa do que de intervenção, na verdade, mas estavam munidos de armas suficientes para conseguirem despistar os demogorgons e voltar à Base caso algo inesperado acontecesse.
Não era o bastante para lidar efetivamente com eles, é lógico, afinal dos responsáveis por "limpar as ruas", era o pessoal da Patrulha, mas eles haviam sido liberados hoje por motivos de manutenção no jeep que usavam para trabalhar.
É, eu sei que deveríamos ter outro disponível para caso um imprevisto acontecesse, e até tínhamos se o General não estivesse fissurado demais com o Mike para prestar a atenção no andamento da construção do jeep substituto.
- Onde estão os outros? - eu pergunto para Dean e Bárbara, assim que os encontro sentados na calçada da rua que esperei que todos estivessem.
Dean desvia a atenção do notebook em seu colo assim que ouve a minha voz, ajeitando os óculos sobre os olhos castanhos. Ele era como um pequeno gênio da computação, futuro seguidor dos passos de Will e essas coisas, talvez por isso eles se davam tão bem.
- Da última vez que os rastreei, estavam há quase dois quarteirões daqui.
Barb continua a informação iniciada pelo colega:
- Eles foram conferir se havia mais demogorgons espalhados pelos arredores e...
- Quem os mandou tomar as rédeas de uma nova missão assim?
Dean e Bárbara baixam a cabeça, em silêncio, indicando que os idiotas haviam decidido arriscar, sem a posse de equipamentos adequados para uma patrulha mais a fundo, por conta própria.
Fecho os olhos, puxando o celular do bolso do macacão para tentar contatar o grupo de soldados destruidores de regras, mas o maldito estava descarregado, e eu não havia saído de casa com algum outro dispositivo de comunicação.
- Me empreste o seu comunicador. - peço, ou melhor, exijo para Dean.
Ele pega o aparelho ao lado do seus joelhos dobrados, erguendo-me sem contestação.
Assim que alguém atende, questiono em tom aborrecido:
- Onde vocês estão?
A risadinha cínica do outro lado faz o restante da minha paciência ir embora.
- É você, chefa? Dean e Bárbara não aguentaram ficar de boca fechada, não é? - a voz pingando escárnio do outro lado da linha pertencia ao Troy.
Tinha que ser aquele imbecil para inventar uma coisa assim.
Eu teria espremido o aparelho em meu ouvido, só de raiva, se não estivesse o segurando com a mão enfaixada que por sinal, não parava de latejar.
- Seu filho da puta - eu deixo escapar, fechando a mão livre - como você é tão medíocre a ponto de passar por cima das minhas ordens e ainda arrastar os outros para uma área de perigo?
- Olha a boca, chefa, você não está sendo nada profissional. - ele continua sorrindo do outro lado da linha - Estamos todos bem, não precisa de preocupar. Ninguém aqui é mais criança.
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Mileven: Two Worlds
RandomE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...