Mike
A Max não levou El para andar de Skate no dia seguinte como havia sugerido.
Devido a uns contratempos - Lucas Sinclair o nome - só conseguimos remarcar o passeio um par de dias depois, o que acabou sendo melhor pois pude passar um tempo mais a sós com a novata.
Era difícil encontrar um adjetivo que descrevesse a Eleven. Ela era uma grande incógnita, é claro, mas eu adorava matemática e mais ainda, adorava desafios, o que vinha tirando a paciência dos meus amigos, especialmente do Lucas. Minha insistência em descobrir quem era ela continuava firme, sem apresentar indícios de mudança.
Skate não era a sua praia e isso não foi algo difícil de se identificar. Max até tentou ensiná-la de outras maneiras, com linguagens diferentes, e se esforçou ao máximo para não cobrar-lhe tanto as técnicas necessárias para a execução de certos movimentos, mas a garota não levava jeito para a coisa.
Após a sexta e consecutiva queda na pista, Eleven desistiu de tentar aprender as manobras, levando a Mayfield a gargalhar alto afim de não se permitir frustrar pelos esforços em vão.
El não se machucou tanto, mas os vários ralados pelo corpo foram o bastante para distanciá-la da paixão da minha amiga ruiva e eu não a culpava. Também havia tentando aprender, mas fui um fracasso total em todas as tentativas e até cheguei ao ponto de passar uma semana sem conseguir andar direito.
Agora, deixando de lado toda essa experiência traumatizante com o skate, eu e a baixinha caminhávamos lado a lado pelo parque para que ela pudesse ver um dos únicos pontos de diversão que ainda tínhamos erguido.
Eleven, ou seja lá qual fosse o seu verdadeiro nome, definitivamente não pertencia a aqui. Via-se isso no modo como as personalidades com as quais esbarrávamos a assustava e em como seus olhos sempre estavam inquietos, observando tudo ao seu redor.
Passamos entre um carrinho de maçãs do amor e vejo a atenção da garota ser desviada para a fruta de cor vívida, me lembrando uma criança ao ver seu tão desejado pirulito de arco-íris.
- Você quer? - pergunto, indicando a maçã envolta de açúcar.
- Não precisa. - discorda ela, mas seus olhos não demonstram a mesma vontade.
Empurro seu ombro de brincadeira, incentivando-a a assumir.
- Eu estou vendo você salivar só em olhar para uma daquelas belezurinhas ali.
- Eu adoro maçã do amor. - admite baixo.
Hora da surpresa.
- Então está na mão. - anuncio, mostrando-a o que tinha na mão que mantinha escondida atrás do corpo.
- Ai, meu Deus! - exclama ela, encarando o doce em minhas mãos com adoração.
Eu havia comprado uma há pouquíssimos minutos, quando El fora ao banheiro, e esperava realmente fazer-lhe algum tipo de surpresa.
Sorrio para a sua empolgação, mas eu não esperava que fôssemos tomar o impulso de morder a maçã no mesmo instante.
Assim que o fizemos, a morena ergue os olhos para os meus. Com alguns feixes solares incidindo sobre o seu rosto, as íris são iluminadas com uma tonalidade ainda mais bonita de mel, o que me causa uma espécie estranha de hipnose.
Após alguns segundos, que mais pareceram longas horas de um silêncio constrangedor, El se afasta, desviando os olhos para longe de mim.
- Acho que daqui a pouco a Lucile vem atrás de nós. - ela diz sem jeito, limpando os lábios açucarados no dorso da mão.
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Mileven: Two Worlds
RandomE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...