Código vermelho para Wolfhard

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Jane

- Pode entrar.

Empurro a porta destrancada automaticamente ao consentimento do meu superior, sustentando a pasta transparente em um do braços.

- Com licença, senhor. - peço, agindo como a soldada de atitudes maquinais que sempre fora - Trouxe os documentos que solicitou.

O general se inclina para frente em sua cadeira giratória de estofado bege liso, fitando a pasta esticado em sua direção com tangível interesse.

- Oh, sim. Excelente.

O que está em suas mãos neste exato momento, são os exames de Mike. Tomografias, ultrassonografias, resultados da ressonância magnética, dois tipos de hemograma...todos realizados após o incidente com o titânio durante o nosso confronto com os demogorgons.

Quando eu disse a Mike sobre seu estado impressionante de saúde, não havia mentido. Ele estava bem, muito bem na verdade, mas não era aquilo que meu superior estava vendo agora.

Contando com uma de suas formações acadêmicas, em radiologia, ele não sentia dificuldades em analisar exames, e o vínculo profundo entre suas sobrancelhas me diziam que a pequena intervenção de Lancelotti havia desenvolvido fora um sucesso.

Lancelotti era um dos ajudantes do Dr. Owens, mas ao contrário do mais velho, podia ter seus serviços comprados facilmente por algumas cédulas de dinheiro; e foi justamente dessa sua particularidade que eu me aproveitara para conseguir alterar os verdadeiros resultados dos exames do meu mais novo parceiro.

Se alguém mais, fora o médico, soubesse que Mike estava em perfeitas condições neurais e físicas, e consequentemente oferecia risco à segurança de todos os militares daquela Base, com certeza dariam um jeito de apagá-lo do mapa. Até onde eu sabia, além do titânio não era conhecido outro tipo de material que poderia agir eficazmente contra os Fugitivos, o que causaria pânico geral uma vez que se parasse para pensar que não havia mais como parar o Mike.

General Evans guarda os documentos de volta à pasta em silêncio, se pondo de pé em seguida.

Ele caminha até estar mais próximo de mim, guardando uma mão no bolso da frente de sua calça social. Suas íris azuis adquirem um brilho perigoso ao me fitar diretamente, mas não estou com medo. 

Tenho medo de nunca conseguir sair daqui, de nunca conseguir levar uma vida real, livre de todas essas farsas que estou presa desde pequena, mas dele? Não.

- Você não seria capaz, em hipótese alguma, de trair a sua família, não é mesmo Jane? - questiona, fazendo uso de uma nota de intimidação que já o vi usar com outros soldados.

- Negativo, senhor. - minha voz sai confiante, do jeito que precisa ser.

Um meio sorriso satisfeito substitui linha séria entre seus lábios franzinos.

- Foi o que pensei. Está dispensada.


Me encontro no salão de jogos quando Will chega. Assim que ele passa pelas portas de vidro principais, meus olhos estão atentamente acompanhando-o.

Não há tempo a ser perdido, sei que provavelmente meu irmão já cumpriu a sua parte do que combinamos com Mike mais cedo. Eu fiquei responsável de avisar aos Fugitivos sobre a mudança nos planos iniciais, e Will, de desenvolver um meio para esse aviso ser repassado sem que corrêssemos um risco maior de ser sintonizados pelos escutas de plantão da sala de comandos da Base.

Ele coça um ponto próximo à sobrancelha direita, baixando a mesma mão para fora do grande tabuleiro de xadrez entre as suas mãos, e então vira-se de costas para mim, caminhando na direção de um de seus colegas que parece entretido com o Xbox.

Mileven: Two WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora