Jane
- Como estão indo as coisas por aí? - eu pergunto assim que abro a porta da sala de vídeo, baixinho para que ninguém a mais pudesse me ouvir.
Will vira a cabeça na minha direção com a testa enrugada em decepção.
- Nunca imaginei que hackear os sistemas do auditório era tão simples.
Me aproximo da cadeira giratória na qual ele está sentado, apoiando uma mão em suas costas.
- Como está a Lucky?
- Como uma onça enjaulada que não é alimentada há três dias. - Byers é rápido na resposta.
Prendo uma risada.
- Essa é uma boa comparação.
Ele se inclina sobre a bancada para digitar algo que não consigo ler, mas em seguida outras duas câmeras também saem do ar.
- Pensei que você fosse visitá-la. - Will admite, tomando cuidado com o que fala - Sabe, tentar um acordo de paz ou coisa do tipo, já que agora estamos todos trabalhando do mesmo lado.
Coço o couro cabeludo acima da testa.
- Ela me odeia com todas as forças que há em si. E também não é como se fosse a minha pessoa favorita no mundo. - acrescento.
Will não franze o cenho, nem suspende as sobrancelhas como esperado, apenas abaixa a cabeça em um meio aceno positivo.
- É, eu sei.
- Mas e aí? - eu desvio o assunto, percebendo que uma das câmeras focalizara algo curioso.
- Eles deram o sinal. - diz o castanho, apontando para a tela que mostra a visão exterior à Base, onde é possível ver algo brilhando acima de um dos prédios mais altos, provavelmente um caco de vidro posto contra a luz do sol.
Will vira a cabeça para mim, analisando o meu rosto.
- Sabe o que fazer, não é?
Sinto um medo estranho me atingir. Até então, eu não estive tão nervosa, mas agora, recapitulando tudo que estávamos prestes a enfrentar, era como se o peso do mundo estivesse sobre os meus ombros.
- Jane?
Balanço a cabeça em afirmação, enchendo os pulmões com a maior quantidade de ar possível.
- Sim, eu sei o que fazer.
- Ei - meu irmão se separa do computador e se levanta, vindo me abraçar.
Recebo o seu abraço de bom grado, inspirando fundo a fragrância refrescante que seu perfume trazia, que sempre fazia eu me sentir em casa.
- Tenha todo o cuidado do mundo, ok? Eu te amo. - ele avisa, me apertando como fazia desde pequeno, quando precisávamos encarar algo perigoso.
Will não era muito de demonstrar medo ou insegurança, entretanto eu conhecia os sinais que indicavam o seu receio. E me abraçar como se fosse a última coisa que estivesse fazendo na vida, era um deles.
- Eu também te amo. E se você morrer, eu te mato. - brinco, para descontrair um pouco a tensão que emana de nós dois.
Há um soldado guardando cada saída e entrada do centro militar, o que, sem dúvidas alguma, já havia sido incluído ao plano desde o princípio. Como hoje era um dia "especial", a vigília dentro e fora da Base estava muito bem reforçada.
Encontro com um deles quando chego a uma das áreas menos utilizadas de todo o prédio, onde uma das partes principais do nosso plano iniciava-se.
Cumprimentamos um ao outro com um aceno de cabeça quase formal.
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Mileven: Two Worlds
AcakE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...