Sanidade por um fio

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N/A: Saudades, galerinha <3

Mike

Com toda sinceridade possível, não sei dizer se foi decepção ou alívio que me inundou a partir do momento em que despertei.

 Deveria mesmo ser muito azar ser atingido pelos militares, capturado e não ter morrido no meio do caminho. 

 Um pensamento um tanto mórbido, não é? Mas, ainda assim, real. Eu sabia o que me esperava e preferiria a morte duas vezes ante ter que encarar os torturantes testes científicos outra vez.

 E isso na melhor das hipóteses.

 Encontrava-me deitado numa cama forrada de branco, daquelas que encontramos em um hospital, dentro de uma jaula de titânio. Pisco, me levantando indelicadamente para sentar no colchão esguio e danço os olhos pelas altas barras ao meu redor.

 Eu estava de volta à maldita jaula, entretanto essa era diferente da qual eu me lembro; bem como a sala em si.

 Não havia janelas, talvez justamente pelo que eu fiz no passado, nem muitos objetos frágeis como o vidro e seus variantes.

 Sou puxado por cabos finos quando tento impulsionar o corpo para fora da cama, o que me leva a notar alguns eletrodos agarrando-se ao meu tórax como sanguessugas. Realmente não faço ideia de como eles conseguiam tirar aquele maldito acesso com tanta rapidez nos filme.

 Aproveito para dar atenção também à minha coxa e só neste momento percebo estar vestido com uma bata hospitalar; o músculo antes atingido agora se esconde atrás de grossas faixas de gaze, me fazendo recordar sobre ter ouvido, em algum instante, vozes ao meu redor dizendo que seria encaminhado à sala de cirurgia.

 Estava grogue demais para me lembrar de alguma coisa com clareza. O dardo tranquilizante que a Jane usara era de uma precisão que eu nunca tinha visto antes, provavelmente uma das mais novas invenções da ciência militar.

- Olha só, parece que nossa princesa Aurora acordou do seu longo sono. - assovia uma voz masculina.

 Ergo a cabeça, percebendo que tenho a companhia de um trio de militares. Franzo as sobrancelhas para um deles em especial, cujo olhar goteja superioridade.

- Confesso que de todas as fisionomias que passaram pela minha mente, nenhuma delas se parecia com você. - o cara da frente diz com asco.

 Ele estava lá quando Jane me acertara e, pelos traços contraídos no seu rosto, sei que está além de irritado pela garota ter poupado a minha vida. Eu mesmo não sabia se estava feliz e muito menos se poderia agradecê-la por isso um dia também.

Quando menos percebo, um sorriso sarcástico se apodera dos meus lábios, levando-me a responder:

- Uma pena você não ser tão criativo, hein?

A mandíbula do homem salta quando ele leva a mão ao coldre na cintura, tentando me intimidar como qualquer um outro já fez - e faria - em seu lugar.

 Sigo visualmente para onde sua mão hesitante está e então subo os olhos para o seu rosto.

- Vá em frente.

- Não me provoque. - ele estreita os olhos - Eu não pensaria duas vezes antes de fazer um estrago considerável nessa sua cara de sapo!

 Dou uma risada nasalada, familiarizado com aquele apelido. Max me chamava desse e de vários outros que minha mente não era tão apta para acompanhar.

Me pergunto se ela e os outros estão bem e espero que não estejam fritando os neurônios para armar um plano mirabolante a fim de me resgatar; mas eu conheço aqueles cabeças de vento bem o bastante para saber que estão fazendo exatamente isso.

Mileven: Two WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora