Sentimentos controversos

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N/A: Sinto muito pela demora, gente. Apreciem a leitura e ótima semana para todxs! <3


Jane


 Após ter sido nocauteada pelo procurado número 1 de Hawkins, eu me sentia muito abaixo de humilhada.

 Eu era uma boa lutadora, tanto em defesa quanto em ataque, porém não sabia onde essa característica tinha ido parar no momento em que o braço do garoto, antes diante de mim, me golpeou, lançando meu revólver a alguns metros.

 Ele também conseguiu me imobilizar no chão, prendendo meus pulsos em ambas as laterais da minha cabeça. Seus olhos escuros me analisaram de perto, deixando meu coração pulsar nos ouvidos sob a intensidade do seu olhar. 

 O pior é que estou sendo atingida pela luz das suas íris obsidianas e é esse brilho genuíno que me induz a pensar, por um breve instante, que ele pode não ser quem eu andei pensando que era.

 Afetada, viro o rosto para quebrar o contato visual. 

Ele provavelmente está querendo me manipular para que eu veja as coisas a seu modo, um modo egoísta, insano, e que vai contra todas as leis de nosso país; é nisso que resolvo acreditar.

 O farsante recua depois de imprecisos instantes, se levantando e mantendo-se a alguns centímetros distantes de onde estou. Num movimento rápido, se abaixa para pegar meu revólver caído no meio da sala.

 Mal tenho tempo de estar de pé outra vez, quando Mike me direciona uma olhadela consternada, e depois balança a cabeça de moda negativo.

 - Me desculpe, mas eu preciso fazer isso.

 Franzo o cenho.

 - O qu...

 Novamente, não tenho tempo para reagir. Com uma pisada severa em uma tábua de aparência comum, sinto meu corpo ir para baixo simultâneo à ruptura do piso inferior aos meus pés. Eu não tinha prestado atenção na madeira em falso.

 Olho para baixo, onde agora meu pé esquerdo se encontra impossibilitado de fazer a maioria dos movimentos, mesmo os mais simples. Eu caíra numa armadilha, uma típica armadilha que não teria surtido efeito algum se eu tivesse lhe dado uma prévia e  devida atenção.

 Tento puxá-lo para cima, mas uma dor mediana indica que as coisas não serão assim tão fáceis quanto cheguei a pensar.

Agora eu estava desarmada e também presa.

Que maravilha.

 - Mike! - grito enfurecida, todavia ele sequer olha para trás.

 Com o meu revólver enganchado nos quadris estreitos, o garoto não parece nenhum pouco preocupado em atender aos meus chamados. 

 Esperto do jeito que é, sabe que as viaturas estão muito próximas e que certamente não ofereceriam tempo bastante para que ele fugisse pela rua principal; portanto faz diferente e, ao invés de usar a porta da frente como escape, ergue o vidro da janela para apoiar-se no parapeito afim de que o corpo longilíneo atravesse o pequeno retângulo.

 Agarro-me na tábua à frente, trincando os dentes para exercer a maior força que conseguia, mas o esforço me é inútil. Eu não era capaz de alcançar meu pé com as mãos, justamente por ter caído de bruços no segundo em que a madeira abaixo de mim ruiu.

 Deixo a cabeça cair, estou ofegante pela repetitiva e ineficiente tentativa em sair do lugar. Meus cabelos caem pelas laterais do rosto e tenho que soprar uma mecha para longe assim que volto à posição inicial, inconformada em ter que esperar até que os outros aparecessem para me tirar daquele buraco.

Mileven: Two WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora