Mike
Day. Day. Day. - a voz sorridente de Jane repete incessantemente em minha mente.
Mas o que diabos?!
Viro-me sem delicadeza para o outro lado da cama, apertando os olhos impaciente como se isso fosse o suficiente para me trazer o sono.
Não gosto da possessividade que o ciúme oferece, também não gosto de estar irritado dessa forma por algo que provavelmente não deveria. Esse é um sentimento tão mesquinho que não vale a pena ser dado o mínimo valor, mas mais difícil ainda que ser imune aos seus efeitos, é tentar ignorá-lo quando não há mais jeito.
Não me restavam muitas escolhas. Era pensar nisso ou no único sonho que tivera durante a noite passada. Um sonho tão bom, tão surreal, que mais parecia um pesadelo.
Mamãe, papai, eu e Nancy. Estávamos todos lá, em família, felizes e sorridentes, como jamais iria acontecer. Os meus amigos apareciam também, todos animados para a Ceia de Natal que a Mrs. Wheeler preparara, e as risadas me assombram até agora, mesmo acordado, como fantasmas de um passado que não aconteceu e um futuro que não surgirá.
Tento a todo custo não ruir à realidade cruel dos fatos. Não noto que estou chorando até sentir as lágrimas se desprenderem do meu rosto, molhando o lençol amarronzado abaixo da minha cabeça.
Quando abro a porta do banheiro quase no final do dia, não me surpreende o fato de Jane não estar sozinha como de costume.
Ela e Will erguem a cabeça para mim no instante em que deslizo para dentro do cômodo, interrompendo sua conversa cujo assunto me é desconhecido.
- Pronto para uma aulinha? - Will pergunta zombeteiro, com os braços cruzados sobre o peito e o quadril encostado contra o balcão da pia.
Seu braço ainda está enfaixado e olhar para este detalhe sempre me faz engolir em seco. Jane também está, coincidentemente, com um membro imobilizado, e isso pode influenciar muito na nossa fuga. Mesmo que os possíveis esquemas já tenham sido discutidos, não consigo deixar de pensar nas atrocidades que aconteceriam se todo o nosso planejamento fosse por água abaixo.
- Pronto. - eu afirmo com um aceno positivo de cabeça, desviando os olhos para um lado qualquer.
- Então vamos lá.
Jane me fita, dando alguns passos até estar mais próxima.
- Em posição.
Faço o que ela diz, erguendo os punhos na altura do queixo e reproduzindo a minha costumeira pose de ataque, porém tenho certeza que estou pra lá de desajeitado sob o seu olhar avaliador.
A garota pisa na ponta do meu pé para dar ênfase ao que fala a seguir:
- Mantenha sua força aqui no apoio e não no movimento. - ela instrui, uma jovem experiente professora - É mais fácil te desestabilizar quando você está inseguro em sua base, portanto não deixe os pés muito próximos um do outro e muito menos deixe os ombros caídos dessa maneira. - corrige, dando um tapa no meio das minhas costas.
Ajeito as costas de imediato.
- Ótimo, agora me ataque.
O quê?
A baixinha me dá as costas após um longo olhar, segura de si.
- Tente me surpreender.
Movido por um assentir encorajador de Will, aproveito a oportunidade para ensaiar um soco no seu ombro direito, com o pensamento fixo de diminuir a força do movimento é claro, apenas para testar minhas habilidades de concentração.
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Mileven: Two Worlds
RandomE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...