Mileven: Two Worlds

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 Jane

 - Jane! Uau! - exclama Steve, abrindo os braços no chão frio que parecia muito atrativo ao seu corpo em chamas devido a adrenalina.

 Sorrio orgulhosa e estico uma mão para lhe oferecer apoio. Ao nosso redor, soldados assobiam e batem palmas com empolgação, fazendo um coro uníssono com o meu nome.

 - Desculpe, Stev. - peço, lhe abraçando de maneira fraternal.

 Ele me olha por um instante com os lábios entreabertos por causa da respiração acelerada. Como era significativamente mais alto, seu rosto ficava vários centímetros acima do meu.

 - Você tinha dito que iria pegar leve. - resmunga.

 Rio da sua expressão dramática.

 - Mas eu peguei leve. - dou um tapinha em seu ombro - Agora vá pôr gelo nesta sobrancelha antes que fique pior.

 Um corte mínimo havia sido feito em sua sobrancelha acidentalmente por um de meus golpes. A região ao redor estava inchada e irritada, pendendo a ficar roxa bem em breve. 

Me sinto mal por aquilo, eu não queria tê-lo machucado.

 Normalmente, os soldados lutavam de acordo com os seus níveis, que iam do 1 ao 4, mas não estávamos seguindo a rotina. Com a Cerimônia próxima de maneira extrema, os horários de treinamento foram trocados, nos fazendo virar a madrugada em claro várias vezes por semana. Também começamos a lutar com pessoas de níveis diferentes do nosso, o que geralmente trazia muito desconforto para quem era justo.

 - Muito bom, Jane. - a voz do comandante Hopper soa através do interfone da sala - Soldado Harrington, está dispensado. Próximo!

Steve e eu trocamos mais um olhar antes dele prestar continência ao General e pegar seu quepe caído no canto da sala.

   - Boa sorte, garota! - sussurra ao passar por mim.

     Dois soldados que estavam à porta abrem-a para que meu amigo se retire. Ele estava dispensado, o que significava que não seria escolhido para estar presente na Cerimônia.

     Eu estava treinando há dias seguidos e dormindo pouco mais de quatro horas por noite, o que deixava meu corpo semelhante a um fardo. Tudo doía e pesava, como se cada célula tivesse resolvido ganhar sua própria massa.

    Alguém cochicha um "psiu" atraindo a minha atenção para uma moça que estava sentada no canto, esperando sua vez em meio aos outros.

   - Você está bem? - perguntou-me através de seus óculos redondos.

     Me sinto bem com a sua gentileza. Não era muito comum pessoas se preocupando umas com as outras dentro da Base. Nossa linguagem, na maior parte do tempo técnica, nos fazia parecer mais um robô do que humanos de verdade. 

     Tenho vontade de ser sincera e dizer que não, que não estava em minha melhor condição e só queria sair dali o mais rápido possível, mas essa verdade foi sufocada quando arrisco uma olhada para a tela de vidro que nos separava dos soldados de patentes mais altas.

    Eles têm os olhos em mim, atentos a qualquer gesto que eu faça, e papa estava entre eles. As pernas cruzadas uma sobre a outra e o dedo indicador se apoiando nos lábios juntos, demonstravam o quão avaliativo estava sendo seu olhar sobre mim.