Lucas
Observo os girassóis na janela da Mrs. Illis enquanto perambulo pelas ruelas da Periferia, contando com a companhia apenas dos meus próprios pensamentos; afinal, somente eles já eram o suficiente para zunir de tal forma, que não desse para prestar a atenção em nenhuma outra conversa.
As pétalas estão tingidas por um amarelo bonito, tão vívido, que não me surpreende ter parado a caminhada apenas para observá-los mais de perto, sob a aba do boné que mantém escondida boa parte do meu rosto.
Max teria-os adorado. Ela sempre foi completamente apaixonada por este tipo de flor, e isso me fazia arranjar um para ela, pelo menos uma vez no mês.
Sorrio de lado quando lembro do dia em que colhi uma dúzia de girassóis, sendo audacioso o bastante para roubá-los de um sítio nos domínios da Base, apenas para surpreendê-la em seu décimo oitavo aniversário. Eu poderia não ter dinheiro para comprar o presente que queria, e que ela merecia, mas era o mínimo que eu podia fazer para não deixar a data especial passar em branco.
Agora, Max não queria me ver nem pintado de ouro e não havia como culpá-la de alguma forma, depois das coisas que dissera. E adivinha o porquê? Porque eu sou esse idiota covarde que a própria Max fez questão de me recordar.
Tento não repassar toda a nossa conversa outra vez. Já havia me martirizado o bastante por hoje, talvez até pela semana; não adiantava nada ficar relembrando de como eu era infeliz sem ela, se a maldita coragem fugia de mim todas as vezes que eu precisava.
Eu sei o quão estúpida toda essa situação é, o quão estúpido eu sou, mas aquilo realmente era uma grande barreira a ser enfrentada. Eu simplesmente travava no momento em que começava a pensar em relacionamento, no sentido mais profundo da palavra.
Não existiam outras garotas em minha vida. Bem, talvez a minha irmã Érica, ou a minha mãe, que por sinal estavam bem longe de mim, mas a questão é que nenhuma outra garota jamais chegou a significar um terço do que a Max é para mim.
Ela é...nossa, ela é tudo.
Eu a amo. Sei que amo, e sei que corresponde cada um dos meus sentimentos; só que tenho consciência também da atmosfera tóxica que criei para ela. Relações não oficializadas nunca fizeram parte dos planos da minha (ex) garota, além do quê, estávamos naquilo por anos. Eu não sabia como tinha me deixado acomodar tanto ao longo do tempo, o que só contribuía para me lembrar o tamanho da burrada que eu fiz com nós dois.
Volto a pensar em Mike e em toda a situação que tem nos rodeado desde que levaram-o para aquele inferno outra vez.
Investimos uma vez contra um pequeno grupo de militares desde então, um dia depois de sua prisão, porém fomos obrigados a nos recolher outra vez quando foi solicitada uma nova equipe de soldados.
Não conseguíamos lidar com todos eles sem bolar uma boa estratégia, e é justo aí que entraria o papel principal do Mike. Trabalhávamos sempre em equipe, mas sua presença no grupo era de fundamental importância para a estruturação das nossas intervenções; não éramos delinquentes, baderneiros ou qualquer outro adjetivo que possa ser usado como sinônimo destes, como tanto nos rotulavam por aí.
Agíamos primeiro com a mente, sempre, com exceção exclusiva dos alertas vermelhos, momentos dos quais não estávamos preparados para enfrentar, e ainda assim precisávamos encarar.
Mas por mais que tivesse ficado chateado com as minhas acusações contra a nova amiga, Mike era maduro o suficiente para pensar nos dois lados da moeda, afinal não era à toa que estava na liderança da nossa equipe por tanto tempo. E por mais que tivesse feito o seu melhor para nos esconder isso, eu percebia o quão incomodado ele se sentia por não conseguir achar um equilíbrio entre o que a razão e a emoção diziam-lhe para fazer a respeito da garota número onze.
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Mileven: Two Worlds
RandomE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...