Que o futuro nos surpreenda

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Dustin

- Jane, o que aconteceu com a Bárbara? - observo o Steve perguntar.

A garota respira fundo, balançando a cabeça em negação e desvia o olhar para longe do amigo quando lágrimas brilham em seus olhos.

- Oh, merda. - o ex militar lamenta, se inclinando para frente afim de abraçá-la - sinto muito, eu percebi que vocês tinham se aproximado bastante nas últimas semanas.

Jane funga em seu ombro, limpando o rosto molhado com a ponta dos dedos que ainda estão bons.

- Ela era uma pessoa incrível, Stev. Não merecia terminar assim.

- Sei disso. - ele diz em tom reconfortante, afastando os fios de cabelo do rosto da menina em um afago fraternal.

Já fazia algumas horas que pegamos o helicóptero, deixando reinar um silêncio devastador, repleto de pensamentos completos e incompletos, um misto de emoções que nos impedia de reagir como desejávamos, e uma exaustão plausível a tudo que vínhamos enfrentando. 

Havia um kit valioso de primeiros socorros nos esperando lá dentro, e as doses de antibiótico e analgésico que o Mike tomou derrubaria um leão se preciso fosse. Um paramédico estava ao nosso dispor também, e tratou de fazer curativos em cada um de nós antes que pudéssemos cogitar a ideia de ir descansar.

 Will e Mike eram os mais feridos da equipe, e Jane vinha logo atrás, com os dedos da mão engolidos por um círculo ensanguentado que levaria no mínimo uma semana para desinchar parcialmente.

Eu conseguira um pé torcido, duas costelas fraturadas, e algumas esfoliações pelo corpo, mas seguia firme.

Tudo parecia não ter passado de um sonho, na verdade. Um sonho ruim, daqueles que você luta para acordar e não consegue. Não dava para acreditar que estávamos deixando Hawkins para trás, depois de anos de luta, e em compensação não estávamos totalmente felizes por tê-lo conseguido.

Havia coisas que precisaram ser sacrificadas para chegarmos até aqui, uma troca cruel, que não estávamos preparados para nos despedir.

Will geme de dor em seu canto numa poltrona macia, sendo imediatamente acalentado pela irmã, que desliza o polegar pelo dorso de sua mão; ela está exausta, também, porém não tira os olhos do garoto, vigiando-o em seu sono conturbado.

Me aproximo de onde o líder do nosso grupo estava, encolhido no colchonete disposto por ali, com um semblante de quem acabara de despertar.

Conhecendo-o como eu conheço, sei que está se achando a pior pessoa do mundo por tudo que aconteceu de mais recente, e sei também que preciso fazer algo por isso. Ele não poderia carregar o mundo nos ombros sozinho.

- Hey, amigão, como você se sente? - eu pergunto, observando-o ajustar a visão à claridade.

- Não há um único pedaço que não esteja dolorido em mim. - responde, sonolento - Mas e você? E o pessoal? Todos estão bem?

- Todos bem, todos bem - eu garanto, dando um tapinha em seu ombro.

Dou um passo atrás para que ele possa se sentar, devagar, pois há vários machucados espalhados por seu corpo, bem mais do que em mim, acredito que nem todos eles tenham surgido de agora. Só Deus e ele sabiam o que tinha acontecido nessas últimas semanas na Base.

- Eu espero que vocês possam me perdoar por não ter conseguido dar o apoio que vocês precisavam. - ele lamenta, fazendo uma careta incômoda quando o curativo em seu tornozelo fricciona o tecido do assento - Muita coisa poderia ter sido evitada se eu...

- A culpa não é sua. - corto a linha de pensamento auto depreciativa - Não pode salvar todo o mundo e ainda a si mesmo.

Meu amigo levanta a cabeça outra vez, me olhando.

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⏰ Última atualização: Aug 13 ⏰

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