Capítulo 2

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Acordo e percebo o movimento de um carro por estradas que provavelmente não eram pavimentadas, havia som de pedras e o carro estava a se movimentar irregularmente.

Abro os olhos e noto que estou no banco de trás, no meio de dois homens mascarados que visivelmente eram das forças armadas. Minha boca está tapada, assim como minhas mãos e pernas estão atadas com uma corda.

Resmungo e começo a me movimentar com raiva, fazendo com que os presentes no carro percebam e olhem para mim.

-Acordou, Lana do marketing! -diz um dos homens ao meu lado em um tom debochado.

-Tira a fita da boca dela. -o homem do volante ordena e assim se faz.

-Que porra! Que caralhos eu tô fazendo aqui? -eu pergunto irritada após tirarem a fita.

-Não sabemos mocinha, apenas recebemos ordens e executamos. Mas, um spoiler: Nosso chefe acha que você indicaria o início da explosão, e que após o fim da sua fala seria iniciado o ataque. Por isso ele quer que a gente te traga pra ele.-diz o homem a minha direita.

-Que? dou uma risada anasalada e reviro os olhos. Primeiro que eu fui atingida na perna! Segundo, que vocês não podem pegar alguém assim sem provas e levar. -eu disse incrédula.

-Ah se podemos, se tem uma coisa que nós podemos é levar suspeitos ao nosso chefe meu bem. -o homem a direita fala.

Penso comigo mesma o que eu vou fazer, e por qual motivo eu estou sendo levada. Eu tomei um tiro e isso não é levado em conta? Ah pelo amor de Deus. Pera, Kate! Meu deus será que minha amiga está viva?

Resolvo perguntar ao homem que estava do meu outro lado em silêncio até agora.

-Oi.. Bom, a minha amiga ficou lá, ela é uma loira alta e se chama Kat... sou interrompida pelo idiota do lado direito.

-Então Lana do marketing, não sabemos quem é sua amiga, e ninguém viu ela. Aliás, nós meio que te salvamos do prédio que estava desabando. Então, não, não temos notícias dela, pois aquilo estava a porra de um caos! -o homem diz zangado.

-Que merda! Meu nome é Lana, só Lana. Seu metido do caralho, não tenho porra nenhuma relacionada com o acontecimento. Ainda tô com a bala na coxa, e dói pra caralho! Então já que estão me prendendo injustamente, pelo menos me deem notícias da minha amiga, é o mínimo! -digo praticamente gritando.

-Sua amiga está bem. Eu a vi entrando carregada na ambulância. Sou Caleb, esse aí ao seu outro lado é o Simon. -diz o homem a esquerda que estava em silêncio.

-Obrigada Caleb. -digo com um sorriso aliviada.

-Não sou seu amigo. Apenas fiz isso pra vocês dois calarem a porra da boca. -diz Caleb, fazendo Simon rir do outro lado.

Após isso permaneço em silêncio, porém sinto muita dor, acho que estava tão apavorada e preocupada que ignorei totalmente a bala que atravessava minha coxa.
Faço uma expressão de dor e resmungo, chamando a atenção do homem do volante.

-Quando chegarmos você vai na enfermaria. -ele diz

-Tudo bem, eu aguento. Está sangrando pouco. -minto, concordando com ele.

-Tá sangrando pra cacete. -diz Simon.

Simon rasga um pedaço da sua camisa, levanta minha saia, e contorna minha coxa até estancar temporariamente o sangue.

-Já estamos chegando Lana do marketing, eai você terá os devidos cuidados. Por enquanto, isso deve servir. -diz Simon.

-Simon seu infeliz, já falei que é só Lana! E por gentileza, pode baixar a porra da minha saia?

-Lana, vou te chamar de meu bem. E sim, posso baixar a sua saia, levantei só para enfaixar sua coxa, meu bem. -diz Simon, me fazendo revirar os olhos com desdém.

Enquanto o carro se movimenta pela estrada de chão, penso como vou fugir daquele lugar. O chefe deles está lá? Vou mesmo receber cuidados? Onde vou dormir? Me preocupo como vou voltar pra casa, e se eu ainda tenho emprego, sinceramente puta que pariu. suspiro involuntariamente.

-Chegamos. Ajudem ela a descer e a levem na enfermaria. -diz o homem do volante. Aparentemente ele dava as ordens.

-Lana, você consegue andar? -pergunta Caleb.

-Consigo, mas acho que estou mancando. -digo a ele.

-Vem, eu te ajudo até a enfermaria.-diz Caleb, que em seguida me pega no colo.

Ele tinha cerca de 1.97, o que era amedrontador e me intimidava bastante. Não que eu fosse super baixa, tinha 1.65 e não pesava tanto, mas o fato dele me pegar rapidamente sem nem falhar, me deixou com uma batida cardíaca diferente, eu meio que pensei longe. Na verdade, eu não faço nada faz tempo, acho que a é abstinência de transar, desde que descobri a traição de um namorado há 2 anos, me fechei pra homem, meio que uma raiva, sabe?

Fui interrompida dos meus pensamentos ao ser colocada gentilmente na maca da enfermaria.

-Vejamos! Olá, sou Becker, enfermeiro da unidade. Qual seu nome moça? -disse o enfermeiro, que aparentava ter uns 65 anos.

-Olá... Me chamo Lana. Bala perdida, na coxa. -eu digo com um pouco de dor, apontando para o ferimento.

Caleb sai assim que percebe que eu estou conseguindo me comunicar, me deixando sozinha com Becker, o enfermeiro.

-Então, quem é você Lana? -pergunta Becker.

-Pode parecer engraçado, mas na verdade sou só uma vítima de um bombardeio, eu trabalhava com marketingna empresa. Eles acham que eu estou junto com quem planejou, e que sou cúmplice. A verdade é que eu não faço ideia se ainda tenho um prédio pra trabalhar, e nem sei onde estou. -falo com peso e preocupação.

-Pois é, eu sei que você não é cúmplice. É visível quando a pessoa é culpada, ela pergunta sobre onde vai ser o julgamento e quem é o chefe. Já você só quer voltar ao normal, a rotina a ao seu trabalho. -disse Becker

-Ah, o que eu faço? Eu não tenho ligação com ninguém! -digo deixando uma lágrima escapar.

-Apenas seja quem você é, verdadeira. Não tema algo que você não tem ligação, não demonstre ter algo que eles procuram, pois você não é a resposta. Em breve eles perceberão e te deixarão ir, fique calma tá bem? -disse Becker.

-Agora, vamos tirar essa bala mocinha. -Becker aponta para a minha coxa.

Becker tem um jeito sábio e é gentil, apesar da retirada da bala ter doido pra caramba, deu um alívio e sei que em breve vou sarar. Pelo menos posso confiar em alguém nesse lugar...


Presa Com Soldados̷ - slowburn Onde histórias criam vida. Descubra agora