31| Aniversário

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•Música de sugestão:
Billie Eillish - I Love You

Estou no quarto da UTI, olhando para o rosto sereno do Ran enquanto ele repousa em sua cama, entubado e em coma. Hoje é meu aniversário, mas não há nada para comemorar. Apenas a presença silenciosa do meu irmão, lutando pela vida.

Acendo a vela do cupcake que trouxe, observando a chama dançar suavemente. Fecho os olhos por um momento, fazendo um pedido silencioso, um pedido de esperança. Um pedido para que Ran acorde em breve.

Ao abrir os olhos, vejo a vela tremular, iluminando o quarto sombrio da UTI. Apago ela com um sopro suave, mas as lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Este é o meu primeiro aniversário sem Ran ao meu lado, e a dor é insuportável.

Sento ao lado da cama, segurando a mão dele com delicadeza.

— Meu aniversário seria bem melhor se você não estivesse nesse estado. Mas tenho esperança que você vai acordar. — murmuro, com a voz embargada pelo choro. — Eu sinto tanto a sua falta. Por favor, acorde logo. Preciso de você, irmão.

Fico ali por um tempo, perdido em meus próprios pensamentos, enquanto as lágrimas continuam a rolar pelo meu rosto. Este não é o aniversário que eu esperava, mas é o que tenho. E mesmo que Ran não possa estar consciente para celebrar comigo, seu espírito está presente, enchendo o quarto com amor e saudade.

Continuo a segurar a mão de Ran, prometendo a mim mesmo que não vou desistir dele. Ele é meu irmão, minha família, e vou estar ao seu lado até o fim. Mesmo que leve o tempo que levar, mesmo que a jornada seja difícil, estarei aqui, esperando por ele, torcendo por ele, amando ele incondicionalmente.

— Se lembra do ano passado que assim que eu terminei de assoprar as velas você enfiou a minha cara no bolo? — falo e solto uma risada, pela primeira vez em seis meses de pura melancolia. — Eu fiquei bravo naquele dia... mas agora eu sinto falta. Queria que você pudesse fazer isso mais uma vez.

Como o cupcake sem muita vontade. Afinal não estou tendo tanto gosto e ânimo para fazer coisas simples como comer por exemplo.

Nesses seis meses, eu só consigo chorar o dia todo. Não durmo a noite, não tenho concentração na escola e estou tendo dificuldades com as matérias pois a minha mente parece vagar apenas no Ran.

Escuto uma batida na porta, e ao olhar para trás, vejo todos da Tenjiku, que entram no quarto e se aproximam de mim. Eles fizeram questão de estar aqui no meu aniversário. A presença deles é um conforto em meio a tanta dor e incerteza. Kakucho, sempre solidário, sorri para mim.

— Obrigado, pessoal. — digo, com a voz um pouco embargada pela emoção. — O carinho de vocês significa muito para mim, especialmente hoje.

Kakucho coloca a mão no meu ombro e diz:

— Rindou, tem alguém querendo falar com você lá fora.

— Quem?

— Não posso dizer. Só vai.

Confuso, mas curioso, saio do quarto. Ao virar o corredor, vejo Sassy, segurando um presente nas mãos. Ela parece nervosa, mas determinada. Caminho em sua direção, sentindo um misto de emoções.

— Feliz aniversário, Rindou. — diz ela, com um sorriso tímido. — Espero que você goste do presente. E... eu realmente espero que um dia você possa me perdoar pelo o que aconteceu.

Fico hesitante, e ela estende a mão, me convidando para pegar o presente das mãos dela, sinto um peso enorme no meu peito mas pego o presente. Desembrulho cuidadosamente o papel e vejo uma camiseta preta do Mortal Kombat, meu jogo favorito. Fico sem palavras por um momento.

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