•Música de sugestão:
Céline Dion - It's All Coming Back To Me NowA água quente cai sobre meus ombros, escorrendo pelo meu corpo enquanto eu fecho os olhos. Tento me concentrar no som do chuveiro, mas minha mente insiste em voltar para ela. Sassy. A garota que se tornou meu tormento, minha paixão instável.
Lembro dos nossos ensaios para o festival de dança. Os sorrisos que ela me dava, aquele brilho nos olhos que me fazia acreditar que tudo era possível. Os toques sutis, os risos compartilhados. Cada momento com ela era uma pequena eternidade de felicidade. Mas agora, tudo isso parece um sonho distante, uma fantasia que se desfez na cruel realidade.
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas que se misturam com a água do chuveiro. Como tudo pôde desmoronar tão rapidamente? Como ela pôde se afastar de mim assim?
É por causa da gangue. Ela descobriu que sou membro de uma gangue, e agora tudo o que vivemos não significa mais nada para ela. O medo tomou conta do seu coração, apagando qualquer vestígio de confiança que tínhamos construído juntos.
Eu tento me convencer de que foi melhor assim, que ela está mais segura longe de mim. Mas o vazio que sinto é insuportável. Choro silenciosamente, deixando que a água leve minhas lágrimas embora.
As memórias continuam a invadir minha mente. Os momentos de pura alegria, as conversas profundas, a sensação de estar completo quando ela estava por perto. Agora, tudo isso é apenas uma lembrança dolorosa.
Sassy era meu refúgio, minha luz em meio à escuridão. Mas agora, por causa da minha vida, por causa das escolhas que fiz, ela se afastou. E eu fico aqui, no banho, chorando por saber que a perdi. Choro por saber que tudo isso acabou. Choro porque, para ela, o medo foi maior que o amor que eu sinto por ela.
Fecho os olhos com força, tentando apagar essas lembranças. Mas elas persistem, como fantasmas que se recusam a partir. O que tivemos não deveria ter acabado assim. Não por algo tão estúpido quanto a gangue. Mas o dano está feito, e agora tudo o que me resta são essas lágrimas silenciosas.
Fecho o registro do chuveiro e tiro o excesso de água do meu cabelo, abro o box e me seco com a toalha felpuda branca.
Me olho no espelho e vejo que eu sou a definição do belo e proibido. Posso até ser bonito, mas o meu envolvimento com a gangue Tenjiku é a minha maior deformidade.
A raiva e a dor me consome quase que de maneira sufocante. O que me faz dar um murro no espelho e fazer um trincado enorme, com alguns cacos de vidro cairem sobre a pia e cortar a minha mão e dedos.
O sangue escorre tão quente quanto a minha própria raiva e tempestade de emoções que eu nunca imaginei ter.
Saio do banheiro e vou até o meu quarto, me visto e em seguida pego o meu capacete e deixo a casa, sem nem ao menos olhar ou falar com o meu irmão que está sentado no sofá da sala.
— Ran? Aonde você vai? — pergunta Rindou mas eu simplesmente finjo não ouvir.
Caminho em passos pesados até a minha moto, coloco o capacete e ligo a moto. O som do motor me convida para subir, sem ao menos pensar em mais nada que não seja tentar fugir da minha atual realidade.
Subo na moto e acelero. Somente a velocidade é capaz de me fazer esquecer do meu inferno emocional.
A moto ruge sob mim, o velocímetro marcando 260 km/h. As luzes da cidade se transformam em borrões, que passam rapidamente pelos cantos da minha visão.
Sinto as lágrimas escorrendo por baixo do meu capacete, meus dedos e mãos ardem intensamente, devido os cortes profundos ainda frescos do impacto de quando quebrei o espelho com minhas próprias mãos.
É noite, e a escuridão ao meu redor só faz aumentar o vazio que sinto dentro de mim. A cada quilômetro, a dor parece crescer, sufocante, inescapável. Acelero mais, tentando deixar para trás essa sensação desesperadora, tentando fugir das lembranças da Sassy.
O vento bate forte contra meu corpo, mas não é suficiente para apagar a chama ardente do meu tormento. Quanto mais tento esquecer, mais penso nela. Sua risada, seus sorrisos, os momentos que compartilhamos. Tudo isso ecoa na minha mente, e a cada pensamento, acelero mais, como se a velocidade pudesse me libertar dessa dor.
A estrada diante de mim é apenas uma linha indistinta, e eu não me importo com o perigo. Não me importo com nada, exceto com a necessidade desesperada de escapar da lembrança da Sassy. Ela decidiu se afastar de mim, e essa decisão está me destruindo por dentro.
Tenho plena e total noção de que eu a conheço apenas a um mês, sei que tudo isso pode ser apenas uma paixão, e não um amor. Sei que tudo o que eu sinto pode ser apenas precoce e passageiro, mas não... não é isso que eu realmente sinto.
Acelero mais, o motor da moto gritando sob a tensão. Meus pensamentos são um turbilhão, uma confusão de sentimentos que não consigo controlar. A velocidade é minha única válvula de escape, o único jeito de tentar aliviar a pressão sufocante no meu peito.
Mas no fundo, eu sei que não adianta. Não importa o quão rápido eu vá, não importa o quanto eu tente fugir, a dor e as lembranças estão sempre comigo. Sassy está gravada em cada fibra do meu ser, e mesmo a 260 km/h, não consigo escapar dela.
— Sassy... — chamo pelo nome dela enquanto choro por baixo do capacete.
Cada quilômetro percorrido parece um passo em direção ao esquecimento, mas a dor não desaparece. Acelero mais, a paisagem se transformando cada vez mais em borrões indistintos.
De repente, um caminhão à minha frente muda de faixa inesperadamente. Não há tempo para frear. O choque é inevitável.
Sinto o impacto brutal, o metal contra metal, e meu corpo é lançado no ar. A cena se desenrola em câmera lenta: vejo a traseira do caminhão se aproximar e, em seguida, sinto o meu mundo girar.
Rolo sobre o asfalto, com cada contato uma nova explosão de dor. Passo a centímetros dos pneus do caminhão, que parecem enormes, ameaçando me esmagar. O barulho é ensurdecedor, mas estou mais consciente do que nunca do silêncio que se instala dentro de mim.
Finalmente, meu corpo para. Minha visão está embaçada, a dor é quase insuportável. Tudo ao meu redor está confuso, mas o vermelho no asfalto é claro. Meu sangue. Partes da minha moto estão espalhadas por toda parte, um lembrete sombrio do impacto.
Tento mover meus dedos, mas a dor me paralisa. Cada respiração é um esforço, cada batida do meu coração parece um trovão. Sassy ainda está na minha mente, e a ironia me atinge como um golpe final: tentei correr para esquecer, mas a dor agora é física, uma lembrança cruel de que não posso fugir dela.
O sangue continua a se espalhar, se misturando com o óleo e os destroços no asfalto. Minha visão começa a escurecer, e tudo o que consigo pensar é que, mesmo nessa dor insuportável, Sassy ainda está lá, na minha mente, intocável.
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Laços Proibidos (+16)
Fanfiction[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Depois de deixar Shibuya para trás, Sassy chega a Tokyo determinada a começar sua vida do zero. Em busca de um novo começo, ela se matricula em uma nova escola e rapidamente se envolve nos preparativos para o grande f...