•Música de sugestão:
Duncan Laurence - ArcadeMeus olhos ardem tanto como se estivesse em chamas, meu rosto queima, minhas mãos tremem e o meu corpo inteiro estremece enquanto eu tento desesperadamente esquecer a imagem do Ran entubado, naquele estado tão crítico que chega a ser surreal.
Não suportei ficar mais que 10 minutos naquele quarto da UTI. O sofrimento dele e a forma que ele está tão machucado me deixou em choque total, a ponto de eu não conseguir ter forças o suficiente para encarar ele.
Sentada na cadeira da recepção, eu consigo apenas chorar. Culpa, culpa e culpa... é isso a única coisa que eu consigo pensar no momento. Eu fui a causadora do que aconteceu.
Ran tentou buscar uma forma de se esquecer de mim, e isso infelizmente custou a sua vida.
De repente toda a minha solidão mórbida e silenciosa é interrompida pela voz do Rindou que grita e soa como um trovão pela recepção.
Levanto o meu olhar e vejo Muto e Sanzu segurando ele enquanto ele tenta se aproximar de mim.
— SUA MALDITA! — ele grita enquanto chora. — ELE VAI FICAR ENTUBADO POR TEMPO INDETERMINADO! ELE ESTÁ EM COMA! É CULPA SUA! — ele grita e olha para mim. — SE ELE MORRER A CULPA É TODA SUA, SUA MALDITA!
Eu fico assustada com a forma que Rindou fala e age. Todas as vezes que eu o vi e fiquei perto dele, ele sempre pareceu ser uma pessoa extremamente calma e passiva, mas agora ele está se mostrando ser uma pessoa totalmente diferente... agressiva.
Muto e Sanzu o arrasta até a parte exterior do hospital, o impedindo de voltar a entrar no hospital. Ele grita e chora descontroladamente e todas as pessoas na recepção ficam olhando para ele chocadas com as mãos na boca.
Meu corpo ferve e treme. São tantas sensações que eu não sei nem por onde começar. Sinto um peso esmagador encima de mim e dos meus ombros... afinal eu tenho certa culpa nisso tudo.
Passo a mão no rosto e volto para o quarto onde Ran está. O choque ao ver ele daquele jeito ainda é muito grande para mim.
Ele está deitado, imóvel. Há um tubo inserido em sua garganta junto com uma máscara de oxigênio. Há alguns fios de acesso nos braços dele, alguns fios presos em seu peitoral para monitorar os seus batimentos cardíacos e outros sinais vitais.
Me aproximo mais dele, toco o seu rosto que possui alguns cortes, provavelmente provocado quando a viseira do capacete se quebrou.
Seu cabelo está solto, e ele vai até abaixo da sua cintura. Como todas as vezes que eu o vi, seu cabelo está bem cuidado, macio e com um brilho perfeito.
— Me desculpa por tudo isso, Ran. — falo com a voz embargada. — Eu não sabia que isso iria te afetar tanto assim... se você estiver me ouvindo, me desculpa... — falo chorando enquanto seguro a mão dele. — Me perdoa, Ran.
Uma equipe médica entra no quarto e me informa que o horário de visita acabou. Me afasto lentamente de onde ele está mas enquanto me afasto, não tiro os olhos dele.
A culpa cai pesadamente sobre os meus ombros. Ran é uma pessoa independente e livre... agora ver ele nesse estado, do qual ele precisa dos cuidados de outras pessoas me deixa muito mal.
Deixo o hospital, e vejo que Muto, Sanzu e Rindou ainda estão ali. Rindou parece estar mais "calmo", ele está sentado na calçada com as mãos no rosto chorando descontroladamente enquanto Muto e Sanzu tentam o confortar com as melhores palavras que encontram.
Mais lágrimas se formar nos meus olhos e eu saio dali em disparada. Não suporto ver o sofrimento que Rindou está passando por culpa minha. Eu fui o gatilho para Ran perder a cabeça e sofrer aquele acidente que praticamente custou a vida dele.
Caminho apressadamente pelas ruas e calçadas até chegar na cafeteria onde Saori trabalha. Procuro por ela e acabo a encontrando limpando uma mesa.
Me aproximo dela com os olhos ardendo muito devido ao choro.
— Saori, você pode conversar comigo um minuto?
— Claro, Sassy. Vamos para os fundos. — ela diz e me leva até os fundos da cafeteria. — O que aconteceu? Por que você está chorando?
Tento segurar o máximo que consigo do choro, mas não consigo. As lágrimas escorrem em meus olhos e rosto ao me lembrar do estado que Ran está por minha culpa.
— O Ran... ele está em coma, entubado e na UTI. Ele sofreu um acidente grave de moto.
— Meu Deus, Sassy! Como isso aconteceu? — ela pergunta assustada.
— Ele ficou mal com o meu afastamento. Saiu com a moto, acelerando, e acabou batendo contra um caminhão. Eu nunca pensei que as coisas chegariam a esse ponto.
— Isso é horrível. Eu não sei nem o que dizer. — ela diz e passa a mão no rosto. — Você foi vê-lo?
— Sim, eu fui ao hospital. Rindou, o irmão dele, mesmo com um ódio enorme por mim, me levou até lá. Ver Ran assim, tão vulnerável, é devastador. Eu me sinto tão culpada, Saori.
Volto a chorar e coloco as mãos no rosto. Saori parece sentir o meu estado que eu me encontro e não pensa duas vezes antes de me envolver em uma abraço acolhedor.
— Não se culpa assim, Sassy. Você tomou a decisão que achou melhor para ambos. Não podia prever que isso aconteceria.
— Mas e se ele não sobreviver? Como vou viver com essa culpa?
— Ele é forte, Sassy. E você fez o que achou certo. Agora, o importante é estar ao lado dele, mostrar que você se importa. Ele vai precisar de todo o apoio possível para se recuperar.
— Eu só quero que ele fique bem, Saori. Não importa mais o que aconteceu. Eu só quero que ele sobreviva.
— Vamos torcer e rezar para que ele se recupere. — ela diz e me olha, seca as minhas lágrimas e acaricia o meu rosto. — E enquanto isso, você precisa ser forte. Estou aqui com você, Sassy, e vamos passar por isso juntas.
— Obrigada, Saori. Eu não sei o que faria sem você.
— Sempre estarei aqui para você, Sassy. Agora, vamos pensar em como podemos ajudar Ran e também cuidar de você, ok? — ela diz e deposita um beijo na minha testa.
Me sinto mais confortada, mas ainda estou muito mal. Afinal não é só o estado que Ran está que me preocupa, mas sim o estado que o irmão dele está.
Rindou está com uma raiva enorme por mim, quase como se ele desejasse que fosse eu que estivesse no lugar do seu irmão. Ele mal olhou na minha cara e o seu tom de voz está do rígido e seco que me faz arrepiar. Rindou não é assim.
Mas eu entendo o lado dele. Afinal, ele e Ran são extremamente juntos um do outro. E agora ver o seu irmão em um estado tão crítico e grave deve ser muito difícil para ele, sem contar o medo que ele deve estar sentindo em perder o seu irmão caso ele não acorde do coma ou que fique para sempre nesse estado, dependendo de máquinas hospitalares para sobreviver.
Não quero que nada disso faça parte do destino dele. Vou rezar para ele todos os dias, vou implorar para o Grande Pai que traga ele de volta, que ele saia desse maldito coma e que ele fique bem.
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Fanfic[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Depois de deixar Shibuya para trás, Sassy chega a Tokyo determinada a começar sua vida do zero. Em busca de um novo começo, ela se matricula em uma nova escola e rapidamente se envolve nos preparativos para o grande f...