FERIMENTOS PROFUNDOS

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Assim que entrei no meu carro, coloquei a chave em contato, pisando no acelerador e saindo desenfreada, lágrimas de dor e ódio escorriam em meu rosto, não sei se sinto raiva da minha prima, ou da Halle por nunca ter me contato sobre ela, ou se é raiva de mim mesma por não ter conseguido dizer nada.
  Suspiro profundamente, estou usando minha mão esquerda para dirigir, enquanto à outra está banhada de sangue, e pequenos cacos de vidro em contato com a pele.

__Maldição! Eu me odeio por ser assim tão insegura!

Dou um soco contra o volante.

__À Halle não merece alguém imperfeito como eu! Sou um monstro!

Estou gritando dentro do carro, várias lembranças horríveis estão ocorrendo dentro da minha cabeça, me sinto um pouco tonta, meu estômago está revirando, acho que é por causa do vinho que bebi, não gosto de bebidas alcoólicas!
  Pego meu celular, disco o número da minha amiga Devi, ah quanto tempo que não saímos juntas sinto saudades.

Zuuuummm=

__Atende logo Devi, por favor eu preciso muito de você agora!

Após alguns minutos, finalmente ela me atendeu, sendo direta como sempre.

__Alô? Engfa o que você fez agora?

__Devi...eu...eu...não estou bem..

__Você está bêbada Engfa? Sua voz está estranha!

__Eu perdi tudo agora! Eu não tenho mais nada! Eu quero te ver por favor!

__Engfa, me diga onde você está? Eu prometo que vou correndo pra aí!

__Estou indo pra casa agora! Por favor não demore, eu preciso muito de você Devi!

__Eu chego aí em dez minutos!

Desligo à ligação, continuando dirigindo, chego até minha casa, estaciono meu carro, minhas empregadas vieram ao meu encontro, assim que desci, caí nos braços da Nam minha irmã mais nova, que logo me segurou.

__Engfa? Engfa? Acorda! Acorda!

Abri meus olhos lentamente, Nam estava dando tapas em meu rosto, gritava de desespero.

__Alguém me ajuda aqui!

Meus empregados ao ouvir os gritos da minha irmã vieram me ajudar, carregando meu corpo até meu quarto.

__Senhorita Engfa vamos ligar para sua médica particular, a senhorita não está nada bem!

__Eu não quero médicos, não quero nada! Só quero ficar sozinha por favor!

Escutei os passos leves da Nam chegando até meu quarto, ela se sentou ao pé da cama.

__Engfa o que aconteceu com sua mão?
Vou te levar para o hospital mais próximo agora!

__Eu já disse que não vou! Saia do meu quarto Nam, eu quero ficar só!

__Converse comigo, somos irmãs, não me trate assim!

Me viro de costas para parede, fingindo que não estou escutando, Nam faz um carinho na minha cabeça, logo escuto o barulho da porta se fechar, corro até a porta e giro à chave trancando.

__O que há de errado comigo? Por que não consigo controlar esses impulsos!

Aperto minhas mãos fortemente, deixo minha raiva explodir, liberando todo os sentimentos que eu havia escondido dentro de mim.

__Eu achei que você estava falando sério quando disse que me amava Halle!
Talvez você ainda ame a Lookkaew!
Com certeza eu talvez sou apenas um divertimento, apenas um passatempo!

Falo isso enquanto me olho diante o espelho, levo minha mãos até à altura da cabeça, agarrando os fios de cabelos.

__Por que eu me apeguei tanto à ela?
Por que raios eu tive que me apaixonar de novo!
Não vou suportar sofrer novamente por amor!

Me aproximo do espelho, levanto minha mão machucada, puxo os restos de vidros que ainda restavam cravados na pele, à cada puxão era como uma fisgada no peito.
   Assim que tirei todos, olho para os ferimentos, cortes com uma tonalidade avermelhado escuro, comecei a ficar com náuseas, ferimentos profundo, assim como meu coração está... despedaçado.

__Droga! Droga! Eu sou tão patética!
Eu jamais poderia cuidar da Halle como ela realmente merece!
Com certeza a Faye pode fazer ela feliz, me sinto uma psicopata por sentir esse sentimento de possessividade!

Seu nome começa ecoar dentro da minha cabeça, tapo meus ouvidos, fecho meus olhos tentando esquecer tudo o que havia ao meu redor.

__EU ME ODEIO! EU ME ODEIO! EU ME ODEIO! EU PREFERIA MORRER DO QUE ESTÁ SENTINDO ESSA DOR!

Quebro meu espelho causado por um soco forte que eu havia dado, assim que o vidro se partiu ao meio, pedaços foram caindo sob o chão, assim como meu sangue estava se derramando junto.
Um barulho do lado de fora me distraiu....

__Engfa? Engfa? Você está aí dentro?

__Devi.....

__Sim sou eu! Abre à porta eu quero falar com você!

__Não quero que você me veja assim....

__Pare com isso, não deve ser tão ruim assim!

Estou caída no chão, com dificuldade me rastejo até na direção da porta, destrancando a fechadura, Devi empurra, assim que me vê sua pele fica pálida, se abaixa junto à mim, me abraçando.

__Engfa! O que você fez com seu corpo!
Você voltou à se multilar!

Esse era um dos meus segredos, eu já fui uma suicida, machucava meu corpo para deixar minha dor sair através do sangue, fui internada algumas vezes em diversos hospitais.

__Eles estão dentro da minha cabeça Devi!
Eu consigo ouvir-los, estão rindo de mim!

__Para Engfa! eles não vão te machucar novamente, eu não vou permitir isso!
Estou aqui vou cuidar de você!

Devi vestia uma camisa branca, e uma calça social vermelha, me abraçou demonstrando todo seu carinho e afeto, agarrei o tecido, meu sangue havia sujado sua roupa.

__Eu preciso dela Devi......

Não consigo senti os movimentos da minha mão, sinto ela dormente....

__Quem é ela Engfa? Não esconda nada de mim!

Estou me entregando para essa escuridão, minha cabeça está girando sem parar, sinto uma dor de cabeça intensa!

__Eu amo a Halle....

Dizendo isso apago literalmente, minha cabeça cai em seus ombros, então é essa a sensação amarga da perda de quem você ama....Eu sinto muito Halle....espero que um dia você possa me enteder....

TUDO BEM SE NÃO FOR NORMAL ( Faye Malisorn) Onde histórias criam vida. Descubra agora