Rafael
Pablo: vai sair mais tarde? -Tiro minha atenção do computador e o encaro.-
– não, pq? -Ele balança a cabeça sério.- euhem.
Pablo: vamos para barcelona? -Semicerro os olhos inclinando o corpo.-
– fazer o que lá, Pablo? Está em confusão para sair do Brasil?
Pablo: Não, só estou querendo viajar. -Suspirou.-
– vai, o que foi? -Ele nega.- fala logo porra, fica com essa cara de cachorro.
Pablo: você também em! -Falou puto, dou dedo me encostando na cadeira.- acho que fui burro em pedir um traficante em namoro.
– nossa, sério? Pq será né? -Dou uma risada irônica.-
Pablo: Cala a boca que você também tá com um! -Paro de falar.- continuando. Acho que ele não quer assumir, tá ligado? Estou percebendo que ele também está de olho em uma mulher, mas o problema é que ele também não quer me deixar, já conversei e ele deu um doido.
– mas ele está na intenção com outra mulher, acho que ele esqueceu que você também é homem e saca na hora. Mas, o que você fez quando ele não aceitou?
Pablo: Eu terminei, mas ele me ameaçou e apontou uma pistola na minha cara, disse que ia me jogar na vala cheio de tiro, tive que aceitar que não íamos terminar. -nego percebendo que isso de cavar ou jogar na vala, são o que todos fala.- Fiquei quieto também, aí quando nós foi transar, botei sem dó, nem liguei se machuquei ou não, quando terminamos de fazer né…eu peguei meu rumo e deixei ele lá choramingando de dor.
–humm, entendi. -Cruzei os braços.- você está querendo viajar para esfriar a cabeça? -Ele concorda.- de todos os lugares você quer voltar pra Barcelona? Vai pra Maldivas, Dubai, Nova York.
Pablo: seila, tô achando que sou corno, isso sim. -Fez cara feia.- deixo de ser putão, pra ser corno.
– bem vindo ao clube. -Dou um meio sorriso.- enfim, você devia…-Paro de falar quando alguém bate na porta.- pode entrar! -Karina, umas das mulheres que trabalha aqui, entra na sala com uma pasta na mão.- sim?
Karina: vim trazer o que o senhor pediu para o senhor Carlos.- Se aproximou da mesa colocando a pasta na minha direção, pego e deixo em cima da mesa.-
Ela dá uma boa tarde para Pablo que já lança seu sorriso e começa a falar com ela. Encaro ela toda observando bem, Karina é bonita, morena, boca carnuda e cabelo cacheado cheio.
Karina: vai precisar de mais algo? -Falou me tirando dos pensamentos-
– não, pode ir. -Ela balançou a cabeça e virou fazendo sons com seus saltos altos.-
Pablo: Quase comeu ela com os olhos. -Falou assim que ela saiu.-
– bem, uma mulher assim não passa despercebida. -Dou de ombros abrindo a pasta na minha frente.- Ela é casada?
Pablo: divorciada e tem uma filha linda igual a ela.
– como sabe?-Pergunto interessado.-
Pablo: sigo ela no Instagram. Enfim, já vou. -Levantou ajeitando a calça.- se eu for, eu falo contigo.
– tá bom, avisa para a mãe que eu vou sim para o casamento da Viviane.
Pablo: tá, vai ser nesse sábado. -Fiz joinha e ele mandou um beijo saindo da sala.-
Volto minha atenção para o papel na minha frente me ajeitando na cadeira.
[...]
Fecho a porta da sala e passo indo na direção do elevador, o elevador se abre quando eu entro e logo outra pessoa entra exalando seu perfume doce. Encaro de canto com as mãos no bolso, Karina prestava atenção no celular com a expressão nervosa.
As portas do elevador se abre e logo eu saio indo na direção da saída, tiro a chave do meu bolso e vejo que estava chovendo fraco.
– nem percebi que estava chovendo. -Olhei pro céu.-
Karina: já estou indo mãe, cortou muito? -Falou nervosa no celular, eu não sou curioso, mas aquela expressão dela me deixou curioso.- já estou indo para o hospital!
Ela passa depressa e eu vou na direção do meu carro, abro a porta e entro vendo que a chuva piorou, ligo o carro e piso no acelerador saindo do estacionamento.
Passo pela Karina que estava debaixo da árvore e freio com tudo, essa mulher sempre vem de carro? E logo hoje não? Dou a ré e abaixo o vidro.
– entra Karina! -Ela se assusta colocando a mão no coração, ela nega e eu bufo.- vai logo, olha essa chuva.
Ela olhou pro céu onde chovia mais e me olhou preocupada, levanto a sobrancelha fazendo assim ela entrar no carro pedindo licença.
Karina: por favor, vou para o hospital que é perto daqui. -Balanço a cabeça pisando no acelerador.-
Ficamos em silêncio enquanto os pingos da chuva ficava mais forte, ligo o ar do carro olhando para o trânsito péssimo.
Quando estávamos quase perto do hospital meu celular tocou quebrando o silêncio do carro, olho para tela onde tinha o nome do riquiz.
Atendo o celular colocando na orelha.
– fala. -Escuto várias vozes no fundo.-
Riquiz: vai vir? Tô esperando tu pow. -Falou calmo.-
– nem sei, estou meio ocupado agora, mas se eu for, aviso.
Riquiz: tá fazendo o que?
– nada do seu interesse!
Riquiz: tu tá fazendo o que Rafael? -Falou grosso.-
– nada do seu interesse, vou desligar pq estou no trânsito, tchau. -Escuto ele bufar.-
Ele desliga o celular na minha cara tirando uma carranca minha, coloco o celular no meio das minhas pernas e olho para Karina de relance.
Passo pela frente do hospital onde a maluca do meu lado grita me fazendo frear com tudo, ela sai do carro deixando a porta aberta e vai até uma mulher que estava com uma criança no braço. Espero por um bom tempo e ela vem com uma cara meio sem graça.
Karina: me desculpa senhor Rafael. -Falou meio envergonhada com a criança no braço.-
– tudo bem. -Dou um meio sorriso.- vamos, dou carona até em casa.
Karina: não, obrigada. vou indo com a minha mãe.
– Karina, você está com a criança. Fora que se for chamar uber, vai demorar.
Karina: mas… ok, obrigada mesmo senhor Rafael. -Ela vira e chama a mãe que vem sentando no banco de trás, ela me dá boa noite e se ajeita.-
Quando Karina entra eu acelero indo no caminho que ela tinha colocado no gps para me guiar.
Xx: mamãe, tá doendo o queixo. -Falou chorosa.- lala caiu no chão da escola, agora tá doendo.
Karina: me desculpa meu amor, mamãe vai ficar com você amanhã, está bem? -Disse baixo com a voz meia incerta.-
Fico quieto escutando elas conversar e logo chegamos em frente ao prédio dela, a bebê sai com a avó fazendo Karina ficar no carro.
– você está de folga amanhã, pode ficar com a sua filha.- Ela arregalou os olhos e me deu um braço me dando um susto-
Karina: obrigada mesmo senhor Rafael, que Deus abençoe o senhor. -Sorriu se afastando, ela sai do carro e fecha a porta.-
Fico estético no lugar mas nego pegando o celular, aviso para o riquiz que eu ia até ele, a resposta dele foi curta avisando que ia ter um mano no começo da favela de moto que ia me guiar até a casa dele.
Foi como ele disse, segui o homem e logo eu conheci a rua onde o riquiz morava, no portão ele estava em pé com uma bermuda e colete que tinha duas pistola, paro o carro em frente a ele e desço travando.
Riquiz: pensei que não vinha. -Se aproximou, ele pegou no meu queixo dando um beijo, mas do nada ele respirou com força apertando meu queixo com força e empurrando meu rosto para trás.- que cheiro de perfume doce é esse?