Riquiz
– Tu tá Ligado né? Manda os três na barreira piar prá casa e bota mais quatro lá. -Nilo balançou a cabeça apertando o fuzil em sua frente.- manda o papo pro leleu que o caderninho da contabilidade desse tem que tá na minha mesa em quarenta minutos. Pode ir e manda o chumbo entrar.
Ele só balançou a cabeça e saiu. Gosto dele, todo posturado e fica na dele.
Chumbinho entrar xingando Nilo, esse bicho é encapetado, ainda vai levar uma mão na cara.
Chumbinho: papo reto, Nilo pau no cu! -Falou puto.- tua coroa tá completando ano? Vi ela fazendo feira e com bolo.
– tá sim, faz 49 hoje. -Olhei pro chumbinho que me encarou triste.-
Chumbinho: vai tentar falar com ela essa ano de novo? -Nego engolindo seco.-
– tá ligado que ano passado ela falou vários bagulhos, nem olha minhas mensagens. -Coloquei a mão na nuca dando uma mensagem.-
Chumbinho: vai que nesse ano ela fala com tu… -dou um pequeno sorriso pela esperança dele.-
–já faz 10 anos chumbinho…
Ele deu um pequeno sorriso vindo na minha, já vai ele com sua viadagem. Sinto um abraço forte e uns tapas devagar na minha nuca tirando uma risada minha.
Chumbinho: vai que esse ano você consegue? -Balanço a cabeça dando uns tapinhas em suas costas.- sabe que eu te considero um irmão né? Na verdade, enxergo tu como meu pai. Você tá comigo desde que eu era moleque mesmo, considero tu pra caralho! tu é como um pai pra mim, papo reto, vivo sem tu não. -Sorriu passando a mão nos olhos, solto uma risada levantando e o abraçando forte.-
– sabe que eu te considero também né? Gosto de tu pra caramba, um filho praticamente. Se algo acontecer comigo, tudo isso aqui vai ser teu, você vai herdar meu bagulho todo! Passei a visão pro neto faz uma cota.
Chumbinho: para, se não eu choro! -Falou puto empurrando meu corpo.- é o tempo, tô todo fresco.
– Tempo eu não sei, mas fresco tu é. -Dei um tapa em sua nuca.-
Chumbinho: essa porra dói! -Resmungou passando a mão.-
[...]
Olho pro meu pulso vendo a hora,já eram cinco da tarde e eu tô tremendo. Papo reto. Todo ano quando tento falar com a minha coroa no aniversário dela, ela fala um monte de coisa. Mandou até que eu não era mais filho dela, e uns quebrados.
Saio do carro batendo a porta, abro o portão de ferro e entro vendo a casa silenciosa, na porta já vejo meu pai que me encarava feio, ele entrou gritando pra minha mãe que veio até a porta com um pano de prato na mão.
Cícera: Tá fazendo o que aqui.? -Perguntou rude, engulo seco tentando não desviar o olhar.-
– vim te ver, a senhora tá completando ano hoje…-falei baixo.-
Cícera: já falei que não quero você na minha porta, pode pegar seu rumo que na minha casa não se entra bandido!- Apontou pro portão -
– Para com isso mãe. -Dou um passo a frente fazendo ela recuar.-
Cícera: não sou tua mãe! Meu filho morreu há 11 anos atrás! Sai da minha casa agora, não aceito bandido na minha casa! -Veio na minha direção puta, começou empurrar meu corpo na intenção de mandar embora.-
Engulo o bolo que se formou na minha garganta, meu olho arde sentindo o olhar de nojo me encarando enquanto me empurrava.
‐ coé mãe, não faz isso. Vi aqui na maior tranquilidade mesmo depois das coisas que a senhora falou no ano passado. Mandou eu morrer mano, que ia tá feliz se os canas azul meter bala em mim.
Cícera: E isso ainda continua sendo uns dos meus desejos! VOCÊ NÃO É MEU FILHO! FILHO MEU NÃO É DA BANDIDAGEM! Eu me arrependo do DIA QUE EU NÃO TE ABORTEI! Se eu soubesse que você ia ser a porra de um bandido, eu teria matado você! Sua culpa é que a minha vida tá assim, tudo foi Interrompido pq você nasceu!
– fala um bagulho desse não mãe! -Já tava como,. segurando as lágrimas pra não cair.-
Cícera: meu maior erro foi ter parido você, eu preferia mil vezes ter filho viado do que bandido! -Empurrou meu corpo pra trás, quase levei uma queda batendo minha costa no portão.- EU quero que você morra! Eu não tenho filho, meu filho morreu a muito tempo atrás, você simplesmente só é um bastado. Só trouxe a ruína pra sua família, sai daqui e não aparece mais!
Balancei a cabeça saindo e fechando o portão em um estrondo, entro no meu carro sentindo a porra das lágrimas saindo e ligo o carro indo na direção da minha casa.
Não tem idade, não tem pessoa, não tem bandido que aguente escutar a mulher que te criou e que falava que sempre ia amar você, falar um bagulho desse. Eu aguento isso por 10 anos, sempre são as mesmas coisas todos os anos.
Passei pelos caras que fazia a segurança na minha casa e entro fechando a porta com tudo, subo as escadas indo pro meu quarto e sento na cama passando a mão no rosto, tô afim de nada.
Bolei um baseado e fiquei marolhando ali fumando ou lembrando dos bagulhos que ela falou.
Cara, tô ligado que eu não sou perfeito, tenho meus defeitos e tô tentando consertar. Sei que mãe nenhuma quer ver seu filho na vida do crime, Mas as paradas que ela fala mágoa muito, quem manda teu próprio filho morrer?
A noite caiu e eu continuei deitado na cama vendo a luz de fora clarear meu quarto. A luz do meu quarto foi acesa fazendo eu encará-lo na porta do meu quarto.
Rafael: pode ir chumbinho, eu irei ficar com ele. -Chumbinho só balançou a cabeça dando uma olhadinha pra mim e saindo em seguida.-
Rafael senta na cama me encarando com pena, viro ficando de costas para que suspira tocando em minha perna.
Rafael: Vamos tomar um banho, você precisa. -Levantou pegando no meu braço, nego deitando de volta escutando um suspiro dele.- Vamos Henrique, eu vou tomar banho com você.
Ele puxa meu braço fazendo meu corpo levantar, ele me empurra até o banheiro e liga a luz começando a tirar a camisa. Tiro minha bermuda e vou na direção do box ligando o chuveiro, escuto o som só box se fechando.
Rafael: está tudo bem, você não precisa ficar assim, ok? -Falou baixo alisando minha costas, fico debaixo só chuveiro sentindo a água gelada percorrer o meu corpo.-
Suas mãos continuaram me alisando fazendo eu virar pra encará-lo, ele dá um pequeno sorriso vindo na minha direção me dando um abraço forte.
Rafael: tudo vai ficar bem, nem sempre as coisas são como queremos. Você não precisa se esforçar tanto para ter atenção de uma pessoa que só te machuca, mesmo ela sendo sua mãe. -Sussurrou no meu ouvido abraçando meu corpo fortemente.-
Só balanço a cabeça concordando fazendo ele alisar meu rosto com uma mão, dando um selinho demorado em meus lábios.
Ele me solta dizendo que ia pegar a toalha e saiu do box, fecho o registro passando a mão no rosto.
Ele volta com uma toalha na cintura e outra na mão, pego uma enrolando na minha cintura saindo do banheiro. Seus passos vêm logo atrás me levando até a cama, sento na beira fazendo ele ficar agachado na minha frente.
Rafael: Você quer comer? Eu posso fazer algo. -Nego olhando nos seus olhos.- tem certeza? Chumbinho disse que você só comeu de manhã. -Levou a mão no meu rosto começando acariciar.-
– Tô afim não, só quero deitar. -Ele só balança a cabeça se levantando, vai na direção do interruptor e desliga a luz do quarto ficando tudo escuro.-
Sua silhueta vem na minha direção dando um selinho em meus lábios me deitando na cama e me enrolando deitando no meu lado.
– vai dormir aqui? -Minha voz saiu baixa.-
Rafael: vou, amanhã eu irei para casa. -Virei ficando de frente um ao outro.- Dorme um pouquinho, depois eu te acordo.
Não falei nada abraçando seu corpo quente, deixo meu rosto na curva do seu pescoço soltando um suspiro pesado.
Rafael: tudo vai ficar bem. -Falou baixo dando um beijo em minha cabeça. -