11• JANTAR FAMILIAR

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Clary Miller

Não tinha comentado com ninguém que tinha aceitado participar do teste para o Cisne Negro. Por enquanto, quero manter isso em segredo. Não sei qual será a reação das gêmeas ou da Paloma, mas contei ao meu pai que tinha me inscrito para fazer uma prova de curso e, claro, ele contou a todos desta casa.

Paloma apenas fingiu que estava feliz por mim, junto com as gêmeas, o que claramente não é verdade. Elas logo em seguida me lançaram um olhar de reprovação que eu apenas ignorei.

Hoje é sábado e o Rodrigo chega daqui a pouco para jantar, um jantar familiar como a Paloma gosta de chamar, o que claramente não é.

Estou ajudando a Paloma a arrumar a mesa, meu pai está na sala junto com as gêmeas.

- Se comporte hoje! Não me faça ficar constrangida na frente do seu pai.

Paloma estava claramente ofendida desde o dia em que me sentei ao lado do meu pai assim que ele chegou, apenas balancei a cabeça como um sim.

Estou terminando de colocar os talheres na mesa quando a campainha toca; as gêmeas se levantam em um pulo e correm até a porta.

- Cuidado, meninas, vão cair! - fala o meu pai, advertindo.

Escuto gritos e risos, me estico um pouco para ver o Rodrigo sendo abraçado pelas meninas. Rodrigo tem o cabelo curto e olhos castanhos, parece ser um pouco mais alto que eu, magro, está usando uma camisa de manga curta e calças jeans.

Ele ri junto com as sobrinhas e as abraça de volta. Vejo Paloma caminhando até ele.

- Meninas, me deixem respirar um pouco. - fala ele, rindo.

- Meninas, deixem seu tio! - fala Paloma, mas as gêmeas claramente ignoram.

- Estávamos com saudades dele! - diz Bianca.

Apenas olhei tudo com meus olhos entediados de sempre. Elas gostam muito dele; ele é um tio babão para elas, como eu já disse, não é uma pessoa má.

- Prometo dar o presente para vocês se me soltarem.

As gêmeas rapidamente se afastam do tio e param ao lado dele, encarando-o com um sorriso encorajador.

- Rodrigo.

- Paloma.

Paloma abraça o irmão rapidamente, para ao lado dele. Vejo meu pai em pé na sala e Rodrigo o cumprimenta com um aperto de mão firme.

- Como você está?

- Bem, as viagens são entediantes como sempre.

Rodrigo ri, uma risada leve que não chega a tremer os ombros.

- Sei bem como é.

Volto ao que estava fazendo e coloco algumas coisas na pia, tentando ignorar toda essa conversa.

- Onde está a Clary? - escuto Rodrigo perguntar por mim. Paro o que estou fazendo e tento ouvir a resposta.

- Está na cozinha, arrumando a mesa. - fala Paloma.

- Filha, vem cá.

Foi o meu pai que me chamou e não tive como ignorar. Respirei fundo antes de caminhar até a sala.

Assim que apareci, os olhos de Rodrigo voaram para mim. Ele me olhou e sorriu, um sorriso que chegou aos olhos desta vez.

- Clary.

- Rodrigo.

- Não vai me abraçar?

Ele abriu os braços, e tenho que dizer que tenho problemas com contato físico. Apenas o meu pai me abraça; não tenho costume de ser abraçada por estranhos.

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