71• NAMORADA

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Red Blossom

Acordei com a sensação vazia do lado da cama, e o frio matinal pareceu me avisar que Clary não estava mais ao meu lado. Passei as mãos pelo rosto, tentando espantar o cansaço que ainda grudava em mim. Olhei ao redor e vi minhas roupas, secas e dobradas com cuidado, em uma cadeira ao lado da cama. A jaqueta ainda estava um pouco úmida, mas a camisa estava seca. Vesti-a, sentindo o toque do tecido limpo contra minha pele. Deixei a jaqueta para trás, o calor do sol da manhã já aquecia o quarto.

Levantei-me, guiado pelo aroma forte de café recém-feito, o cheiro encorpado que preenchia o ar como um chamado irresistível. O cheiro doce da manhã, misturado ao café, trouxe uma leveza ao ambiente, mas o peso da noite ainda estava em mim. Caminhei até a cozinha e a vi, de costas para mim, mexendo algo no fogão. A luz suave da manhã iluminava o contorno de Clary, destacando cada detalhe, como se o mundo conspirasse para que eu nunca esquecesse essa visão. Ela parecia absorvida na tarefa, e o simples ato de vê-la ali, à vontade, trouxe um conforto inesperado.

- Bom dia - minha voz saiu rouca, ainda carregada pelo sono.

Ela se virou, e seus olhos imediatamente encontraram os meus. Havia algo neles, uma mistura de surpresa e uma alegria sutil. Um rubor subiu pelas bochechas dela, tornando-a ainda mais linda naquela luz da manhã. A visão do rosto corado dela me fez querer puxá-la para perto e nunca mais soltar.

- Bom dia. Estou fazendo café para você. As gêmeas e a Paloma saíram cedo - ela disse, levantando o olhar na minha direção. Seus olhos brilharam com uma mistura de dúvida e expectativa quando ela perguntou, quase hesitante: - Você se lembra do que me disse ontem?

Havia uma leveza em sua voz, mas eu podia sentir a seriedade escondida atrás da pergunta. A lembrança da noite anterior me invadiu, cada palavra que saíra de mim ainda estava viva, queimando em minha mente.

- Qual parte? - respondi, me aproximando lentamente, sem quebrar o contato visual. - Lembro que ontem à noite eu disse que te amo com toda a porra da minha vida - falei, um sorriso malicioso brincando nos meus lábios. - E que você é minha alma é sua, e que não vou te deixar em paz. Ou talvez você esteja se referindo a quando perguntei se você queria namorar comigo?

- Está falando sério? - perguntou ela meia surpresa.

Ela manteve o olhar sério, mas o brilho divertido em seus olhos era impossível de ignorar. Eu ri suavemente e me aproximei mais, envolvendo sua cintura com as mãos. Levantei-a com facilidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e a coloquei no balcão, posicionando-me entre suas pernas. O cheiro dela me atingiu de imediato - doce, como ela mesma. A proximidade era intoxicante, e o desejo que eu sentia por ela aumentou com cada segundo.

Eu a puxei para mais perto, nossos corpos quase se fundindo. Então a beijei profundamente, sem reservas. A intensidade do beijo era uma mistura de urgência e uma ternura possessiva. Minhas mãos passeavam pelo corpo dela, sentindo o calor da sua pele por baixo da roupa. Eu a queria, mais do que tudo, e a necessidade de tê-la apertada contra mim fez com que um gemido escapasse de minha garganta. A tensão entre nós crescia a cada segundo, como se o mundo ao redor não existisse.

Mas, de repente, ela empurrou meu ombro, me afastando um pouco quando minhas mãos apertaram sua bunda e guiaram sua buceta contra o meu pau, duro e latejante de desejo.

- Red... - ela murmurou, sua voz suave, mas firme, me fazendo parar. Nossos lábios ainda estavam próximos, a respiração dela estava quente contra minha pele. - Você tem que conquistar isso de novo - disse ela, o tom carregado de um desafio que eu não poderia ignorar.

Aquelas palavras atravessaram o desejo como uma lâmina fria. Eu sabia que ela estava magoada comigo, e, porra, eu entendia. Mas não me arrependia de tudo. Algumas coisas... não podiam ser desfeitas. Mas eu faria o que fosse preciso para reconquistá-la.

- Tudo bem, eu entendo - respondi com um tom firme, mas havia uma promessa subjacente em minhas palavras.

Peguei a xícara de café que estava no balcão ao nosso lado, sem sair do meio das pernas dela. O calor do café, o cheiro suave do creme e o pão assando no forno criavam uma atmosfera quase surreal. Passei minha mão pelo cabelo dela, que estava um pouco bagunçado, mas de uma maneira que só a deixava mais irresistível. Inclinei-me e beijei seu ombro, um gesto suave e carinhoso. O toque da minha boca em sua pele a fez arrepiar-se levemente. Senti uma onda de satisfação ao ver que, mesmo naquele momento, eu ainda a afetava.

- Você está incrível - murmurei contra sua pele, sentindo sua textura sob meus lábios. - E eu vou lutar por você todos os dias, se for necessário.

Ela sorriu, mas havia algo mais profundo naquele sorriso. Algo que fez meu coração acelerar. Peguei a xícara de café de novo e tomei um gole. O gosto quente e amargo do café trouxe clareza à minha mente, como se fosse um novo começo.

- Obrigado por fazer isso - disse, colocando a xícara de volta no balcão, mas sem perder a proximidade entre nós. - É exatamente o que eu precisava.

Ela balançou a cabeça, ainda sorrindo, e eu a puxei para mais perto. O contato dela, sua presença constante, era a única coisa que realmente importava para mim.

- Então, o que me diz, meu docinho? - perguntei com um tom provocador, afastando uma mecha de cabelo do ombro dela. - Quer namorar comigo?

O sorriso dela se iluminou por um breve momento, mas depois morreu rapidamente, deixando-me intrigado. Eu levantei uma sobrancelha, olhando confuso para ela.

- Aceito, mas com uma condição - ela começou, o tom dela era firme, mas havia uma vulnerabilidade subjacente. - Você promete se comportar e não machucar ninguém por minha causa?

Eu ri, não pude evitar. Ela deu um pequeno tapa no meu ombro, mas eu apenas puxei sua cintura mais para perto, grudando nossos corpos.

- Desde que mantenham as mãos e as ideias longe de você - respondi, minha voz firme, mas carregada de um tom possessivo.

Ela suspirou, parecendo frustrada com a minha resposta, mas depois abriu um sorriso curto.

- Isso vale o mesmo pra você! - ela cruzou os braços, parecendo a coisa mais fofa do mundo com aquela expressão determinada. - Nada de Elena ou qualquer outra.

Eu suspirei, me afastando um pouco dela para poder encará-la diretamente nos olhos. Sabia de onde aquilo vinha, mas não queria que ela se preocupasse com algo tão insignificante.

- Eu realmente queria saber como você descobriu - admiti, mas ela apenas balançou a cabeça, sem me dar uma resposta. - Mas posso te garantir, não me envolvo com ela ou qualquer outra mulher faz muito tempo. Desde antes de você e eu nos beijarmos, você já estava nos meus pensamentos. Só quero você.

Passei a mão delicadamente pelo pescoço dela, sentindo-a engolir em seco. As pernas dela, que ainda estavam em volta de mim, apertaram-se com força. Ela não dizia nada, mas seu corpo me contava tudo.

- Então estamos resolvidos - ela disse, e antes que pudesse responder, puxei-a para um beijo, profundo e intenso. Ela estava brava, e porra, ela ficava linda assim.

Afastei-me por um momento e dei outro beijo no ombro dela, vendo sua pele arrepiar-se com o toque suave.

- Preciso ir pra casa e tomar um banho, mas... vamos jantar lá hoje? Quero contar para a minha mãe que estamos namorando.

Ela hesitou, a tensão evidente no corpo dela. O sorriso que ela me deu depois foi curto, mas sincero.

- O que foi? - perguntei, observando-a de perto. Ela suspirou.

- Acho que sua mãe não gosta de nós juntos.

Soltei um longo suspiro. Eu sabia o motivo, mas Clary não, e talvez fosse melhor assim... por enquanto. Um dia, eu teria que contar a ela a verdade.

- Ela gosta de você - menti, tentando aliviar suas preocupações. Ela sorriu de forma curta, mas assentiu. - Fica tranquila, ela vai aceitar, docinho. Confia em mim.

Eu não estava nem aí para o que qualquer um pensasse. O que importava era ela, nós dois, e eu estava disposto a lutar contra qualquer um que ousasse nos desafiar. Com esse pensamento, inclinei-me para dar um último beijo em sua boca, e quando ela assentiu, soube que, de alguma forma, estava tudo bem entre nós.

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