61• CHAVEIRO

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Aviso de Conteúdo:

Este capítulo contém cenas explícitas de sexo e uso de linguagem imprópria. Se você se sentir desconfortável com esse tipo de conteúdo, recomendamos pular este capítulo ou continuar a leitura com cautela

Clary Miller

Depois que Renan nos trouxe de volta, Red me deixou em casa. Ainda me sentia estranha, quase vulnerável. O que tinha acontecido entre nós era tão íntimo, e a intensidade de tudo ainda ecoava em mim. Eu mal sabia como lidar com isso. Aproveitei que estava sozinha e passei em uma farmácia. Red e eu... bem, não usamos preservativo, e a memória da Paloma entregando pílulas do dia seguinte para as gêmeas me assombrou por um instante. Não queria deixar isso ao acaso.

Após resolver isso, segui para a livraria, ainda processando os acontecimentos. A livraria estava um pouco cheia, o que me causava uma sensação de sufocamento. O cheiro de papel novo e café permeava o ambiente, misturado ao som suave de música clássica tocando ao fundo. Prateleiras altas se alinhavam como guardiões silenciosos, repletas de títulos, enquanto pessoas se moviam com pressa, procurando seus livros como se estivessem em uma missão. A luz era suave, dourada, iluminando os corredores estreitos com um toque de nostalgia, e eu senti meu corpo relaxar levemente, embora minha mente estivesse inquieta.

Eu estava à procura de um livro em específico, e a confusão ao redor só tornava minha busca mais difícil. Meus dedos deslizavam pelas capas dos livros nas prateleiras, e o nome "Assombrando Adeline" me veio à mente como um sussurro. Dani tinha dito que o livro estaria por ali em algum lugar, e eu me apeguei à ideia de encontrá-lo, como se aquilo fosse me distrair do que estava acontecendo dentro de mim.

Quando finalmente encontrei o título, meu corpo relaxou um pouco. Segurei o livro com firmeza, apreciando o peso dele em minhas mãos, como se aquele objeto pudesse me ancorar no presente. O que ele continha parecia refletir o que eu sentia - o mistério, o terror suave que pulsava abaixo da superfície. Mas minha tranquilidade durou pouco. Quando me virei, me deparei com uma fila enorme no caixa, serpenteando pelo espaço da livraria e me fazendo suspirar de leve.

E foi então que o vi. No meio de todos aqueles itens impulsivos que sempre colocam perto do caixa, havia um chaveiro de moto. Um pequeno detalhe, mas que me transportou diretamente para ele. Red. Ele ama sua moto, e me senti culpada de novo por ter entregado a dele naquele estado. Ainda me sinto mal, mas não pude negar que gostei da adrenalina, da sensação de liberdade. Aquela aventura, por mais desastrosa que tenha sido, me marcou. E agora, olhando para aquele chaveiro, uma lembrança tão insignificante, senti um desejo repentino de fazer algo por ele.

Me lembrei da luminária de bailarina que ele me deu, uma peça delicada que agora iluminava meu quarto todas as noites. A ideia de retribuir, mesmo que de forma tão pequena, me aqueceu o peito. Sem pensar muito, estendi a mão e peguei o chaveiro. Parecia bobo, mas, para mim, era um gesto que carregava um significado maior. Talvez ele risse disso, ou talvez... apenas entendesse.

Ainda era por volta das quatro da tarde quando me aproximei da casa do Red. O sol estava começando a se inclinar no céu, espalhando uma luz dourada e quente sobre tudo. Ele estava na garagem, mexendo em sua moto - ou, mais precisamente, no que restava dela. O ronco suave das ferramentas contra o metal ecoava no ar, misturado ao farfalhar das folhas das árvores ao redor.

Red estava sem camisa, sua pele bronzeada brilhando sob a luz suave do final da tarde. Ele vestia apenas uma calça jeans escura que se ajustava perfeitamente ao corpo musculoso. A visão de seus ombros largos e costas definidas coberta pelas tatuagens, me deixou sem ar por um instante. Senti meu núcleo se contrair, uma mistura de nervosismo e desejo ao vê-lo daquele jeito, como se o simples ato de vê-lo em seu estado mais natural despertasse algo primitivo dentro de mim.

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