10• PEQUENAS MUDANÇAS

326 34 99
                                    

Clary Miller

Terminei de me vestir. Meu pai já estava me esperando na frente de casa. Assim que atravessei a porta da frente com um sorriso para ele, que estava de costas e via Red conversando no celular, ele não conseguiu me ver.

- O que foi, querida? - a voz do meu pai me fez olhar para ele, que estava com uma sobrancelha levantada em confusão. Percebi tarde demais que tinha ficado parada olhando para Red por tempo demais. Dei um sorriso tenso para o meu pai.

- Nada, podemos ir agora? - perguntei.

Meu pai olhou desconfiado na direção para onde eu estava olhando, mas balançou a cabeça em concordância.

Assim que me aproximei dele, colocou os braços em meu ombro em forma de proteção e me apertou um pouco enquanto começamos a andar.

- Aconteceu alguma coisa com você e o Blossom? - perguntou ele de repente, com uma expressão de preocupação e proteção. Não gosto de mentir para o meu pai, mas sinto que dessa vez não posso falar a verdade.

- Não, o que poderia acontecer? - respondi, desviando o olhar para o chão onde nossos pés se moviam lentamente, meu pai segurando meu ombro.

- Fique longe dele, tá? Não quero minha princesa misturada com gente desse nível.

- Tá - foi tudo que consegui responder, com um sorriso curto.

Levantei a cabeça rapidamente para olhar Red, e peguei ele olhando para nós com aquele olhar frio e misterioso. Rapidamente voltei a olhar para frente, sentindo-me um pouco nervosa por causa do olhar dele.

Depois de uma longa caminhada pela cidade, comemos em uma lanchonete e tomei sorvete. Foi uma tarde muito tranquila e divertida com meu pai. Senti um pouco de tristeza quando tivemos que voltar para casa.

Assim que atravessamos a porta de casa, vi Paloma conversando animadamente no celular. Ela parecia muito feliz.

- Querido, você chegou - disse meu pai, indo até ela e dando um beijo na testa. Sentei-me no sofá enquanto meu pai sentava ao lado de Paloma, de frente para mim.

- Vou desligar - falou Paloma, desligando o celular e jogando-o ao lado no sofá. Meu pai olhou para ela com uma sobrancelha levantada em interrogação. Pelo sorriso em seu rosto, eu diria que ela estava muito feliz com algo.

- Meu irmão chegou de viagem e virá jantar conosco - explicou ela.

- Faz sentido, você parece super feliz. Vocês são muito apegados, não é?

- Sim, vou contar para as meninas - disse ela, dirigindo-se às escadas, deixando-me ali com meu pai.

Rodrigo nunca me tratou mal; pelo contrário, sempre tentou conversar comigo. Mas quase nunca estava interessada, ou sempre estava em meu quarto. Ele também elogiava como eu dançava, mas só me viu dançar até os 14 anos.

- Parece que teremos o primeiro evento depois da minha volta - comentei.

- Mal posso esperar pelos outros - meu pai respondeu com um sorriso brincalhão. Passos foram ouvidos nas escadas, e as gêmeas desceram junto com a mãe delas, todas com sorrisos enormes no rosto.

- Nosso tio vem - disse Bianca.

- Espero que ele traga o que prometeu - acrescentou.

Elas pareciam realmente animadas, enquanto eu as observava com meu olhar mais entediado possível.

- Meninas, parem de pedir coisas para o seu tio - repreendeu a mãe delas.

Beatriz respirou fundo antes de se virar para a mãe com um celular na mão.

ATORMENTADOS Onde histórias criam vida. Descubra agora