Capitulo 73

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Angelina

Eu sei que não sou uma das melhores pessoas para julgar alguém. Eu sei que já errei tanto em tão pouco tempo da minha vida, mas saber que a minha mãe está prestes a mentir para mim descaradamente me dói tanto que faz eu não a reconhecer. Essa não é a minha mãe; essa não é a mulher que me criou e que batalhou ao lado do meu pai para termos tudo o que desejamos. A minha antiga mãe era uma mulher de princípios, uma mulher que valorizava a família e que sempre cuidou de todos. Essa mulher que está na minha frente está longe de ser a minha mãe. Enquanto fico à espera de uma resposta, vejo-a ficar pensativa, sem saber o que dizer. Eu sei que poderia dizer muito bem o que vi no evento, mas quero ver se ela terá coragem de mentir na minha frente.

— Desculpe, eu acabei encontrando alguns conhecidos da pastelaria em que fornecia doces e, quando menos percebi, já estávamos em um bar da cidade — fala sem jeito, tentando colocar um sorriso no rosto. — Eu sei que deveria ter avisado antes, mas... eu não encontrei você e nem Caio. — Por mais que ela tente disfarçar, eu sei muito bem quando ela está mentindo. Acredito que até um deficiente visual saberia que tudo não passa de uma grande mentira só pelo seu jeito de falar.

— E foi só isso que aconteceu? —pergunto para ver se ela irá me contar o que eu realmente vi. — Não aconteceu mais nada durante o coquetel e depois quando a senhora saiu? — pergunto, na esperança que ela me fale a verdade.

— Não — responde, me deixando decepcionada — Não aconteceu nada. — sinto as lágrimas invadir o meu olhar, me fazendo respirar profundamente.

— Sabe, mãe. Eu queria tanto, mas tanto que você me dissesse a verdade, mas percebi que isso não vai acontecer. — digo a deixando com uma expressão nervosa — Eu já sei de tudo, mãe, de tudo.

— Tudo? — pergunta, tentando disfarçar — Fi-filha do que você está falando?

— Estou falando do homem que a vi beijando no jardim enquanto acontecia o coquetel. — revelo, deixando as lágrimas caírem sobre o meu rosto — Ou vai mentir? — pergunto, a deixando mais nervosa do que já estava.

— Não, não vou mentir. Mas foi ele que me beijou, e não eu. — fala, tentando se justificar

— Pare mãe, por favor, pare. — imploro, sentindo a decepção — Eu percebi a maneira como você retribuiu, vi como estava sorridente ao lado dele. — digo, deixando-a constrangida — Diga-me a verdade: foi com ele que você também passou a noite quando disse que estava com a vó Antônia? — questiono, surpreendendo-a — Foi com ele? Não tem como esconder, mãe, eu já sei de tudo.

— Calma, meu amor, eu posso explicar. — pede, ao ver o meu desespero.

— Então explica. — ouço a voz de Caio vindo em direção da escada, fazendo minha mãe arregalar os seus olhos assustada — Eu também estou curioso para saber — olho para ele e não a vejo nem um pouco abatido, muito pelo contrário, vejo um sorriso satisfatório em seu rosto. — Vai responder, ou vai ficar como se estivesse vendo um fantasma? A sua filha e eu queremos saber.

— Caio, deixa que eu resolvo isso. — peço

— Não. Quem tem que resolver isso sou eu. —  fala ao se aproximar — Pelo visto a sua mãe estava me fazendo de idiota durante esse tempo todo. Anda, responde.

— Me desculpa — diz lágrimando — Eu-eu me deixei levar pelo momento.

— Pelo momento? Se deixou levar pelo momento? — Caio a pergunta enquanto rir — Com a sua idade, uma mulher bastante madura, ainda se deixa levar pelo momento? Conta outra. — diz em um tom sério.

— Eu-eu estou falando a verdade. Você precisa acreditar em mim, estou bastante arrependida do que fiz.

— Tão arrependida, que tentou mentir mesmo sabendo que a sua filha viu tudo? — percebo a sua expressão debochada ao perguntar — Por favor, né? Não sou nem um idiota. Agora me responde uma coisa: esse filho é realmente meu, ou você só está jogando para cima de mim? — Pergunta e vejo a expressão da minha mãe, ficar ainda mais nervosa

— O que? Claro que é seu. Eu jamais chegaria nesse ponto — diz fazendo Caio rir.

— Eu sei que a minha mãe mentiu, mas ela jamais chegaria nesse ponto — falo para Caio, pois acredito que ela faria algo tão sério assim.

— É, jamais — ela concorda, fazendo ele respirar fundo.

— Eu quero que você arrume as suas coisas, e vá embora da minha casa. — pede, deixando tanto minha mãe quanto eu perplexos com o seu pedido.

— O que? Não, por favor não faça isso, eu-eu não tenho para onde ir. — pede entre desespero — Eu estou esperando um filho seu.

— Quanto a isso não se preocupe. Eu jamais deixaria a mãe do meu filho viver na rua. — comunica, fazendo eu sentir um alívio — O motorista vai levar você até um hotel para se acomodar.

— Hotel? — diz com cara de nojo, como se não tivesse gostado — Você vai nos deixar morando em um hotel?

— Você me traiu. Mentiu descaradamente, e acha mesmo que vou continuar com você? Está muito enganada. Vai pedir ajuda para o seu amante, ele não é melhor do que eu? — a confronta — Arruma as suas malas, que vou avisar o motorista.

— Não, por favor, não faz isso — implora, quase se ajoelhando, enquanto Caio sai para avisar o motorista. Vou até ela, e a seguro para não prejudicar o bebê.

É doloroso ver minha mãe nessa situação, tão desesperada e arrependida de suas ações. No entanto, foi ela quem decidiu se envolver com aquele homem, pedindo por essa realidade. É difícil testemunhar sua sofrimento, mas creio que é o melhor para ela. Se o amor por ele fosse genuíno, ela teria buscado evitar todos os problemas possíveis. Agora, tudo o que posso fazer é estar ao seu lado, cuidando dela e garantindo que nem ela nem o bebê fiquem sozinhos, pois sei o quanto ela vai necessitar de mim neste momento delicado de sua vida.

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