Capitulo 77

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Angelina

Quando eu penso que as coisas não podem piorar, minha mãe vai lá e me mostra ao contrário. Que idiota que sou, enquanto me sinto uma filha ingrata por não resistir ao homem que minha mãe falou que gostava, ela aparece novamente toda sorridente nos braços do homem com quem traiu Caio. Enquanto se apresenta como uma coitada desolada na minha frente, por trás revela o que realmente sente com essa separação, e posso garantir que tristeza não é o que domine sua expressão. Fico em estado de choque diante do que estou testemunhando. Isso não pode ser verdade, essa não é a mulher que me criou. Enquanto a encaro com um olhar de desaprovação, minha mãe se afasta dele, visivelmente desconcertada, arrumando o roupão que está mal colocado em seu corpo.

— Me responda mãe, o que esse homem está fazendo aqui? — com alteração, pergunto novamente.

— Ele..ele — gagueja, completamente nervosa sem saber o que me dizer — Ele veio ver como estou, depois do que aconteceu. — fala, tentando passar o máximo de naturalidade possível

— E você fala assim? Co-como se fosse algo normal?

— E você quer que eu fale como? Caio e eu não estamos mais juntos.

— Como pode ser possível? — pergunta, abismada — Depois de tudo que aconteceu a senhora ainda trás esse homem para o local onde Caio fez o favor de nós colocar para morar?

— Favor? — pergunta incrédula — Ele não fez mais que a sua obrigação. Estou esperando um filho dele, é o mínimo que ele deveria fazer.

— Um filho que talvez nem seja dele, não é mesmo? — pergunto, e olho para o homem que está ao seu lado, que fica aparentemente nervoso, ao me ouvir falar. — Responda mãe, diga de uma vez por todas a verdade. Eu sou sua filha e tenho o direito de saber.

— Você enlouqueceu? Pensa que está falando com quem? Eu sou sua mãe, e exijo que me respeite. — diz em tom de autoridade

— Se a senhora quisesse respeito, não colocaria esse homem aqui dentro. — fala seriamente — O que está lhe acontecendo? — pergunto, e sinto as lágrimas quererem invadir os meus olhos — Eu-eu não estou lhe reconhecendo. Essa não é a mulher que me colocou no mundo. A mulher que me criou não faria nada disso do que senhora está fazendo.  A minha mãe de verdade tinha carácter, princípios e principalmente se dava o devido valor.

— CHEGA — grita, me deixando assustada — Você realmente quer saber o que está acontecendo?

— Angela — o homem que não sei o nome tenta impedi-la, preocupado.

—  Se ela quer saber a verdade, eu vou dizer — diz para ele — Sabe essa criança que estou esperando? Ele é a nossa garantia. — fala para mim.

— Garantia? — pergunto, não sabendo onde ela quer chegar com isso.

— A garantia que nós vamos viver do jeito que sempre vivemos. — diz sorrindo — Com tudo do bom e do melhor, igual no tempo em que o seu pai era vivo. — fala e percebo a ambição em seu olhar, me causando arrepios — Toda aquela vidinha que a gente viveu naquele tempo em que vivemos na falência, nunca mais iremos viver novamente, sabe por que? Porque ele ou ela — aponta para a sua barriga — Vai nos deixar bem de vida. —Seu jeito de falar, me faz sentir medo — Nós nunca mais iremos passar pelo que passamos, nunca mais.

— Me explica, por que ainda não entendi. — ou não estou querendo entender o que de fato ela tem para falar — O que isso significa?

— Significa que esse bebê nos manterá bem de vida, do jeito que merecemos. 

— A senhora ainda não me respondeu o que eu quero saber. Esse filho é ou não é do Caio?

— Que importância isso tem? — pergunta como se realmente não fosse importante para ela — Caio irá criar de um jeito ou de outro — fala, me fazendo ligar os pontos, e entender tudo o que ela me disse até agora.

— Esse filho não é do Caio, não é? Esse filho que a senhora está esperando, é-é dele. — Digo, mas não querendo acreditar que minha mãe foi capaz disso — A senhora inventou tudo, só para Caio continuar nos sustentando. — falo em estado de chique

— É isso mesmo — confirma sem nem um pingo de vergonha.

Fico completamente paralisada com sua sinceridade. As lágrimas caem sobre o meu rosto, por não conseguir reconhecê-la. Sinto a minha cabeça girar, como se a qualquer momento fosse desmaiar tomada pela dor da decepção. A minha mãe, querendo dá o golpe da barriga? Não, essa não é ela. A mulher que eu conheço jamais faria isso, jamais. Escuto a porta da sala se abrir, e imediatamente noto a mudança na expressão da minha mãe e daquele homem. 

— Agradeço por confirmar aquilo que eu já suspeitava — a voz de Caio ressoa pelo ambiente, fazendo com que eu vire para ele. — Eu tinha certeza de que essa criança não era minha, especialmente porque nós mal tínhamos relações sexuais. — ele diz com um sorriso no rosto. — E você — diz ao se aproximar do homem — Novamente tentando tirar dinheiro de mim? — questiona entre risadas. — Quando é que você vai entender que, para adquirir o que eu já tenho, precisará se esforçar muito? — ele continua rindo, chegando mais perto de mim. — Sei que é decepcionante para você, mas sua mãe apenas está revelando quem realmente é. Uma mulher sem valor, que a partir de hoje terá que buscar outro lugar para viver, porque aqui ela não vai mais ficar. — Comunica e percebo a raiva no olhar de minha mãe.

— Você não vai fazer isso. — diz não querendo aceitar — Você me deve muito, por tudo que vivemos.

— Devo? — pergunta com um tom debochado — Que eu lembre, nós nunca fomos casados, então, automaticamente eu não devo nada a você. 

— Se você fizer isso, eu prometo que você irá se arrepender amargamente. — O ameaça, tomada pela raiva, o que faz Caio rir.  

— Arrume as suas coisas, antes que os funcionários as joguem pela janela — Caio me olha, com um semblante aliviado, e vai em direção a saída, o que faz com que minha mãe entre em pânico e atire alguns objetos na direção dele, mas nenhum consegue acertá-lo. Sem saber o que fazer, completamente em choque, resolvo sair.

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