Rodolffo estava com dificuldade para contar o que vinha a seguir. Alice olhou para ele e depois para Juliette.
- Vá em frente doutor. A verdade é sempre o melhor a se dizer.
- Então Juliette. O juiz tem a certeza e eu concordo com ele de que agora ainda não tens condições de ficar com o teu filho.
- Como não tenho condições? Eu tenho casa, dinheiro...
- Isso não é suficiente. Não tens condições emocionais.
- Eu já estou bem. Não querem dar-me o meu filho, é isso?
- Não é isso. Precisas ter alguém por perto que te apoie se houver uma crise, então eu pensei o seguinte:
- Eu tomo a guarda do menino e tu vens viver para aqui, assim de dia tens a Alice e de noite eu.
- Eu, viver aqui? Porque não posso ficar em minha casa?
- Se eu tomar a guarda dele, ele precisa viver na minha casa.
- Vais tirar-me o meu filho? Afinal não és diferente deles.
- Juliette, não estás a ser razoável, aliás estás a ser bem cruel.
- Cruel. Sabes lá o que é crueldade. Isso que vocês estão a fazer comigo, isso sim é crueldade.
- Mas tu ficas todo o dia com o teu filho!
- Na tua casa. Onde fica a minha opção? A minha liberdade. Aqui vou ser prisioneira de novo. Só muda o carrasco.
- Desisto. Alice, fala com ela. Eu vou sair. A opção é deixar a criança na instituição, se ela preferir assim, assim faremos. Já fiz até demais. Nunca me envolvi tanto com os problemas de um paciente.
Rodolffo pegou as chaves do carro e saiu. As últimas palavras de Juliette foram a gota de àgua. Ele não queria ser carrasco de ninguém, muito menos dela.
Enquanto isso...
- Não estás a ser razoável nem justa, Juliette. O doutor tem feito por ti mais do que era obrigado e ainda assim tu não reconheces, muito pelo contrário, chamá-lo de carrasco foi muito feio.
- Falei sem pensar, mas porque não me deixam simplesmente ficar com o meu filho em minha casa?
- Mas a decisão é do juiz. O Rodolffo só quis ajudar e oferecer a casa dele foi o melhor que conseguiu. Diz-me um acto de amor melhor que perder a privacidade dele para tu estares com o teu bébé. Foram anos a viver sózinho e agora está disposto a perder isso. Não sejas ingrata e egoísta. Podes nem querer vir para cá e tens esse direito, mas o que lhe disseste não foi justo.
- O que vai acontecer se eu não aceitar?
- O que ele disse. A criança fica na instituição até o juiz achar que tu tens capacidade de o criar.
- Isso pode ser quanto tempo?
- Não sei. Meses ou anos. Tudo depende da avaliação que te fizerem.
- Liga para o Rodolffo. Diz para ele voltar.
- Liga tu. Eu estou do lado dele. Tentamos, tentamos e tu não ajudas.
Uma hora cansa, Juliette.Juliette ligou e ninguém atendeu. Voltou a insistir e de novo nada.
- Deixa-lhe uma mensagem.
Juliette dígitou em seguida:
Volta Rodolffo. Por favor vamos conversar. Desculpa o que eu disse. Não foi de coração.
Vou ficar à tua espera
Juliette
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Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.