Capítulo 19

50 12 28
                                    

Rodolffo estava com dificuldade para contar o que vinha a seguir.  Alice olhou para ele e depois para Juliette.

- Vá em frente doutor.  A verdade é sempre o melhor a se dizer.

- Então  Juliette.   O juiz tem a certeza e eu concordo com ele de que agora ainda não tens condições de ficar com o teu filho.

- Como não tenho condições?  Eu tenho casa, dinheiro...

- Isso não é suficiente.  Não tens condições emocionais.

- Eu já estou bem.  Não querem dar-me o meu filho, é isso?

- Não é isso.  Precisas ter alguém por perto que te apoie se houver uma crise,  então eu pensei o seguinte:

- Eu tomo a guarda do menino e tu vens viver para aqui, assim de dia tens a Alice e de noite eu.

- Eu, viver aqui?  Porque não posso ficar em minha casa?

- Se eu tomar a guarda dele, ele precisa viver na minha casa.

- Vais tirar-me o meu filho?  Afinal não és diferente deles.

- Juliette,  não estás a ser razoável, aliás estás a ser bem cruel.

- Cruel.  Sabes lá o que é crueldade.  Isso que vocês estão a fazer comigo, isso sim é crueldade.

- Mas tu ficas todo o dia com o teu filho!

- Na tua casa.   Onde fica a minha opção?  A minha liberdade.  Aqui vou ser prisioneira de novo.  Só muda o carrasco.

- Desisto.  Alice, fala com ela.  Eu vou sair.  A opção é deixar a criança na instituição,  se ela preferir assim, assim faremos.  Já fiz até demais.   Nunca me envolvi tanto com os problemas de um paciente.

Rodolffo pegou as chaves do carro e saiu.  As últimas palavras de Juliette foram a gota de àgua.  Ele não queria ser carrasco de ninguém,  muito menos dela.

Enquanto isso...

- Não estás a ser razoável nem justa, Juliette.   O doutor tem feito por ti mais do que era obrigado e ainda assim tu não reconheces, muito pelo contrário, chamá-lo de carrasco foi muito feio.

- Falei sem pensar, mas porque não me deixam simplesmente ficar com o meu filho em minha casa?

- Mas a decisão é do juiz.  O Rodolffo só quis ajudar e oferecer a casa dele foi o melhor que conseguiu.  Diz-me um acto de amor melhor que perder a privacidade dele para tu estares com o teu bébé.   Foram anos a viver sózinho e agora está disposto a perder isso. Não sejas ingrata e egoísta.   Podes nem querer vir para cá e tens esse direito, mas o que lhe disseste não foi justo.

- O que vai acontecer se eu não aceitar?

- O que ele disse.  A criança fica na instituição até o juiz achar que tu tens capacidade de o criar.

- Isso pode ser quanto tempo?

- Não sei.  Meses ou anos.  Tudo depende da avaliação que te fizerem.

- Liga para o Rodolffo.   Diz para ele voltar.

- Liga tu.  Eu estou do lado dele.  Tentamos, tentamos e tu não ajudas.
Uma hora cansa, Juliette.

Juliette ligou e ninguém atendeu.  Voltou a insistir e de novo nada.

- Deixa-lhe uma mensagem.

Juliette dígitou em seguida:

Volta Rodolffo.   Por favor vamos conversar.  Desculpa o que eu disse. Não foi de coração.
Vou ficar à tua espera
Juliette

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora