Juliette serviu-se igualmente de um copo de água e sentou-se na mesa pedindo a Rodolffo que fizesse o mesmo.
- Eu ouvi a tua conversa com a Alice e entendo como te sentes.
O que te falei lá na clínica não é nem um pouco o que sinto e peço perdão por isso. Se há homem que merece ser amado és tu e eu não tenho dúvidas do meu amor por ti, mas tenho traumas e tu sabes.Entrei em pânico com a hipótese de estar a dormir quando a Caetana chegasse tal como aconteceu com Tomás e que a levassem.
Comparar-te com o meu ex foi muito mau da minha parte. Quero que saibas que não há uma única coisa em que vocês se pareçam.
Disseste que vais embora quando terminar o resguardo, mas não vais. Eu não vou deixar e se mesmo assim insistires eu abdico dos meus filhos para ti. Apesar de os amar muito nunca serei tão boa mãe como tu és pai, por isso se for necessário eu é que irei embora.
- Eras capaz de ir embora sem eles?
- Por ti sim. Tu merece-los muito mais que eu, mas não me afastaria totalmente.
- Não digas isso. Apesar de tudo, ninguém pode negar que não és boa mãe.
- Já como esposa sou um zero.
- Não és, mas magoas-me e às vezes penso que isso te dá prazer.
- Não é verdade. Eu tenho os meus surtos e esta última fase da gravidez trouxe à tona muita coisa que eu julgava resolvida, mas pelo visto não está. Vou voltar à terapia.
- Fazes bem.
Juliette aproximou-se dele e pediu um abraço.
- Eu amo-te tanto. Não duvides e dá-me nova oportunidade para to provar.
- Também te amo muito, mas estou cansado. Fica em paz. Eu estou sempre perto. Não vos vou abandonar.
- Não quero que vás embora.
- Estou aqui, não estou?
Juliette colou os lábios nos dele e ele correspondeu ao beijo.
Afastaram-se quando Alice chamou Juliette pois Caetana reclamava com fome.
- Vamos lá. A nossa filha exige a minha presença.
Seguiram juntos para o quarto. Alice aproveitou e foi dar o lanche ao Tomás.
Juliette sentou-se no cadeirão e colocou a Caetana para mamar.
Rodolffo olhava as duas com uma ternura que quem visse sentiria muita inveja. Tirou uma foto e depois outra.
- Precisas que eu vá comprar alguma coisa?
- Não me lembro de nada. Comida a Alice diz que já comprou o que fazia falta. Apetece-me chocolate, mas não devo comer na amamentação.
Tem chocolates na despensa. Só um pouco não faz mal. Vou buscar.
Rodolffo regressou pouco depois com Tomás e os chocolates Ferrero Rochê.
Toma. Come um destes que não tem muito chocolate. Entregou-lhe um e outro ao Tomás.
- Eu qué dois!
- Porquê dois?
- Um para mim e outro para a mana.
- A mana ainda não come chocolates.
- O Tomás guarda.
- Dá à mamãe. A mamãe come e dá à mana no leitinho.
- Não. O Tomás come.
Rodolffo sorriu perante a esperteza dele. Ofereceu outro a Juliette e ela não aceitou. Um chegava para matar o desejo.
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Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.