Capítulo 42

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Juliette serviu-se igualmente de um copo de água e sentou-se na mesa pedindo a Rodolffo que fizesse o mesmo.

- Eu ouvi a tua conversa com a Alice e entendo como te sentes.
O que te falei lá na clínica não é nem um pouco o que sinto e peço perdão por isso.  Se há homem que merece ser amado és tu e eu não tenho dúvidas do meu amor por ti, mas tenho traumas e tu sabes.

Entrei em pânico com a hipótese de estar a dormir quando a Caetana chegasse tal como aconteceu com Tomás e que a levassem.

Comparar-te com o meu ex foi muito mau da minha parte.  Quero que saibas que não há uma única coisa em que vocês se pareçam.

Disseste que vais embora quando terminar o resguardo, mas não vais.  Eu não vou deixar e se mesmo assim insistires eu abdico dos meus filhos para ti.  Apesar de os amar muito nunca serei tão boa mãe como tu és pai, por isso se for necessário eu é que irei embora.

- Eras capaz de ir embora sem eles?

- Por ti sim.  Tu merece-los muito mais que eu, mas não me afastaria totalmente.

- Não digas isso.  Apesar de tudo, ninguém pode negar que não és boa mãe.

- Já como esposa sou um zero.

- Não és, mas magoas-me e às vezes penso que isso te dá prazer.

- Não é verdade.  Eu tenho os meus surtos e esta última fase da gravidez trouxe à tona muita coisa que eu julgava resolvida, mas pelo visto não está.  Vou voltar à terapia.

- Fazes bem.

Juliette aproximou-se dele e pediu um abraço.

- Eu amo-te tanto.  Não duvides e dá-me nova oportunidade para to provar.

- Também te amo muito, mas estou cansado.  Fica em paz.  Eu estou sempre perto.  Não vos vou abandonar.

- Não quero que vás embora.

- Estou aqui, não estou?

Juliette colou os lábios nos dele e ele correspondeu ao beijo.

Afastaram-se quando Alice chamou Juliette pois Caetana  reclamava com fome.

- Vamos lá.  A nossa filha exige a minha presença.

Seguiram juntos para o quarto.  Alice aproveitou e foi dar o lanche ao Tomás.

Juliette sentou-se no cadeirão e colocou a Caetana para mamar.

Rodolffo olhava as duas com uma ternura que quem visse sentiria muita inveja.  Tirou uma foto e depois outra.

- Precisas que eu vá comprar alguma coisa?

- Não me lembro de nada.  Comida a Alice diz que já comprou o que fazia falta.  Apetece-me chocolate, mas não devo comer na amamentação.

Tem chocolates na despensa.  Só um pouco não faz mal.  Vou buscar.

Rodolffo regressou pouco depois com Tomás e os chocolates Ferrero Rochê.

Toma.  Come um destes que não tem muito chocolate.   Entregou-lhe um e outro ao Tomás.

- Eu qué dois!

- Porquê dois? 

- Um para mim e outro para a mana.

- A mana ainda não come chocolates.

- O Tomás guarda.

- Dá à mamãe.   A mamãe come e dá à mana no leitinho.

- Não.   O Tomás come.

Rodolffo sorriu perante a esperteza dele.  Ofereceu outro a Juliette e ela não aceitou.  Um chegava para matar o desejo.


Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora