Capítulo 22

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Primeira noite de Tomás em casa

Enquanto Rodolffo colocava a mesa para o jantar, Juliette dava banho no pequeno.

A banheira dele foi colocada dentro da banheira dos adultos.  Juliette colocou a àgua bem morninha e despiu o filho.  Um pouco atrapalhada lá conseguiu colocá-lo na àgua segurando-o pelos braços, mas a criança parece não ter gostado pois iniciou um berreiro.

Rodolffo ouviu-o chorar e veio a correr.

- O que foi, Juliette?

- Não sei.  Parece que ele não gostou de mim.

- Não é de ti.  Ele não deve gostar de banho.  Há muitas crianças assim.  Dá-lhe uma  coisa qualquer para ele se entreter.

- Como eu lavo a cabeça dele sem levar sabão nos olhos?

- Inclina-o um pouco para trás.  Nesta hora é que eles costumam chorar.  Depois é mais tranquilo.

- Como sabes isso tudo?

- Já vi muito bébé tomar banho.

Aos poucos o choro foi acabando e finalmente Juliette retirou-o da banheira e secou-o.

Enquanto o vestia, Rodolffo estava do seu lado apenas observando.  Juliette intervalava cada peça de roupa com beijinhos.  Tomás sorria.

- É tão lindinho.  Não achas, Rodolffo?

- Muito lindo.  A tua cara.  Vou preparar a sopa dele que a Alice deixou pronta, enquanto tu acabas.

Juliette apareceu na cozinha com o filho vestindo um lindo pijama de riscas que Rodolffo havia escolhido.

- Vês, padrinho!  Estou com o teu pijama.

- Rodolffo estendeu as mãos e segurou no Tomás.   Deu-lhe um cheiro e devolveu-o à mãe para jantar.

Juliette dava-lhe a sopa enquanto Rodolffo esmagava uma pêra cozida.

- Ainda bem que a instituição me deu a lista do que ele está habituado a comer.  Eu não saberia o que lhe dar.

À medida que Tomás ia comendo a sopa, Juliette ia ficando com os olhos marejados.  Rodolffo percebeu e fez-lhe uma festa no braço.

- O que foi, Juliette.

- Eu não dei mama ao meu bébé. 

- Não penses nisso.  Ele está aí e aparentemente é saudável.  Amanhã vou procurar um pediatra para ele.

Tu já pensaste se queres trocar o nome dele?

- Ele já responde pelo nome.  A gente chama Tomás e ele sorri.  Eu só não quero que ele tenha o nome do Júlio.

- Eu gosto de Tomás,  mas ele tem que ter um pai no assento de nascimento.

- É.  Rodolffo,  posso pedir outro favor além de todos os que já me fizeste?

- Pede à vontade.  Estou aqui para o que der e vier.

- Aceitas ser o pai do meu filho?  Tu já fizeste mais por ele do que alguns pais verdadeiros incluindo o dele.  Ajudas-me mais uma vez, agora nesta tarefa desconhecida para mim?

Rodolffo puxou a cadeira para junto dela e segurou-lhe na mão, juntando também a de Tomás.   As lágrimas caíam.  Com a voz embargada conseguiu dizer.

- Hoje sou o homem mais feliz da terra.  Obrigado por me escolheres para pai do teu filho.  Vou cuidar dele como se tivesse o meu sangue.  E de ti também, se deixares.

- Obrigada Rodolffo.

- Tomás Ventura Smith, vem cá que o pai vai dar-te a pêra.

- Fica lindo o nome dele, mas ele não gosta de comer contigo, ou então não gosta da pêra.

- Experimenta tu.

- Vês?  Já tem um dos pais preferidos para jantar.

Tomás terminou o jantar e logo adormeceu.  Juliette colocou-o no carrinho ao lado dela e Rodolffo serviu o jantar.

O ambiente entre eles era bastante leve.  Conversavam sobre planos para o futuro da criança e os passos que teriam que dar nos próximos dias.   Lavaram a loiça em conjunto e cada um foi para o seu quarto.

- Se precisares de ajuda de noite, chama-me.

- Está bem, Rodolffo.   Boa noite, dorme bem.

- Vocês também.  Boa noite.

Boa noite ele sabia que não ia ter.  Sabê-la ali ao lado era estranho para ele, mas hoje estava feliz.  Notou mudanças nela e ganhou um filho do coração.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora