Primeira noite de Tomás em casa
Enquanto Rodolffo colocava a mesa para o jantar, Juliette dava banho no pequeno.
A banheira dele foi colocada dentro da banheira dos adultos. Juliette colocou a àgua bem morninha e despiu o filho. Um pouco atrapalhada lá conseguiu colocá-lo na àgua segurando-o pelos braços, mas a criança parece não ter gostado pois iniciou um berreiro.
Rodolffo ouviu-o chorar e veio a correr.
- O que foi, Juliette?
- Não sei. Parece que ele não gostou de mim.
- Não é de ti. Ele não deve gostar de banho. Há muitas crianças assim. Dá-lhe uma coisa qualquer para ele se entreter.
- Como eu lavo a cabeça dele sem levar sabão nos olhos?
- Inclina-o um pouco para trás. Nesta hora é que eles costumam chorar. Depois é mais tranquilo.
- Como sabes isso tudo?
- Já vi muito bébé tomar banho.
Aos poucos o choro foi acabando e finalmente Juliette retirou-o da banheira e secou-o.
Enquanto o vestia, Rodolffo estava do seu lado apenas observando. Juliette intervalava cada peça de roupa com beijinhos. Tomás sorria.
- É tão lindinho. Não achas, Rodolffo?
- Muito lindo. A tua cara. Vou preparar a sopa dele que a Alice deixou pronta, enquanto tu acabas.
Juliette apareceu na cozinha com o filho vestindo um lindo pijama de riscas que Rodolffo havia escolhido.
- Vês, padrinho! Estou com o teu pijama.
- Rodolffo estendeu as mãos e segurou no Tomás. Deu-lhe um cheiro e devolveu-o à mãe para jantar.
Juliette dava-lhe a sopa enquanto Rodolffo esmagava uma pêra cozida.
- Ainda bem que a instituição me deu a lista do que ele está habituado a comer. Eu não saberia o que lhe dar.
À medida que Tomás ia comendo a sopa, Juliette ia ficando com os olhos marejados. Rodolffo percebeu e fez-lhe uma festa no braço.
- O que foi, Juliette.
- Eu não dei mama ao meu bébé.
- Não penses nisso. Ele está aí e aparentemente é saudável. Amanhã vou procurar um pediatra para ele.
Tu já pensaste se queres trocar o nome dele?
- Ele já responde pelo nome. A gente chama Tomás e ele sorri. Eu só não quero que ele tenha o nome do Júlio.
- Eu gosto de Tomás, mas ele tem que ter um pai no assento de nascimento.
- É. Rodolffo, posso pedir outro favor além de todos os que já me fizeste?
- Pede à vontade. Estou aqui para o que der e vier.
- Aceitas ser o pai do meu filho? Tu já fizeste mais por ele do que alguns pais verdadeiros incluindo o dele. Ajudas-me mais uma vez, agora nesta tarefa desconhecida para mim?
Rodolffo puxou a cadeira para junto dela e segurou-lhe na mão, juntando também a de Tomás. As lágrimas caíam. Com a voz embargada conseguiu dizer.
- Hoje sou o homem mais feliz da terra. Obrigado por me escolheres para pai do teu filho. Vou cuidar dele como se tivesse o meu sangue. E de ti também, se deixares.
- Obrigada Rodolffo.
- Tomás Ventura Smith, vem cá que o pai vai dar-te a pêra.
- Fica lindo o nome dele, mas ele não gosta de comer contigo, ou então não gosta da pêra.
- Experimenta tu.
- Vês? Já tem um dos pais preferidos para jantar.
Tomás terminou o jantar e logo adormeceu. Juliette colocou-o no carrinho ao lado dela e Rodolffo serviu o jantar.
O ambiente entre eles era bastante leve. Conversavam sobre planos para o futuro da criança e os passos que teriam que dar nos próximos dias. Lavaram a loiça em conjunto e cada um foi para o seu quarto.
- Se precisares de ajuda de noite, chama-me.
- Está bem, Rodolffo. Boa noite, dorme bem.
- Vocês também. Boa noite.
Boa noite ele sabia que não ia ter. Sabê-la ali ao lado era estranho para ele, mas hoje estava feliz. Notou mudanças nela e ganhou um filho do coração.
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Livre para sentir Saudade.
FanficSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.