Capítulo 27

61 13 15
                                    

Duas semanas depois...

- Rodolffo!  Podias trazer-me comprimidos para dormir?

- Mas já tinhas largado os comprimidos!

- Eu sei, mas ultimamente não tenho conseguido dormir.

- Porquê?  Estás preocupada com alguma coisa?

- Estou estressada.

- A Raquel diz que há duas semanas que não te vê?

- Não quero mais ter consultas com ela.

- Porquê?

- Não me sinto bem a contar a minha vida a uma pessoa que se relaciona contigo.

- Só por isso?  Tens a certeza?

- Outras coisas também, mas eu sou uma bosta mesmo.

- Porque é que dizes isso?

- Porque é assim que me sinto em relação a tudo.

- Vem cá.  Conta-me o que te preocupa.  Vamos lá esclarecer tudo.

- Eu gosto de ti,  Rodolffo.  Sonho contigo e por vezes são sonhos bons e outras vezes tu és agressivo.  Tenho medo de me entregar.  O Júlio no início também era amoroso comigo, depois que fomos viver junto e engravidei é que ficou agressivo.

- Mas eu não sou o Júlio.   Que parte não entendes?  Alguma vez fui agressivo?

- Não.  Eu sei que tu não és como ele.

- Então porque não me dás uma chance?  Porque não me deixas provar que há homens bons?

- E a Raquel?

- Que Raquel.  Eu só tenho olhos para ti.  Quero lá saber da Raquel e outras.

- Eu pensei que estavam juntos.

- Por isso não consegues dormir.   Tens ciúmes?

- Tenho.  Muitos ciúmes.

Rodolffo tinha vontade de a abraçar, mas conteve-se.  Estavam sentados à mesa e Juliette levantou-se.  Rodolffo virou-se de lado para sair da mesa e ela não deixou.  Rodolffo permaneceu sentado e ela abraçou-o.

- Deixa-me levantar e olhar no fundo dos teus olhos.  Quero sentir verdade e vontade de mudar.

- Eu quero tentar mudar.

Desta vez foi Rodolffo quem a apertou num abraço.  Ela aninhou-se junto ao peito e não resistiu.  Ele aproveitou e deu-lhe um beijo suave.
Sentiu ela retrair-se um pouco, mas não o afastou.

O Tomás chorou e quebrou o momento, no entanto Rodolffo estava feliz com o avanço.  Pegou no filho enquanto ela preparava a comida dele.

- Tu és muito malandrinho.   Isso lá são horas de chorar?  Queres atrapalhar a vida do papai,  é?

- Não digas isso, Rodolffo.   Estava na hora dele comer.

- Mas não tem que ser relógio de ponto.  Eu estava no meu primeiro beijinho.

- Primeiro não,  segundo.

- Aquele não valeu.  Foi roubado.

Juliette sentou-se junto deles, deu outro selinho a Rodolffo e começou a dar de comer a Tomás.

Já eram vinte e três horas.  Juliette deu boa noite a Rodolffo e foi para o seu quarto.  Tomás tinha acabado de adormecer.

Não tardou dez minutos e ela bateu no quarto dele.

- Entra.

Juliette chegou perto da cama dele, segurou-lhe na mão e pediu:

- Vem dormir connosco.

- Rodolffo ficou sentado na beira da cama e abraçou-a pela cintura.

Juliette levou-o pela mão e deitaram-se.

Hoje eu quero dormir assim agarradinhos.   Não vou apressar nada.  Quero que ela se sinta confortável com a minha presença.

Este contacto físico parecendo muito pouco, no caso dela é uma grande vitória.
Abracei-a e dormimos de conchinha.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora