Duas semanas depois...
- Rodolffo! Podias trazer-me comprimidos para dormir?
- Mas já tinhas largado os comprimidos!
- Eu sei, mas ultimamente não tenho conseguido dormir.
- Porquê? Estás preocupada com alguma coisa?
- Estou estressada.
- A Raquel diz que há duas semanas que não te vê?
- Não quero mais ter consultas com ela.
- Porquê?
- Não me sinto bem a contar a minha vida a uma pessoa que se relaciona contigo.
- Só por isso? Tens a certeza?
- Outras coisas também, mas eu sou uma bosta mesmo.
- Porque é que dizes isso?
- Porque é assim que me sinto em relação a tudo.
- Vem cá. Conta-me o que te preocupa. Vamos lá esclarecer tudo.
- Eu gosto de ti, Rodolffo. Sonho contigo e por vezes são sonhos bons e outras vezes tu és agressivo. Tenho medo de me entregar. O Júlio no início também era amoroso comigo, depois que fomos viver junto e engravidei é que ficou agressivo.
- Mas eu não sou o Júlio. Que parte não entendes? Alguma vez fui agressivo?
- Não. Eu sei que tu não és como ele.
- Então porque não me dás uma chance? Porque não me deixas provar que há homens bons?
- E a Raquel?
- Que Raquel. Eu só tenho olhos para ti. Quero lá saber da Raquel e outras.
- Eu pensei que estavam juntos.
- Por isso não consegues dormir. Tens ciúmes?
- Tenho. Muitos ciúmes.
Rodolffo tinha vontade de a abraçar, mas conteve-se. Estavam sentados à mesa e Juliette levantou-se. Rodolffo virou-se de lado para sair da mesa e ela não deixou. Rodolffo permaneceu sentado e ela abraçou-o.
- Deixa-me levantar e olhar no fundo dos teus olhos. Quero sentir verdade e vontade de mudar.
- Eu quero tentar mudar.
Desta vez foi Rodolffo quem a apertou num abraço. Ela aninhou-se junto ao peito e não resistiu. Ele aproveitou e deu-lhe um beijo suave.
Sentiu ela retrair-se um pouco, mas não o afastou.O Tomás chorou e quebrou o momento, no entanto Rodolffo estava feliz com o avanço. Pegou no filho enquanto ela preparava a comida dele.
- Tu és muito malandrinho. Isso lá são horas de chorar? Queres atrapalhar a vida do papai, é?
- Não digas isso, Rodolffo. Estava na hora dele comer.
- Mas não tem que ser relógio de ponto. Eu estava no meu primeiro beijinho.
- Primeiro não, segundo.
- Aquele não valeu. Foi roubado.
Juliette sentou-se junto deles, deu outro selinho a Rodolffo e começou a dar de comer a Tomás.
Já eram vinte e três horas. Juliette deu boa noite a Rodolffo e foi para o seu quarto. Tomás tinha acabado de adormecer.
Não tardou dez minutos e ela bateu no quarto dele.
- Entra.
Juliette chegou perto da cama dele, segurou-lhe na mão e pediu:
- Vem dormir connosco.
- Rodolffo ficou sentado na beira da cama e abraçou-a pela cintura.
Juliette levou-o pela mão e deitaram-se.
Hoje eu quero dormir assim agarradinhos. Não vou apressar nada. Quero que ela se sinta confortável com a minha presença.
Este contacto físico parecendo muito pouco, no caso dela é uma grande vitória.
Abracei-a e dormimos de conchinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livre para sentir Saudade.
Fiksi PenggemarSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.