Eu estava a adorar esta nova fase da minha vida. Estava feliz, o Rodolffo não cabia em si de contente e o Tomás nos seus poucos anos também passava o tempo a perguntar quando chegava o mano.
Terminei um trabalho que devia ser entregue amanhã. Alice saiu para ir buscar o meu filho à escola e eu fui deitar-me um pouco no sofá da sala.
Estava frio e eu coloquei uma manta sobre mim. Adormeci e não sei qual o motivo os sonhos ruins voltaram.
Acordei a gritar e quando me virei, caí de sofá. Sorte é que a altura não é muita. Levantei-me e sentei-me a chorar.
Alice regressou e ficou assustada quando me viu. Mandou o Tomás brincar no quarto e foi ter comigo.
- Que aconteceu, amiga?
- Deitei-me aqui um pouco e voltei a ter o mesmo sonho. Acordei assustada e caí.
- Caíste como?
- Daqui, mas está tudo bem. Isto é baixinho. Eu apoiei-me com o braço. A barriga não bateu.
- Porquê os sonhos de novo?
- Não sei. Será porque está a chegar a hora? Foi nesta altura da gravidez que o Júlio mais me maltratou.
- Mas o Rodolffo não. Ele é um amor.
- Eu sei, mas porquê os sonhos, então?
- Isso deve ser ansiedade. Fala com o Rodolffo.
- Tenho medo do que possa acontecer ao meu bébé. Eu não ia suportar passar por tudo outra vez.
- Nem vais. Estou aqui eu, o Tomás e o pai dessa menina que já é muito amada. Vou ligar ao Rodolffo para ele vir mais cedo.
Alice ligou e não demorou muito para ele chegar. Entrou em casa pálido.
- Que aconteceu, Alice.
- Ela voltou a ter o mesmo sonho. Está lá no quarto a descansar. O Tomás está com ela.
Rodolffo subiu as escadas a correr. Abriu a porta atendeu o filho que veio a correr para ele e depois sentou-se junto de Juliette. Abraçou-a fortemente e deu-lhe um beijo.
- O que foi, amor?
- Eu sonhei de novo. Alguém que queria fazer mal ao meu filho. Eu apanhava muito, mas não via a cara dele.
- Isso é a ansiedade. Estás no final do tempo e tens medo que possa acontecer alguma coisa. Agora eu estou contigo, ninguém vai fazer-te mal.
- Comecei a sentir-me estranha logo de manhã. Eu senti saudades tuas mas não liguei. Pensei que era bobagem, afinal tinhas acabado de sair de casa.
- E ainda fizemos amor ontem de noite. Porquê essas saudades?
- Isso não me incomoda. Eu gosto de ter saudades. Agora eu tenho alguém para me causar saudades.
- Mas isso não mexe com a tua cabeça?
- Essa parte não. Só não quero sonhar de novo.
- Vou dar-te um comprimido fraco. Não faz mal à nossa filha e vai ajudar-te no sono.
Levei o Tomás para ficar com a Alice e trouxe um copo de àgua.
- Alice, vou ficar um pouco com ela. Quando quiseres ir embora chama-me.
- Está bem.
Subi e dei-lhe o comprimido. Deitei-me do lado dela e abracei-a. Fiquei com ela até adormecer e depois voltei para ficar com o meu filho.
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Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.