Capítulo 38

52 10 11
                                    

Eu estava a adorar esta nova fase da minha vida.  Estava feliz, o Rodolffo não cabia em si de contente e o Tomás nos seus poucos anos também passava o tempo a perguntar quando chegava o mano.

Terminei um trabalho que devia ser entregue amanhã.   Alice saiu para ir buscar o meu filho à escola e eu fui deitar-me um pouco no sofá da sala.

Estava frio e eu coloquei uma manta sobre mim.  Adormeci e não sei qual o motivo os sonhos ruins voltaram.

Acordei a gritar e quando me virei, caí de sofá.  Sorte é que a altura não é muita.  Levantei-me e sentei-me a chorar.

Alice regressou e ficou assustada quando me viu.  Mandou o Tomás brincar no quarto e foi ter comigo.

- Que aconteceu, amiga?

- Deitei-me aqui um pouco e voltei a ter o mesmo sonho.  Acordei assustada e caí.

- Caíste como?

- Daqui, mas está tudo bem.  Isto é baixinho.  Eu apoiei-me com o braço.  A barriga não bateu.

- Porquê os sonhos de novo?

- Não sei.  Será porque está a chegar a hora?  Foi nesta altura da gravidez que o Júlio mais me maltratou.

- Mas o Rodolffo não.   Ele é um amor.

- Eu sei, mas porquê os sonhos, então?

- Isso deve ser ansiedade.  Fala com o Rodolffo.

- Tenho medo  do que possa acontecer ao meu bébé.   Eu não ia suportar passar por tudo outra vez.

- Nem vais.  Estou aqui eu, o Tomás e o pai dessa menina que já é muito amada.  Vou ligar ao Rodolffo para ele vir mais cedo.

Alice ligou e não demorou muito para ele chegar.  Entrou em casa pálido.

- Que aconteceu,  Alice.

- Ela voltou a ter o mesmo sonho.  Está lá no quarto a descansar.  O Tomás está com ela.

Rodolffo subiu as escadas a correr.  Abriu a porta atendeu o filho que veio a correr para ele e depois sentou-se junto de Juliette.   Abraçou-a fortemente e deu-lhe um beijo.

- O que foi, amor?

- Eu sonhei de novo.  Alguém que queria fazer mal ao meu filho.  Eu apanhava muito, mas não via a cara dele.

- Isso é a ansiedade.  Estás no final do tempo e tens medo que possa acontecer alguma coisa.  Agora eu estou contigo, ninguém vai fazer-te mal.

- Comecei a sentir-me estranha logo de manhã.   Eu senti saudades tuas mas não liguei.  Pensei que era bobagem, afinal tinhas acabado de sair de casa.

- E ainda fizemos amor ontem de noite.  Porquê essas saudades?

- Isso não me incomoda.  Eu gosto de ter saudades.  Agora eu tenho alguém para me causar saudades.

- Mas isso não  mexe com a tua cabeça?

- Essa parte não.  Só não quero sonhar de novo.

- Vou dar-te um comprimido fraco.  Não faz mal à nossa filha e vai ajudar-te no sono.

Levei o Tomás para ficar com a Alice e trouxe um copo de àgua.

- Alice, vou ficar um pouco com ela.  Quando quiseres ir embora chama-me.

- Está bem.

Subi e dei-lhe o comprimido.  Deitei-me do lado dela e abracei-a.  Fiquei com ela até adormecer  e depois voltei para ficar com o meu filho.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora