Apesar da insistência de Alice, a relação de Juliette com Rodolffo quase não existia.
As conversas dos dois limitavam-se a falar sobre o filho e pouco mais.Juliette chegou à clínica para mais uma sessão com Raquel. Ultimamente andava sem paciência para nada. Até mesmo nestas consultas ela não se abria.
Na recepção, Sara avisou-a de que Raquel já a esperava. Ela dirigiu-se à sala da médica. Ia bater à porta quando ouviu uma voz conhecida.
"- podemos se quisermos, - dizia Rodolffo.
- Quem disse que não quero? Encontramo-nos à hora de almoço - respondeu Raquel."
- Quando Juliette ia bater, a porta abriu-se e Rodolffo deu de caras com Juliette.
- Oi.
Raquel tens aqui a tua paciente.- Pode entrar.
Rodolffo abriu totalmente a porta e cedeu passagem a Juliette, fechando-a de seguida, dirigindo-se ao seu gabinete.
A consulta não correu muito bem. Juliette fechou-se e chorou o tempo todo. Raquel não entendia o que se passava, mas percebeu que chorar era um meio de desabafar.
- Desculpe, doutora. Hoje está tudo difícil.
- Não tenha vergonha de chorar, mas conversar, às vezes tem o mesmo efeito. E deitar para fora o que nos preocupa também.
- Eu sei, mas hoje não é um bom dia.
Obrigada pela paciência.Juliette saiu dali e passou pelo gabinete do Rodolffo.
- Que cara é essa? Estiveste a chorar?
- Um pouco. Podemos almoçar juntos e conversar?
- Hoje não posso. Prometi almoçar com a Raquel. Podemos conversar em casa, se quiseres.
- Está bem. Bom almoço.
- Eu também sei fazer falta, viu? - disse Rodolffo baixinho quando ela saiu.
Rodolffo armou tudo para que ela o visse no gabinete de Raquel. Ia jogar a última cartada. Fazer ciúmes e obrigá-la a reagir. Se não resultasse ele dava o caso por fracassado e ia viver outra vida. Desta vez ele não forçaria nada. Tudo o que viesse devia partir dela.
Arranjou uma saída urgente para não ter que almoçar com a chata da Raquel. Não seria ela a substituta de Juliette. Não fazia o seu tipo e nem gostava da personalidade dela.
Resolver ir até ao Centro Comercial comprar um presente para o filho e acabou por almoçar lá.Entrou numa loja de roupa feminina e não resistiu a comprar um vestido para Juliette. Ia guardá-lo para um dia em que surgisse alguma oportunidade. Comprou um brinquedo para o Tomás e um par de brincos para Alice.
Já no final do dia entrou em casa, deu um beijo no filho que estava ao colo da mãe e entregou-lhe o brinquedo.
- Trouxe um presente para ti, Alice.
- Para mim? Nem é meu aniversário!
- Não importa. Gosto de presentear quem me faz bem.
Alice agradeceu os brincos, colocou-os e depois saiu.
- Eu não ganhei presente porque não te faço bem?
- Neste momento não me fazes bem nem mal. Cansei, Juliette. Queres viver assim, vive. Eu não quero e não vou viver.
- Estás muito insensível.
- Não estou. Apenas não estou disposto a que me pisem. Passou o tempo de reagires. Não queres? Tudo bem.
- Para ti parece fácil.
- É fácil. Tu é que decidiste complicar. Se nem um simples abraço, aceitas! Eu já te disse o que sinto por ti, mas mendigar uma atenção, um carinho, isso não vou fazer.
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Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.