Capítulo 26

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Apesar da insistência de Alice, a relação de Juliette com Rodolffo quase não existia.
As conversas dos dois limitavam-se a falar sobre o filho e pouco mais.

Juliette chegou à clínica para mais uma sessão com Raquel.  Ultimamente andava sem paciência para nada.  Até mesmo nestas consultas ela não se abria.

Na recepção, Sara avisou-a de que Raquel já a esperava.  Ela dirigiu-se à sala da médica.  Ia bater à porta quando ouviu uma voz conhecida.

"- podemos se quisermos, - dizia Rodolffo.

- Quem disse que não quero?  Encontramo-nos à hora de almoço - respondeu Raquel."

- Quando Juliette ia bater, a porta abriu-se e Rodolffo deu de caras com Juliette.

- Oi.
Raquel tens aqui a tua paciente.

- Pode entrar.

Rodolffo abriu totalmente a porta e cedeu passagem a Juliette, fechando-a de seguida, dirigindo-se ao seu gabinete.

A consulta não correu muito bem.  Juliette fechou-se e chorou o tempo todo.  Raquel não entendia o que se passava, mas percebeu que chorar era um meio de desabafar.

- Desculpe,  doutora.  Hoje está tudo difícil.

- Não tenha vergonha de chorar, mas conversar, às vezes tem o mesmo efeito.  E deitar para fora o que nos preocupa também.

- Eu sei, mas hoje não é um bom dia.
Obrigada pela paciência.

Juliette saiu dali e passou pelo gabinete do Rodolffo.

- Que cara é essa?  Estiveste a chorar?

- Um pouco.  Podemos almoçar juntos e conversar?

- Hoje não posso.  Prometi almoçar com a Raquel.  Podemos conversar em casa, se quiseres.

- Está bem.  Bom almoço.

- Eu também sei fazer falta, viu? - disse Rodolffo baixinho quando ela saiu.

Rodolffo armou tudo para que ela o visse no gabinete de Raquel.  Ia jogar a última cartada.  Fazer ciúmes e obrigá-la a reagir.  Se não resultasse ele dava o caso por fracassado e ia viver outra vida.  Desta vez ele não forçaria nada.  Tudo o que viesse devia partir dela.

Arranjou uma saída urgente para não ter que almoçar com a chata da Raquel.  Não seria ela a substituta de Juliette.   Não fazia o seu tipo e nem gostava da personalidade dela.
Resolver ir até ao Centro Comercial comprar um presente para o filho e acabou por almoçar lá.

Entrou numa loja de roupa feminina e não resistiu a comprar um vestido para Juliette.   Ia guardá-lo para um dia em que surgisse alguma oportunidade.  Comprou um brinquedo para o Tomás e um par de brincos para Alice.

Já no final do dia entrou em casa, deu um beijo no filho que estava ao colo da mãe e entregou-lhe o brinquedo.

- Trouxe um presente para ti, Alice.

- Para mim?  Nem é meu aniversário!

- Não importa.  Gosto de presentear quem me faz bem.

Alice agradeceu os brincos, colocou-os e depois saiu.

- Eu não ganhei presente porque não te faço bem?

- Neste momento não me fazes bem nem mal.  Cansei, Juliette.   Queres viver assim, vive.  Eu não quero e não vou viver.

- Estás muito insensível.

- Não estou.  Apenas não estou disposto a que me pisem.  Passou o tempo de reagires.   Não queres?  Tudo bem.

- Para ti parece fácil.

- É fácil.  Tu é que decidiste complicar.  Se nem um simples abraço,  aceitas!  Eu já te disse o que sinto por ti, mas mendigar uma atenção,  um carinho, isso não vou fazer.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora