Rodolffo custou para adormecer e de manhã não queria acordar. Queria ficar em casa mas o dever chama.
- Como foi ontem, doutor?
- Correu tudo bem, Alice. Estás diante do mais recente pai desta cidade. Fui convidado para ser pai do Tomás.
- Que bom doutor. Finalmente a minha amiga está no caminho certo.
- Mas eu quero ser promovido a marido. - segredou ele.
- Vá na fé. Eu tenho esperança que esse dia chegue. Sente-se que vou servir o café.
Rodolffo comeu e voltou ao quarto para escovar os dentes. De saída deu dois toques no quarto de Juliette.
- Entra.
- Vim despedir-me. Queres alguma coisa, disse ele enquanto dava um beijo na criança.
- Não preciso de nada.
- Ele dormiu toda a noite? Eu não o ouvi.
- Sim. Portou-se lindamente. Eu não dormi muito. Estava com medo dele chorar.
- É normal nos primeiros dias. Depois habituas-te. Dorme agora mais um pouco. A Alice já chegou. Até logo.
- Até logo Rodolffo. Hoje eu tinha consulta com a dra Raquel, mas não vou. Avisas lá?
- Sim. Eu cancelo a consulta, mas não faltes muito.
- Na próxima eu vou.
Rodolffo chegou à clínica e foi desmarcar a consulta com Raquel. Não tinha que o fazer. Deveria ter usado os métodos normais na recepção, mas mesmo assim ele quis.
- Bom dia, Raquel. Só vim dizer que a Juliette hoje não vem.
- E porque ligou para ti e não para mim?
- Não sei. Quis assim.
- Estás com olheiras. Não dormiste?
- Pouco. Ontem foi a minha primeira noite com o meu filho.
- Filho? Não sabia que eras casado!
- E não sou, mas tenho um filho lindo.
- E a mãe?
- Está lá em casa também.
- Ok. Percebo perfeitamente a noite mal dormida.
- Não percebes nada, Raquel. Não passas o que eu passo, logo não percebes.
- É caso recente?
- Não. É um caso de meses. O meu filho vai fazer um ano.
- Entendi. Felicidades para os três.
Saí do gabinete de Raquel com um sorriso de orelha a orelha. Espero que deixe de dar em cima de mim. Não quero correr o risco de Juliette um dia ouvir algum comentário que não goste.
Também quero que ela consulte outra psicóloga que não a Raquel.- Bom dia Sofia. Vamos trabalhar?
- Vamos doutor. Hoje tem muitos pacientes para consultar. Ontem tive que adiar as consultas todas.
- Pois foi. Espero não ter ninguém zangado comigo por isso.
- Aceitaram bem, não se preocupe.
Enquanto isso, Juliette descia com o Tomás ao colo.
- Madrinha, tem um bébé aqui com fominha. Bom dia.
- Bom dia amiga. Com foi a primeira noite aqui?
- Linda. Rodolffo ajudou-me a dar banho nele e o jantar também. Dormi pouco, mas foi de preocupação por este príncipe.
- Gosto de ver que está tudo bem.
- Alice! Pedi ao Rodolffo para ser pai do Tomás. Ele aceitou.
- Claro que ia aceitar. Ele é apaixonado por vocês.
- Pelo Tomás queres tu dizer?
- Juliette, não te faças de sonsa. Só um cego não vê. Por ele vocês já eram uma família a sério.
- Eu não vejo isso tudo.
- Pois não porque tens o coração fechado, mas ouve um conselho da tua amiga. Rodolffos há poucos, com dois ff só este. Não o deixes fugir. Dá-te ao prazer de provar a ti mesma que superaste e queres reagir. Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera como diz um fado dos nossos irmãos Tugas.
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Livre para sentir Saudade.
FanficSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.