Capítulo 23

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Rodolffo custou para adormecer e de manhã não queria acordar.   Queria ficar em casa mas o dever chama.

- Como foi ontem, doutor?

- Correu tudo bem, Alice.  Estás diante do mais recente pai desta cidade.  Fui convidado para ser pai do Tomás.

- Que bom doutor.  Finalmente a minha amiga está no caminho certo.

- Mas eu quero ser promovido a marido. - segredou ele.

- Vá na fé.  Eu tenho esperança que esse dia chegue.  Sente-se que vou servir o café.

Rodolffo comeu e voltou ao quarto para escovar os dentes.  De saída deu dois toques no quarto de Juliette.

- Entra.

- Vim despedir-me.  Queres alguma coisa, disse ele enquanto dava um beijo na criança.

- Não preciso de nada.

- Ele dormiu toda a noite?  Eu não o ouvi.

- Sim.   Portou-se lindamente.  Eu não dormi muito.  Estava com medo dele chorar.

- É normal nos primeiros dias.  Depois habituas-te.   Dorme agora mais um pouco.  A Alice já chegou.  Até logo.

- Até logo Rodolffo.   Hoje eu tinha consulta com a dra Raquel, mas não vou.  Avisas lá?

- Sim.  Eu cancelo a consulta, mas não faltes muito.

- Na próxima eu vou.

Rodolffo chegou à clínica e foi desmarcar a consulta com Raquel.  Não tinha que o fazer.  Deveria ter usado os métodos normais na recepção,  mas mesmo assim ele quis.

- Bom dia,  Raquel.  Só vim dizer que a Juliette hoje não vem.

- E porque ligou para ti e não para mim?

- Não sei.  Quis assim.

- Estás com olheiras.  Não dormiste?

- Pouco.  Ontem foi a minha primeira noite com o meu filho.

- Filho?  Não sabia que eras casado!

- E não sou, mas tenho um filho lindo.

- E a mãe?

- Está lá em casa também.

- Ok.  Percebo perfeitamente a noite mal dormida.

- Não percebes nada, Raquel.  Não passas o que eu passo, logo não percebes.

- É caso recente?

- Não.   É um caso de meses.  O meu filho vai fazer um ano.

- Entendi.  Felicidades para os três.

Saí do gabinete de Raquel com um sorriso de orelha a orelha.  Espero que deixe de dar em cima de mim.  Não quero correr o risco de Juliette um dia ouvir algum comentário que não goste.
Também quero que ela consulte outra psicóloga que não a Raquel.

- Bom dia Sofia.  Vamos trabalhar?

- Vamos doutor.  Hoje tem muitos pacientes para consultar.   Ontem tive que adiar as consultas todas.

- Pois foi.  Espero não ter ninguém zangado comigo por isso.

- Aceitaram bem, não se preocupe.

Enquanto isso, Juliette descia com o Tomás ao colo.

- Madrinha,  tem um bébé aqui com fominha.  Bom dia.

- Bom dia amiga.  Com foi a primeira noite aqui?

- Linda.  Rodolffo ajudou-me a dar banho nele e o jantar também.   Dormi pouco, mas foi de preocupação por este príncipe.

- Gosto de ver que está tudo bem.

- Alice!  Pedi ao Rodolffo para ser pai do Tomás.   Ele aceitou.

- Claro que ia aceitar.  Ele é apaixonado por vocês.

- Pelo Tomás queres tu dizer?

- Juliette,  não te faças de sonsa.  Só um cego não vê.  Por ele vocês já eram uma família a sério.

- Eu não vejo isso tudo.

- Pois não porque tens o coração fechado, mas ouve um conselho da tua amiga.  Rodolffos há poucos, com dois ff só este.  Não o deixes fugir. Dá-te ao prazer de provar a ti mesma que superaste e queres reagir.  Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera como diz um fado dos nossos irmãos Tugas.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora