Capítulo 25

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Rodolffo foi o primeiro a acordar.  Sentiu um peso em cima do peito, olhou e Juliette estava praticamente sobre ele.

A cabeça dela repousava no peito dele, o braço na cintura e uma das pernas cruzava com a dele.

Rodolffo sorriu satisfeito e deixou-se ficar imóvel.  Logo ela se mexeu e ele fechou os olhos fingindo dormir.

Juliette despertou.  A mão tocou no peito dele, levantou a cabeça e ao perceber a situação, levantou-se de repente ficando sentada na beira da cama.

Rodolffo sentiu ela afastar-se e fingiu acordar.

- Fica mais um pouco, - disse arrastando-se para o lado dela.

- Vou ver o Tomás, - respondeu ela com a respiração um pouco descontrolada.

- Estás bem?

- Estou.  Dormi muito.

- Não foi muito.  Menos de uma hora.

- Tive um sonho bom.

- Ai foi?  Queres contar-me?

- Não. Tenho vergonha.

- Vergonha de quê?  Eu estava no sonho.

- Estavas.  Nos outros também estavas, mas hoje foi muito diferente.   Não teve violência.

- Se te permitires ser amada, esses pesadelos vão desaparecer.  Vem cá deixa eu abraçar-te um pouco.

- Não.  Deixa assim.

- É só um abraço, Juliette.

Rodolffo sentou-se do lado dela e passou o braço pelos seus ombros, mas ela rápidamente se levantou e saiu do quarto.  Rodolffo levantou-se também e foi tomar um duche.

Durante o resto do final de semana não houve mais nenhum contacto físico entre eles.  Alice até tentou fazer tudo para os deixar a sós, mas Juliette deu o seu jeito de mostrar que não queria.

De volta,  deixaram Alice e entraram em casa.  Juliette foi logo tratar de Tomás enquanto Rodolffo guardava as bagagens.

O ar estava com alguma tensão.   Durante todo o dia de Domingo e agora no regresso, Juliette fechou-se novamente.  Rodolffo até teve esperança de que tudo fosse mudar, mas não.

Depois de colocar o filho para dormir, ela foi para a cozinha preparar o jantar.  Rodolffo apareceu por trás dela e abraçou-a.

- Não!  Larga-me.  O que estás a fazer?

- Foi só um abraço, Juliette.   Que tem de mal?

- Não quero.  Ouviste?  Não quero abraços nem intimidade nenhuma.

Rodolffo olhou nos olhos dela e não disse nada.  Saiu da cozinha, pegou na chave do carro e partiu.

Juliette terminou o jantar e depois de esperar por ele resolveu comer sózinha.  Quando decidiu ir dormir, ele ainda não tinha chegado.

Eram cerca das duas horas da madrugada quando ouviu a porta abrir. Ainda não tinha conseguido pregar olho.  Levantou-se vestiu o robe e foi encontrá-lo na cozinha a esquentar um prato de comida.

- Queres que eu esquente?

- Não.   Não quero.  Eu tenho mãos.

- Não precisas de ser grosso.

- Mas tu podes, né?  Eu não posso ser grosso, mas tu podes e ainda humilhar.

Juliette estava sentada em frente a ele.  O cheiro que ela sentia era de perfume de mulher.  Rodolffo tinha marcas de bâton no pescoço.

- Onde estiveste?  Com mulheres?

- Isso interessa-te?  Estive por aí.  E sim, estive com uma mulher.

Juliette permaneceu calada de olhar baixo.

<Depois de sair, Rodolffo conduziu sem destino até encontrar um bar aberto.  Sentou-se ao balcão,  pediu uma bebida e logo apareceu uma donzela à espera de dar o bote.

Conversa vem, conversa vai, um copo atrás de outro e logo estavam se atracando.  Saíram do bar e entraram no carro dele, mas num rasgo de lucidez, Rodolffo dispensou-a e voltou para casa.>

Não houve mais diálogo entre eles.  Juliette levantou-se, foi para o quarto e Rodolffo continuou a refeição.   Lavou o prato e foi deitar-se.





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