Rodolffo foi o primeiro a acordar. Sentiu um peso em cima do peito, olhou e Juliette estava praticamente sobre ele.
A cabeça dela repousava no peito dele, o braço na cintura e uma das pernas cruzava com a dele.
Rodolffo sorriu satisfeito e deixou-se ficar imóvel. Logo ela se mexeu e ele fechou os olhos fingindo dormir.
Juliette despertou. A mão tocou no peito dele, levantou a cabeça e ao perceber a situação, levantou-se de repente ficando sentada na beira da cama.
Rodolffo sentiu ela afastar-se e fingiu acordar.
- Fica mais um pouco, - disse arrastando-se para o lado dela.
- Vou ver o Tomás, - respondeu ela com a respiração um pouco descontrolada.
- Estás bem?
- Estou. Dormi muito.
- Não foi muito. Menos de uma hora.
- Tive um sonho bom.
- Ai foi? Queres contar-me?
- Não. Tenho vergonha.
- Vergonha de quê? Eu estava no sonho.
- Estavas. Nos outros também estavas, mas hoje foi muito diferente. Não teve violência.
- Se te permitires ser amada, esses pesadelos vão desaparecer. Vem cá deixa eu abraçar-te um pouco.
- Não. Deixa assim.
- É só um abraço, Juliette.
Rodolffo sentou-se do lado dela e passou o braço pelos seus ombros, mas ela rápidamente se levantou e saiu do quarto. Rodolffo levantou-se também e foi tomar um duche.
Durante o resto do final de semana não houve mais nenhum contacto físico entre eles. Alice até tentou fazer tudo para os deixar a sós, mas Juliette deu o seu jeito de mostrar que não queria.
De volta, deixaram Alice e entraram em casa. Juliette foi logo tratar de Tomás enquanto Rodolffo guardava as bagagens.
O ar estava com alguma tensão. Durante todo o dia de Domingo e agora no regresso, Juliette fechou-se novamente. Rodolffo até teve esperança de que tudo fosse mudar, mas não.
Depois de colocar o filho para dormir, ela foi para a cozinha preparar o jantar. Rodolffo apareceu por trás dela e abraçou-a.
- Não! Larga-me. O que estás a fazer?
- Foi só um abraço, Juliette. Que tem de mal?
- Não quero. Ouviste? Não quero abraços nem intimidade nenhuma.
Rodolffo olhou nos olhos dela e não disse nada. Saiu da cozinha, pegou na chave do carro e partiu.
Juliette terminou o jantar e depois de esperar por ele resolveu comer sózinha. Quando decidiu ir dormir, ele ainda não tinha chegado.
Eram cerca das duas horas da madrugada quando ouviu a porta abrir. Ainda não tinha conseguido pregar olho. Levantou-se vestiu o robe e foi encontrá-lo na cozinha a esquentar um prato de comida.
- Queres que eu esquente?
- Não. Não quero. Eu tenho mãos.
- Não precisas de ser grosso.
- Mas tu podes, né? Eu não posso ser grosso, mas tu podes e ainda humilhar.
Juliette estava sentada em frente a ele. O cheiro que ela sentia era de perfume de mulher. Rodolffo tinha marcas de bâton no pescoço.
- Onde estiveste? Com mulheres?
- Isso interessa-te? Estive por aí. E sim, estive com uma mulher.
Juliette permaneceu calada de olhar baixo.
<Depois de sair, Rodolffo conduziu sem destino até encontrar um bar aberto. Sentou-se ao balcão, pediu uma bebida e logo apareceu uma donzela à espera de dar o bote.
Conversa vem, conversa vai, um copo atrás de outro e logo estavam se atracando. Saíram do bar e entraram no carro dele, mas num rasgo de lucidez, Rodolffo dispensou-a e voltou para casa.>
Não houve mais diálogo entre eles. Juliette levantou-se, foi para o quarto e Rodolffo continuou a refeição. Lavou o prato e foi deitar-se.
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Livre para sentir Saudade.
FanficSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.