Capítulo 34

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Aos poucos Juliette foi-se libertando das más recordações.   Não que as tivesse esquecido, mas outras melhores vieram substituí-las.  Os sonhos por vezes ainda se faziam presentes, agora já não eram tão relevantes.

O julgamento de Júlio e os outros três estava marcado.  Juliette não precisou ir depor, mas disse que queria assistir à leitura da sentença.

- Tens a certeza,  amor?

- Sim.

Rodolffo não questionou e conversou com Alexandre sobre o assunto.

- E bom, Rodolffo.   Sinal de que ela está a superar.  Sabes que o Júlio fez uma petição ao juiz para ver o filho?

- Filho?  Que grande lata.  Se não fosse eu essa criança sabe-se lá onde estaria.

- É claro que o juiz não vai autorizar.
Aliás o pai oficial és tu.  Ele é só um progenitor.

Manhã de sexta feira no tribunal...

Advogado de Júlio.

- Senhor doutor Juiz, antes da leitura da sentença, podemos saber a resposta à petição do meu cliente?

- Sobre a visita ao suposto filho?

- Suposto não.   A criança é mesmo filho dele.

- Um filho que ele ia vender e ao qual nem se dignou registar e dar o nome.  A resposta é não.  A criança hoje vive com a mãe e um pai que esse sim é o seu pai de verdade.  Ao seu cliente resta apenas o papel de progenitor.
Agora passemos à leitura da sentença.

O senhor Júlio Tavares,  acusado de vários crimes de violência doméstica,  estupro, subtração de menor recém nascido e tentativa de homicídio na pessoa de sua companheira  é condenado a 35 anos de reclusão efectiva sem direito a recurso.

Os proprietários da casa de repouso, a senhora Rosa, acusada de violência  e associação criminosa, é condenada e 25 anos de reclusão efectiva sem direito a recurso.

A senhora Maria e esposo, senhor Artur, pelos crimes de associação criminosa, violência contra incapacitados, subtracção de recém nascido e estupro são condenados a 35 anos de reclusão efectiva sem recurso.

Juliette ao lado de Rodolffo estava satisfeita com a sentença.  Estes animais dificilmente saíriam vivos da prisão ou em condições de fazer mal a mais alguém.

Ao levarem os detidos,  passaram perto dela e puderam olhar-se nos olhos.  Juliette fazendo-se forte não desviou o olhar ao contrário de Júlio que depois de mirá-la baixou a cabeça.  Juliette achou-o bem diferente.  Magro, a barba grisalha e uma certa calvice.

Os outros três preferiram alguns insultos dirigidos a ela, mas que ela ignorou.

Juliette saiu dali abraçada a Rodolffo  com a certeza de que aquele dia seria um divisor de àguas.

- Estás bem, meu amor?

- Estou óptima.  Leve, como há muito não me sentia.

Trocaram um beijo e entraram no carro.  Juliette tinha uma entrevista num gabinete de design de moda e Rodolffo ofereceu-se para a levar.

No final foi aceite.  Poderia trabalhar  em casa e ir ali uma vez por semana.  Juliette aceitou.  Estava na hora de mudar o rumo dos acontecimentos.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora