Fiquei no corredor de um lado para o outro. Fui buscar um café e entretanto tive autorização para ir até o berçário.
A minha filhota já estava limpinha e vestida com a roupa escolhida pela mãe.- Enfermeira, se possível que ela esteja junto da mãe quando ela acordar. Se ela não a vir, vai surtar.
- Porquê? Ela vai acordar sonolenta. Levamos a bébé assim que ela despertar.
Saí dali e fui para o quarto onde haviam colocado Juliette. Ela dormia, mas o sono estava agitado. Sentei-me à cabeceira dela e comecei a mexer no telemóvel.
Após meia hora sinto ela despertar e começar a gritar.
- A minha filha, roubaram a minha filha, quero a minha Caetana.
- Calma, Juliette. A nossa filha já vem. Está lá no berçário.
- É mentira tua. Eles levaram-a.
Rodolffo apertou o botão que chamava a enfermeira que logo apareceu.
- Por favor, importa-se de trazer a nossa filha? A mãe está muito ansiosa para vê-la.
Juliette chorava e Rodolffo tentava acalmá-la. Logo apareceu a enfermeira com uma linda bébé que colocou nos braços dela.
- Vamos tentar que ela mame.
A enfermeira ajudou a posicionar a criança na mama e logo esta começou a sugar.
- Pronto. Depois é fazer igual no outro peito.
Juliette olhava Rodolffo e chorava. Este aproximou-se e afagou a cabeça da criança sem dizer nada.
Sentou-se na cadeira ao lado da cama e ficou em silêncio.
- Que foi, amor? Estás tão calado?
- Está tudo bem. Só estou a interiorizar o momento.
- Eu disse coisas feias. Desculpa-me.
- Não quero falar sobre isso agora. Este momento não merece que me estresse nem tu.
- Mas eu sei que estás aborrecido com isso.
- Estou, mas não quero discutir esses problemas agora. A nossa filha acabou de nascer e merece o melhor dos dois.
Juliette esteve internada durante 5 dias. Rodolffo não saiu de perto dela. Tentava ser o mais normal possível, mas não tinha como não sobressair ali a mágoazinha. O contacto dos dois limitava-se a um beijo na testa e um afago na cabeça.
Chegaram a casa. Alice tinha decorado a entrada com balões cor de rosa e Tomás estava eléctrico. Correu para se agarrar às pernas da mãe e Rodolffo pegou nele de imediato para que ela não corresse o risco de cair.
- Vem ao colo do papai para veres a mana.
Juliette sentou-se no sofá e Rodolffo ao lado dela com Tomás ao colo.
- Ela já pode brincar comigo?
- Ainda não. Ela agora só quer comer e dormir.
- E quando pode brincar?
- Quando crescer um bocadinho como tu.
- Isso demora muito.
- Não demora. Se a deixares dormir, ela cresce rápido.
- Vou levá-la para o quarto, diz Juliette.
- A Alice ajuda-te.
As duas saíram e Rodolffo ficou a ouvir Tomás contar que tinha começado a montar um puzzle e precisava da ajuda do pai. Foram os dois para o quarto dos brinquedos e lá estava o puzzle espalhado sobre a mesa.
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Livre para sentir Saudade.
Fiksi PenggemarSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.