Capítulo 40

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Fiquei no corredor de um lado para o outro.  Fui buscar um café e entretanto tive autorização para ir até o berçário.
A minha filhota já estava limpinha e vestida com a roupa escolhida pela mãe.

- Enfermeira, se possível que ela esteja junto da mãe quando ela acordar.   Se ela não a vir, vai surtar.

- Porquê?  Ela vai acordar sonolenta.  Levamos a bébé assim que ela despertar.

Saí dali e fui para o quarto onde haviam colocado Juliette.   Ela dormia, mas o sono estava agitado.  Sentei-me à cabeceira dela e comecei a mexer no telemóvel.

Após meia hora sinto ela despertar e começar a gritar.

- A minha filha, roubaram a minha filha, quero a minha Caetana.

- Calma, Juliette.   A nossa filha já vem.  Está lá no berçário.

- É mentira tua.  Eles levaram-a.

Rodolffo apertou o botão que chamava a enfermeira que logo apareceu.

- Por favor, importa-se de trazer a nossa filha?  A mãe está muito ansiosa para vê-la.

Juliette chorava e Rodolffo tentava acalmá-la.  Logo apareceu a enfermeira com uma linda bébé que colocou nos braços dela.

- Vamos tentar que ela mame.

A enfermeira ajudou a posicionar a criança na mama e logo esta começou a sugar.

- Pronto.  Depois é fazer igual no outro peito.

Juliette olhava Rodolffo e chorava.  Este aproximou-se e afagou a cabeça da criança sem dizer nada.

Sentou-se na cadeira ao lado da cama e ficou em silêncio.

- Que foi,  amor?  Estás tão calado?

- Está tudo bem.  Só estou a interiorizar o momento.

- Eu disse coisas feias.  Desculpa-me.

- Não quero falar sobre isso agora.  Este momento não merece que me estresse nem tu.

-  Mas eu sei que estás aborrecido com isso.

- Estou, mas não quero discutir esses problemas agora.  A nossa filha acabou de nascer e merece o melhor dos dois.

Juliette esteve internada durante 5 dias.  Rodolffo não saiu de perto dela.  Tentava ser o mais normal possível, mas não tinha como não sobressair ali a mágoazinha.  O contacto dos dois limitava-se a um beijo na testa e um afago na cabeça.

Chegaram a casa.  Alice tinha decorado a entrada com balões cor de rosa e Tomás estava eléctrico.  Correu para se agarrar às pernas da mãe e Rodolffo pegou nele de imediato para que ela não corresse o risco de cair.

- Vem ao colo do papai para veres a mana.

Juliette sentou-se no sofá e Rodolffo ao lado dela com Tomás ao colo.

- Ela já pode brincar comigo?

- Ainda não.   Ela agora só quer comer e dormir.

- E quando pode brincar?

- Quando crescer um bocadinho como tu.

- Isso demora muito.

- Não demora.  Se a deixares dormir, ela cresce rápido.

- Vou levá-la para o quarto, diz Juliette.

- A Alice ajuda-te.

As duas saíram e Rodolffo ficou a ouvir Tomás contar que tinha começado a montar um puzzle e precisava da ajuda do pai.  Foram os dois para o quarto dos brinquedos e lá estava o puzzle espalhado sobre a mesa.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora